Era uma vez um vilarejo lindo! Casinhas pitorescas e multicoloridas, com paredes florais, praças ensolaradas e o principal, uma população muito feliz. Viviam uma vida tranquila, típica das cidades pequenas, onde até o tempo parecia escoar mais lento para apreciar a paz que aquele local emanava.
A vida ia seguindo ritmada e serena até que um estranho fenômeno se deu…
Sabem aquelas mudanças que acontecem sem que a gente se dê conta? Aquelas que chegam mansas mas que viram tudo de cabeça para baixo? Então! Foi mais ou menos assim que se deu…
Alguns atribuem o começo de toda esta situação ao destino, mas há que diga que tudo nasceu de uma brincadeira infantil! Alguém já ouviu falar em “Seguir o mestre”?
Um dia ao acaso, uma jovem mulher encantou-se com os folguedos da filha e chamou suas amigas para brincar… O que foi estranho não foi a farra que fizeram, mas sim que naquela tarde todas pintaram seus cabelos de azul piscina.
Como os virais da internet da nossa sociedade, em poucas horas todas as mulheres da vila, “azularam”.
Novos episódios “homólogos” se sucederam… As casas passaram a ser todas brancas, foram destruídos os discos de valsas, os carros foram “aposentados”, o único esporte possível de ser praticado era o futebol, os gatos foram todos substituídos por cachorros, os vestidos eram todos cor-de-rosa, o brinquedo das meninas eram bonecas de cabelos azulados e mais um sem fim de similitudes…
Pode-se dizer que a “paridade” fez daquele lugar o seu novo lar.
E, misteriosamente, a alegria e paz foram rareando naquelas almas. Doía o coração da pintora de paredes ver suas obras de coloridas “embranquecerem”. Suas lindas flores pintadas uma a uma se foram e seus ouvidos sentiam saudades das valsas.
Muitos pranteavam a partida de seus gatinhos e de nada adiantava os cachorrinhos que tentavam ocupar os seus lugares. Muitos passavam pelas quadras de basquete com aperto no coração. Os meninos e meninas lembravam dos brinquedos que haviam brincado um dia.
Tudo era muito igual… tristemente igual… Aquela brincadeira tinha acabado mal… Muito mal…
O ancião chefe do vilarejo se preocupou. Convocou reunião imediata com os conselheiros.
A situação foi discutida em detalhes e uma decisão inédita se sucedeu. Iriam convocar a Sacerdotisa do Lago. Ela só era chamada em casos de extrema necessidade e perigo, como o caso em questão suscitava.
Assim se fez. A chegada dela foi um acontecimento! A população foi às ruas para recebê-la e saudá-la.
De imediato, nada de novo se assucedeu. Nos dias que se passaram, a Sacerdotisa do Lago foi apenas conversando com os moradores. Ia à casa de uns, ao trabalho de outros e se encontrava com alguns na praça.
Aqueles que esperavam um grande feitiço, sentiram-se desesperançosos… Afinal, tudo continuava igual, tristemente igual.
A grande reviravolta dessa história se deu em um dia muito quente e ensolarado. Todos foram convocados por ela a comparecerem à Praça Central.
Um a um, todos foram chegando para atender à convocação e sentiam-se ansiosos pelo que ia acontecer. Teria ela a cura para aquela tristeza?
Os minutos pareciam se arrastar e nada de novidades. Nem pronunciamentos, nem feitiços, nem magia, nem nada…
Tudo continuava igual, tristemente igual.
Foi na hora que uma leve garoa chegou, que tudo se modificou! Um lindo arco-íris se fez no meio da praça e finalmente ela se pronunciou:
–Amado povo meu! Olhem para a beleza desse arco-íris! Sete cores diferentes que se unem para compor o mais belo e mágico espetáculo da natureza! Ao abrir mão da singularidade que os definia, vocês abriram mão da alegria em seus corações! Somos diferentes e estas diferenças nos complementam! O único mestre que devemos seguir é o nosso coração!
Um grande burburinho se fez , eles compreenderam e num grande abraço coletivo, agradeceram pela lição!
E dias melhores e coloridos se anunciaram para o vilarejo do Arco-íris!
Por Danielle Lourenço