Saudações!
Hoje conto a história de Maria Rita, uma menina que não conhecia seu pai biológico.
A Escola João de Barro, amanheceu em festa! Bexigas e bandeirolas flamulantes saudavam as famílias para a comemoração do Dia dos Pais.
Maria Rita era aluna do quinto ano. Era uma menina alegre e de bem com a vida. No entanto, detestava o tal dia dos pais. Não por nada, como ela mesma dizia, mas vou comemorar o quê se nem conheço meu pai? Esse é o único defeito que existe na minha vida, ela dizia!
Ela tomou consciência deste “defeito’ no segundo ano. A professora solicitou uma cópia da certidão de nascimento das crianças para que pudessem conhecer sua própria história. Analisaram dados e fizeram uma bela moldura para cada certidão, cercada agora por pequenos desenhos de flores e nuvens. Cada aluno colou sua obra de arte na parede da sala. Como era muito curiosa, foi ver os desenhos dos colegas e rir dos nomes engraçados dos avós e dos escrivãos que apareciam em algumas delas. Foi ai que reparou que somente na dela estava escrito assim: “Foi declarante a mãe”. Depois, “pai biológico desconhecido”.
Quando chegou em casa, perguntou à genitora o porquê daquela diferença e ai sentiu, pela primeira vez, o peso de não ter um pai biológico “conhecido”. Porque pai ela tinha. O avô fazia o papel com maior amor do mundo.
Ficou triste, mas resignou-se. Fazer o quê?
Nos anos seguintes, ia a festa dos pais obrigada. A mãe fazia questão que ela fosse homenagear o avô. E lá estava ela, de novo, para aquele mico sem fim.
Na semana anterior, tinha tomado coragem e compartilhou sua história com a melhor amiga, Pietra. A amiga a abraçou e falou que “nada haver”. Que pai é quem cria com amor e presença. Aquelas palavras tocaram fundo no coração de Maria Rita, mas mesmo assim, ela ainda achava um mico e algo desnecessário…
Eram 10 horas da manhã e ouviram o sinal da escola tocar. Já sabiam que deveriam se dirigir ao salão da escola para o início das festividades. Cada turma cantou uma música e depois Pietra foi chamada ao palco para proferir um pequeno discurso aos presentes. Depois da fala, cantariam mais uma música juntos e cada criança colocaria um coração no pescoço de seu pai para finalizar a homenagem.
Pietra saudou a todos e iniciou sua fala: “Sejam todos bem vindos e bem vindas a Escola João de Barros para as comemorações do dia dos Pais! Fiquei muito feliz de ser convidada a escrever este pequeno texto de homenagem e confesso que estou tremendo de medo!”
Todos riram e ela continuou: “Hoje é dia de saudar aqueles que nos amam incondicionalmente! De falar de amor com aqueles que são o amor manifesto em ações nas nossas vidas! Dia de agradecer por tanto zelo e carinho! E, no entanto, tem um pai aqui que não foi lembrado e ainda não foi homenageado! ”
Nesta hora, Maria Rita achou que ia desmaiar! Como Pietra ia contar o segredo dela PRA TODO MUNDO! Que tipo de amiga era aquela? Pensou em sair correndo, mas ficou paralisada, em estado de choque!
Pietra sorriu e continuou: “Existe um Pai Amoroso, que mandou seu próprio filho ao mundo para nos salvar, tamanho o seu amor por nós! Este Pai é Deus e merece todas as homenagens no dia de hoje! Aliás, todos os dias são dia do PAI! Perdoem-me aqueles que professam crenças diferentes das minhas, mas para mim, é impossível falar dos pais sem falar do Pai Maior!”
Ela continuou: “Peço a este mesmo Pai Maior que continue abençoando a cada um dos presentes nesta sala e em especial aos nossos paizinhos. Vocês que são nossos companheiros de jornada, nossos amigos de aventuras, nossos professores de futebol, bicicleta e bagunça. Vocês que nos defendem dos monstros que querem sair dos armários no meio da madrugada e que nos ensinam o valor do trabalho, da família e da honestidade. Vocês que são, muitas vezes, meio desajeitados e que nos fazem rir! Vocês que, às vezes acham que preferimos à mamãe!” Nesta hora todos riem, menos Maria Rita que está se debulhando em lágrimas!
Ela está emocionada com as palavras da amiga. No seu coração a palavra PAI e AMIGA soam alternadamente. Seu batimento cardíaco “tum-tá-tum-tá” foi para “pai-amiga-pai-amiga”. Ela ERA MESMO SUA AMIGA! Não contou nada pra ninguém! Como ela pode ter pensado aquilo! Ela TINHA MESMO UM PAI! Porque o avô era tudo aquilo que Pietra falava e muito mais! E claro, a VIDA DELA NÂO TINHA DEFEITO!!! A ausência do pai biológico foi apenas um fato. Triste sim, mas para ele. Ele que tinha perdido de conviver com a filha!
Pietra prosseguiu: “Pais, a gente não prefere às mamães tá? Vocês têm o mesmo espaço no nosso coração! Vocês são os nossos verdadeiros heróis!
E essa era a deixa que as demais crianças esperavam. Todos se levantaram e cantaram a música “Pai herói” do cantor Fábio Júnior. Uma música clichê e, para alguns, démodé, mas que sempre emocionava aos pais, por falar ao coração. E para finalizar, cada qual foi entregar seu coração ao papai.
Maria Rita saiu correndo no meio do salão, colocou o coração no avô e gritou que ele era o meu pai do mundo! O melhor “paivô” ever!
Depois, Maria Rita foi apresentar o avô aos amigos. Ao encontrar Pietra, abraçou-a tão forte que achou que fosse “quebrar” a amiga ao meio! Pietra e Maria Rita riram às gargalhadas daquele abraço “potente” e combinaram de brincar mais tarde. Aquela simplicidade mágica dos relacionamentos infantis que nos ensinam como devemos ser.
Fim? Não! Porque a vida, continua…
Desejo a todos aqueles que exercem, pelo vínculo amoroso e afetivo, o papel de pai, um dia feliz, pleno e muito alegre!
Pai não é quem faz, pai é quem cria. Fazer, qualquer um faz, criar com amor, é para os especiais! <3
Beijos,
Dani
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