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Arquivo pessoal da autora
Arquivo pessoal da autora| Foto:

Escrever é um negócio engraçado… Quanto mais se escreve mais se tem sobre o que escrever. E as ideias parecem crianças em sala de aula. Umas são serenas e doces, outras são serelepes e agitadas e algumas, poucas, são silenciosas e se comunicam pelo mundo dos sentidos. São ideias que te olham profundamente, que tocam profundamente seu coração, que te abraçam, ora pedindo voz, ora pedindo colo. Confesso que tenho certa dificuldade de lidar com estas. Um certo medo até… Sei que elas vão exigir muito de mim. Vão fazer com que eu revire meu mundo interior, encontre a minha verdade, revogue a toda e qualquer omissão e que me entregue junto com ela ao mundo, em formato de texto. E sério, nem sempre é fácil desnudar-se letra a letra.

Às vezes, temo pela falta de compreensão do outro. Outras, por estar errada nas minhas proposições. Mas ainda assim escrevo. Escrevo com intenção da partilha. Se você concordar comigo, conte-me. Se não concordar, conte-me também. Quero continuar aprendendo a minha vida inteira!

A ideia silenciosa que me moveu fala dos homens. E de como venho me relacionando com este universo. Sou feminista, alguém que luta pela igualdade de direitos, deveres e oportunidades entre homens e mulheres. Abomino a violência contra mulher, o estupro e atos de feminicídio. Meu corpo é sagrado e minhas escolhas também.

Mas essa realidade sobre o universo feminino vem fazendo brotar um discurso de ódio e discriminação em relação ao homem. O “culpado” de toda esta merda ai. E isso é misandria! Que homem é esse? Existe sim esse tipo de sujeito vil e desprezível, mas que não representa o todo! São milhares em meio à milhões! E esta fala de ódio tem colocado todos no mesmo saco! E é fácil de se contaminar com isso! Quantas vezes me peguei dizendo a mim mesma: “homem não presta!”

Toda generalização é burra! É cega! É excludente! Tenho olhado ao meu redor e visto uns homens “da hora”, que são o inverso de tudo isso. São companheiros pra vida!

Fiquei analisando as páginas de face, os blogs e publicações que se referem aos homens e muitas são assim, generalistas e destrutivas. E sério! Como vamos construir em cima de destruição? Diminuir o outro para se engrandecer? Clamar por igualdade em cima de desigualdade? Falar de amor em cima de ódio? Essa desqualificação toda que estamos praticando tem ser repensada e dirigida a quem de direito. Não é justo o que estamos fazendo!

E refletindo sobre tudo isso, senti que amo os homens! Profundamente! E sou amada por eles! Uma experiência surreal de troca que não tem nada haver com toda essa meleca! Meu pai é um homem atencioso, que cuida de mim até hoje! Meu marido é um baita companheiro, que está comigo na chuva ou no sol, na tristeza e na alegria mesmo! Meu filho é um adolescente amoroso, divertido e inteligente. Um super parceiro! Meus sobrinhos e afilhados são meninos carinhosos e arteiros. Uns piás que jogam bola e marcam gols no meu coração a cada abraço que me dão. Eles amam, acertam, erram como todo ser humano do planeta. Nem mais, nem menos!

Arquivo pessoal da autora

Os homens são práticos, engraçados, objetivos, determinados, fortes e protetores. Tem uma camaradagem entre si que é invejável! Sei também que, as vezes, são lentos. Distraídos. Imaturos. Ausentes. Preguiçosos. Ciumentos. Dependentes. Mas são nossos! Nossos filhos, maridos, namorados, noivos, crushs, pais e podemos dar a mão a cada um deles para ajudá-los nesta caminhada. Falar sobre tudo isso, mostrar nossa visão de mundo, dialogar, entender o que os move e como se sentem. (Inclusive super recomendo o documentário “The Mask you Live in”. Tem no Netflix).

De que adianta sairmos correndo do jeito que estamos e “chegarmos lá” sozinhas? Nós podemos nos abraçar e comemorar, mas te afirmo: eles farão falta.

Daí a Cesar o que é de Cesar e a Roma o que é de Roma! Vamos dialogar sobre tudo isso com a mente e o coração abertos, acolher nossos homens e dar-lhes o valor e o reconhecimento que eles merecem, assim como queremos que o mundo faça conosco.

E acredite, eles podem nos ajudar nesta reconstrução de um mundo mais ético e justo! Mulheres e homens educam homens! Mulheres e homens educam mulheres! Se eles estiverem conosco nessa, poderemos mais e mais rápido!

Por Dani Lourenço

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