Não foram poucas as vezes que li, em livros de consultoria de estilo e revistas, o quão negativo é sair “parecendo manequim de loja”. A afirmação sempre vem acompanhada de dicas sobre estilo pessoal, e sobre como é mais interessante vestir-se com personalidade ao invés de mergulhar em tendências.
Com o passar dos anos, concluí que a frase certamente foi escrita por alguém que ainda não teve contato com um bom manequim de loja. Compreensível. Visto que mais de 90% dos manequins de loja são ruins. E não, não é uma “questão de gosto”.
Produzir e avaliar um manequim de loja exige informação e técnica: coerência com a identidade e público, com o tempo lá fora, com as tendências da estação, cartela de cores, ocasião, coordenação de materiais e coordenação dos manequins entre si (quando mais de um) são apenas alguns dos fatores que fazem uma vitrine funcionar ou não.
Com tantas “modas” espalhadas por aí, boas vitrines não preocupam-se apenas com a exposição de tendências. Consequentemente, não criam visuais que resumem-se a um amontoado delas. Para posicionar uma marca e fazer frente aos concorrentes, muitas vezes com produtos esteticamente similares, o look do manequim precisa trazer algo a mais: a função do styling é prestar uma consultoria de moda silenciosa à cliente, sugerindo e explorando novas formas de uso; e sua consequência é que, sim, a cliente deseje reproduzir o que viu na vitrine em seu dia a dia (e, do ponto de vista comercial, compre o visual inteiro).
Mesmo sem notar, consumidores de moda escolhem e preferem marcas que mostram imagens que podem vesti-lo de verdade, combinações de peças com as quais ele se identifica e que o inspiram até mesmo a repaginar algo que já tem no armário. Do outro lado, empresários e gestores do varejo de moda devem preocupar-se em oferecer exposições que façam seus clientes contrariarem a máxima que abre esse texto.
Esqueça as vitrines com cartelas de cores limitadas e com aquela mesma estampa na saia de uma e no vestido de outra. Quando não for possível contar com um profissional especializado para editar os visuais da vitrine, reserve um tempo para estudar, planejar e executar com carinho cada um dos manequins. A próxima vez que eu passar por aí, quero sentir vontade de sair parecendo o manequim da sua loja.
• Falando nisso… Nos dias 03 e 10 de junho ministro um curso de extensão em Visual Merchandising na Universidade Tuiuti do Paraná. Em dois sábados, vou dividir minhas experiências no mercado de Moda, de pequena empresa à grandes redes de varejo, e abordar técnicas e processos de visual merchandising que podem ser aplicados a diferentes modelos de empresa de Moda (do ateliê às lojas de shopping). O curso é aberto não alunos da instituição e as inscrições são realizadas através desse link. Espero vocês lá!
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