(crédito: malloreigh via Vsual hunt)
E é aí que eu quero chegar, em tempos estranhos como esses, em que o ser mulher é ter a aparência mais valorizada do que competência, o cabelo se torna uma ferramenta de resistência.
“Letícia! Tá querendo dizer que eu tenho que parar de pintar o cabelo?”
Na verdade, só quero te fazer pensar. O que você faz hoje no seu cabelo, e no seu visual, é realmente porque você gosta e te faz feliz? Ou há pressões externas que te fazem sucumbir a sua verdadeira vontade?
Nas revistas lemos frequentemente que certos cortes e cores são incompatíveis. Na televisão, aprendemos que devemos ser magras, loiras de cabelos longos e lisos.
E agora, retorno ao questionamento inicial.
– “Porque ela raspou a cabeça?”
– Porque ela quis.
Ela quis e ponto. Ninguém questiona um homem quando ele corta o cabelo, por qual motivo então iríamos indagar uma mulher? Por ela estar fora dos padrões, e a distância dessa linha padronizada parece autorizar a sociedade a emitir opiniões.
Cabelo cacheado não tem nada de errado. Cabelo armado não precisa ficar preso. Cabelos brancos não precisam ser coloridos. Cabeças raspadas não precisam ter um por quê.
Aliás, nada sobre sua aparência precisa ter explicação. Simplesmente porque a única pessoa que de fato importa nisso tudo, é você mesma.
E em meio a tantas imposições não tem nada mais ousado do que a autenticidade.