Uma falta global de Vitamina D está em curso atualmente. Para os estudiosos, mais da metade da população mundial está em deficiência dessa vitamina que é produzida pela pele após contato com a luz do sol (os raios UVB do sol penetram na pele e transformam moléculas de COLESTEROL subcutâneo em Vitamina D). Ao longo da ultima década saímos de uma vida ao ar livre para vivermos em ambientes confinados, seja pela procura pelo avanço tecnológico como pelo econômico ou pelas orientações médicas sobre os imensos perigos de nos expormos ao sol. Além disso, já citamos que o precursor da Vitamina D é o colesterol e muita gente não quer nem ouvir falar dele! Será que esse medo não acabou nos levando a um risco de saúde muito maior?
O que esta vitamina tem de tão especial? Ela nem é, na verdade, uma vitamina, mas sim um hormônio presente em mais de 3.000 genes, com receptores celulares (uma espécie de fechadura) em todos os órgãos do corpo humano.
Só em 2014 foram publicados mais de 4.000 trabalhos tendo como título Vitamina D ou no resumo no Pubmed – importante biblioteca de trabalhos científicos – mostrando que, além de ser fundamental para a saúde dos ossos, é um importante no sistema imunológico e uma “chave” que abre portas de milhares de diferentes processos biológicos fundamentais para a vida.
Por décadas, associações médicas ligadas ao tratamento e prevenção do câncer de pele, fizeram e fazem campanhas demonizando a exposição da pele à luz solar. A orientação ficou sendo evitar completamente o sol e, quando não possível, abusar dos protetores solares, que bloqueiam totalmente a produção de vitamina D. Resultado: a deficiência mundial desse hormônio, que observamos atualmente, embora ainda não existe nenhum estudo demonstrando que os filtros solares protejam contra o câncer do tipo melanoma. A confusão não pára aí. O Institute of Medicine dos EUA, responsável pelas recomendações diárias de nutrientes, diz que são necessárias 600 UI (unidades internacionais) por dia. No entanto, uma pessoa, com poucos minutos de exposição solar (15 – 20 minutos de sol, em horários entre as 10 da manhã e 16:00 horas) produz entre 10.000 – 20.000 UI. Será que a natureza se enganou ou há um erro crasso nesse cálculo de apenas 600 UI ao dia???
Em relação ao potencial da vitamina D, é importante salientar o que está sendo realizado atualmente no Brasil. Um neurologista que reside em São Paulo, Dr Cícero Galli Coimbra, receita aos seus pacientes de doenças autoimunes (notadamente Esclerose Múltipla, dentre outras) doses bem altas de Vitamina D com resultados no mínimo surpreendentes. Mesmo não sendo (ainda) reconhecido pelas principais associações da comunidade médica brasileira, o protocolo desenvolvido no Brasil desde 2002 é um enorme sucesso e atrai pacientes e profissionais do mundo
Pesquisadores querem criar um grupo interdisciplinar e avaliar resultados (e eles existem) de pacientes com distúrbios autoimunes de diferentes áreas: endocrinologia, reumatologia, oftalmologia, gastroenterologia, dermatologia. Todos tratados com vitamina D. Esperamos resultados importantes.
Na prática, os médicos de todas as áreas deveriam ser estimulados a dosar a vitamina D de seus pacientes e a repô-la. O SUS não a oferece, o que é uma lástima, porque a reposição da mesma teria um impacto enorme na saúde da população brasileira.
Alguns fatores dificultam às pessoas alcançarem níveis ótimos de vitamina D:
Cor da Pele: quanto mais escura, maior a dificuldade de absorção da radiação ultravioleta e conseqüente formação de vitamina D.
Obesidade: sendo solúvel em gordura, a vitamina D se dissolve nas gorduras principalmente subcutâneas (embaixo da pele) desviando-
se da circulação, como se houvesse sido seqüestrada. Portanto, indivíduos obesos necessitam de maiores doses de vitamina D.
Magreza excessiva: a falta de gordura faz com que não haja depósitos de vitamina D para vários dias.
Idade da Pele: os vovôs, produzem ¾ a menos de vitamina D que seus netos expostos ao sol.
Ângulo do sol, latitude, estação do ano, tempo e área do corpo sob o sol alteram níveis de vitamina D.
Resistênca genética: se houver histórico de familiares com doenças autoimunes, este pode ser seu caso.
Hábitos Confinados e uso de filtro solar.
E qual é afinal o nível ótimo? Aquele que levar seu paratormônio a nível adequado. Isso um endocrinologista atualizado saberá definir. Procure dosar seu nível de vitamina D e de seus familiares. Reponha adequadamente e evite inúmeras doenças, sobretudo no inverno, quando nossa exposição ao sol é menor ainda, ok?
Por Raquel Camargo