Saudações!
A crônica de hoje conta sobre Gabriel. Alegre, engraçado, inteligente e, em certas ocasiões, explosivo. Tem oscilações de humor frequentes, quer gozar a vida com intensidade, sente que tem um mundo inteirinho para desbravar e conquistar. É certo também que, muitas vezes, “morre de preguiça” e deixa as conquistas todas para amanhã. Ama o celular, a internet, o PC e muita música. Come feito uma “draga” e deixa um lastro de energia por onde passa. Ou seja, um típico adolescente!
Gabs era muito curioso sobre a natureza humana e fenômenos sociais, tal qual sua mãe. E, apesar da pouca idade, versavam sobre temas profundos, conectando-se por meio do compartilhamento de suas emoções, inquietações, sonhos e aspirações.
Certa vez, Gabriel chegou em casa muito irritado. Mal cumprimentou a mãe e alegou cansaço e necessidade de estar só. A mãe, que o conhecia na palma da mão, percebeu que algo o incomodava. Desconversando e falando assuntos de perfumaria, percebeu pela respiração e expressões faciais que a calma começava a tomar conta daquele ser que tanto amava.
Com aquele jeitinho que as mães têm, foi se acercando novamente do cerne do aborrecimento, no intuito de compreender a situação cinza e transformá-la em um belo arco-íris, afinal, toda experiência de vida ensina. Bastava uma “luz” sobre a questão…
A contrariedade não era causada por nada grave. Mas a mãe sabia que era importante compreender que a percepção da gravidade, do impacto, do desconforto e até da dor não era a dela própria. E sim a de Gabriel.
Ele havia se irritado com um comentário. Comentou que sabia que a pessoa não teve intenção de magoar e que o amava, mas que mesmo assim, tinha se sentido bastante desconfortável e triste.
A mãe convidou-o para tomar um “refri” e se sentaram na cozinha, lugar preferido da casa para bater um papo.
“Filho, porque você ainda está segurando o fósforo? Por favor, solte o fósforo!”, ela disse, quebrando o confortável silêncio que desfrutavam…
Ele fez aquela expressão de “oi?” e respondeu: “- Ahã? Que fósforo véia?”.
Ambos riram e ela explicou. “-Cada vez que permitimos que alguém nos irrite é como se estivéssemos segurando um fósforo aceso. A irritação, o nervoso, o incômodo, são reais. Podemos então fazer duas coisas! Apagar o fósforo ou ficar segurando-o, o que significa se queimar e sentir dor!”
Ele ficou com um ar bastante pensativo, demonstrando refletir sobre a situação e ela prosseguiu…
“Apagar o fósforo é compreender que algo nos incomodou mas resolver a situação da melhor maneira que podemos naquele momento! Você poderia ter respondido que não gostou. Ficado em silêncio e conversar depois, quando estivesse mais calmo ou simplesmente, deixar pra lá porque não é importante! A intenção da pessoa conta muito! Não foi para magoar, certo? Escute o que vale a pena e o que não vale, descarte…
Ou você pode ficar segurando o fósforo, “ruminando” mentalmente o que aconteceu, imaginando mil coisas, ficando mais irritado ainda e mesmo sentindo a queimadura na pele, fica sustentando aquele fogo, aquela cena e aquela dor! Entende? E essa queimadura se chama mágoa. A mágoa deixa marcas profundas, muitas difíceis de curar.”
“Mãe! Isso é sensacional! Mas, tem gente que nasceu isqueiro, tá ligado?”
Eles riram e continuaram o bate-papo.
“-Sim, filho! Tem gente que tem o dom de nos “incendiar”. E fica ai mais uma dica! Que tipo de pessoa eu quero ter próxima a mim? E se não for possível se afastar, é momento de entender o que este “incêndio interior” quer contar sobre VOCÊ! Além disso, tem um jeito da gente não deixar nem os fósforos se acenderem, mas isso é papo para outro dia!”
Gabs, mais tranquilo, concordou. “- Tá certo mãe! É muita coisa para um “fedelho adolescente” absorver num dia! Vou praticar o arremesso de fósforos por enquanto!”
A mãe levantou-se e abraçou-o! “- #maeorgulhosa! Isso mesmo meu amor! Um passo de cada vez! É essencial pensar sobre as situações que vivemos! Nossas emoções são legítimas! Não adianta ficar fingindo que a raiva, a dor, a ira não existem em nós! A questão é como tratá-las! Agora “bora” fazer suas tarefas, que vou dar um jeito de transformar este papo em um texto bem “maneiro!”
E assim foi feito!
Amiga, apague seus fósforos! Jogue-os para bem longe! <3
Às vezes, essa pequena claridade é a única que ilumina o nosso caminhar! A intensidade da luz que o amor emana é infinitamente maior, como um sol de começo de manhã. Não queima, nutre a pele e alma!
Experimente trocar uma pela outra! <3
Beijos,
Dani