Para saber se você tem a FERRITINA no sangue alta ou baixa, é necessário fazer um exame laboratorial, e se puder adiar a realização do mesmo quando estiver gripado ou com alguma inflamação, é recomendado (ver o porquê mais adiante).
A ferritina é uma proteína de reserva do ferro localizada principalmente no fígado (também no baço, medula óssea e intestino). Está envolvida no transporte do Ferro, então, é natural que haja uma proporcionalidade entre ela e este mineral. O exame costuma ser solicitado juntamente com a dosagem de Ferro e do índice de saturação da transferrina para detectar e avaliar deficiência ou excesso de Ferro e a reserva deste no corpo, o que é interessante em gestantes por exemplo.
A deficiência de Ferro pode ser suspeitada através de um hemograma, o qual poderá apresentar redução da taxa de glóbulos vermelhos do sangue (hematócrito). Os sintomas são raros antes que a hemoglobina caia abaixo de certo nível e consistem em: fadiga crônica, fraqueza, tontura e dores de cabeça. Com a piora, o quadro se intensifica com falta de ar, sonolência e irritabilidade. Quando acentuada, a anemia pode causar dor torácica, dores nas pernas, choque (queda da pressão arterial) e insuficiência cardíaca. As crianças podem apresentar dificuldades de aprendizado.
Há o lado oposto do problema: o excesso de Ferro. Neste caso os sintomas pioram com o tempo.
São variados e decorrentes do depósito de Ferro nos tecidos: dores articulares, fadiga, falta de energia, dor abdominal, diminuição da libido e problemas cardíacos.
Para confirmar o excesso de Ferro, outros exames podem ser solicitados, além de um teste genético para hemocromatose hereditária. Nesta doença a absorção diária de Ferro a partir do intestino é maior que a quantidade necessária para repor o que é gasto ou perdido, e, sendo que o organismo não tem condições de aumentar a excreção de ferro, este excesso se acumula.
A Ferritina também pode estar aumentada em processos inflamatórios, infecções, doença hepática crônica, infecção crônica, obesidade e síndrome metabólica, artrites, distúrbios autoimunes e alguns tipos de câncer. Alcoólatras, hepatite C e hepatite autoimune, além do uso de substâncias tóxicas ao fígado.
Estados gripais, pneumonia, gastroenterite e até um resfriado a elevam rapidamente, podendo triplicar o valor normal sem haver aumento de Ferro. A Esteatose Hepática (acúmulo de gordura no fígado) é uma causa comum de ferritina elevada. Quando o Ferro se acumula em órgãos como fígado, coração, articulações e testículos nos homens, podem, ao longo do tempo, causar cirrose, insuficiência cardíaca, diabetes, dores articulares e disfunção sexual.
O consumo de gordura saturada e frutose (açúcar de frutas, refrigerantes, xaropde de milho, mel e alimentos industrializados) também elevam a ferritina.
Pesquisas recentes têm demonstrado a relação entre sobrecarga de ferro e acúmulo de radicais livres, levando a doenças degenerativas. Dentre elas, encontram-se aterosclerose (gordura nas artérias), diabetes, e Doença de Alzheimer. Há o risco de se desenvolver alguns tipos de câncer e acelerar o processo de envelhecimento. O risco para o desenvolvimento de diabetes pode ser 400% maior em pessoas com ferritina alta. Pacientes com pré-diabetes e excesso de ferro têm mortalidade aumentada (15%) em comparação com pacientes com ferritina normal. Quanto à saúde dos homens, quanto maiores os níveis de ferritina, menores os de testosterona.
Nem sempre há necessidade de restringir os alimentos ricos em ferro nem fazer sangrias desnecessárias. É indicada a repetição do exame, orientando o paciente a respeitar três dias sem ingestão de bebidas alcoólicas e não praticar exercícios intensos no dia anterior ao exame.
Como acontece com qualquer teste de sangue, o resultado é interpretado em conjunto com outros teste laboratoriais, exame físico do paciente, e história clínica para se estabelecer o diagnóstico e o tratamento. Então, no seu próximo check up, que tal olhar a ferritina???
Por Raquel Camargo