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Somos o arqueiro de nossa história e de nosso destino. Podemos viver céu ou viver inferno – é só questão de escolha. Uma historinha ilustra bem:

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“Dois anjos, ainda iniciantes, tinham a missão de fazer todos os dias o bem para algum ser humano. Mas aconteceu de um determinado dia estar muito calmo e equilibrado, como se o mal estivesse de folga. Já havia chegado o entardecer. Então um deles, ao ver dois camponeses andando pelo mato, teve uma ideia e falou para o amigo anjo:

– Vamos dar quinze minutos de poder para esses dois homens. Tudo que eles falarem se tornará realidade.

O outro anjo concordou , embora um pouco receoso de ser punido pelo anjo chefe e assim, ao passarem pelos dois camponeses, lançaram o encantamento.

Logo depois, os dois homens se despediram e cada um deles seguiu para a sua casa. O primeiro passou por sua plantação de trigo e ao ver os pássaros se alimentando, disse:

– Bem que essa plantação poderia secar para que esses pássaros morram de fome e parem de atacar meu trigo.

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Como num passe de mágica, a plantação ficou toda seca e dezenas de pássaros caíram mortos. Ele esfregou os olhos, sem acreditar no que estava acontecendo, e continuou a andar. Tropeçou então numa galinha e, com raiva, disse:

– Galinha desgraçada que vive fugindo do galinheiro. Podia morrer logo, para não me dar mais trabalho.

A galinha caiu morta imediatamente e o camponês ficou muito assustado, saindo em disparada para a sua casa. Ao chegar ao pequeno casebre, deparou-se com a maçaneta emperrada. Tentou forçá-la, e o sino da porta caiu em sua cabeça. Com raiva, ele disse:

– Maldita casa velha, bem que podia desabar logo.

Em poucos segundos a casa desabou por completo.

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Enquanto isso, o outro camponês, caminhando para a sua casa, passou pela horta, viu os pássaros em volta e disse:

– Antes de ser atacada, bem que minha plantação podia crescer logo e ficar bem bonita.

Ele mal acreditou no que viu. Num piscar de olhos, legumes e verduras imensos apareceram por toda parte. Ele andou mais um pouco, tropeçou numa galinha e disse:

– Coitadinha! Ainda vou ter um galinheiro bem seguro e farto para as galinhas não terem que sair por aí à cata de comida.

Imediatamente surgiu à sua frente um galinheiro imenso repleto de ração para as galinhas. Ele não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Andou um pouco mais e, ao chegar à porta de sua casa a tranca emperrou, e ele disse:

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– Ainda vou ter uma casa bem bonita para dar muito conforto à minha família.

Como num passe de mágica, a casa se transformou numa bela mansão. Um grande sentimento de alegria tomou conta dele e, antes que pudesse chamar a família para comemorar, chegou seu amigo desesperado, contando todas as desgraças que lhe tinham acontecido.

Os anjos assistiram a tudo atônitos e voaram para contar ao anjo chefe, temerosos de serem punidos. Para surpresa deles, o anjo chefe gostou muito da ideia e resolveu instituí-la em definitivo na Terra. A partir de então todo ser humano passaria a ter em sua vida quinze minutos de pronunciamentos milagrosos mas com um detalhe – nunca saberia quando suas palavras teriam esse efeito.”

Apesar de fictícia, a história deveria ser trazida à realidade de cada um de nós. Se observarmos a maneira de falar e agir das pessoas à nossa volta, constataremos que suas vidas são um retrato de seus pensamentos.

No mundo não existem pessoas sem fé, ainda que separada de uma religião. Todos têm fé, acreditam em algo, têm sua parcela para administrar. O que faz a diferença, o que move as pessoas a construir destinos diferentes é a direção, o objetivo, a qualidade com que cada um se propõe a alcançar sua meta, através de sua fé. Se nós, seres humanos, movêssemos um milímetro a direção de nossa fé para dentro de nós mesmos, moveríamos montanhas. Na Bíblia está claro este preceito só que, mal interpretado, nos leva sempre a solicitar a ajuda do mundo externo. O drama maior é que construímos nossa psique e nossas ações com pensamentos destrutivos e medrosos, cheios de culpas pelos erros, sem perceber que se erramos é porque tentamos acertar. Não nos é incutido o ‘acreditar em nós mesmos’– sempre tudo que nos acontece deve ser creditado ao externo e ele nos dará a direção de nossas vidas…

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Para haver mudanças será necessária uma preparação, uma nova orientação, uma subversão do processo, educando indivíduo a indivíduo, abrindo-o para uma nova visão, para um novo paradigma existencial e transgredindo a ordem do ser, mostrando que o que pode nos curar não está lá fora e sim dentro de cada um – fazendo valer o preceito de que o mundo é segundo nossa forma de pensar e agir, transmutando o ser vítima de um destino traçado por um mundo externo em um ser dependente apenas de si mesmo. Mas isso não é ‘depender’, isso é se governar, é assumir o leme da própria existência, é retornar à própria integridade, é curar-se a si mesmo curando o mundo para sempre.

Nossos pensamentos destrutivos são as piores armas de que dispomos. É com eles que empunhamos as armas reais –guerras, preconceitos, discriminação etc., pois os pensamentos são sempre criadores, em qualquer nível. Se penso, acredito, logo, coloco em ação, e os eventos serão como determinarmos.

Se nos observarmos veremos que quando saímos de casa nervosos ou chateados, sempre encontramos algo desagradável. Ao contrário, se saímos bem, tranquilos, tudo flui naturalmente. Se mudarmos nossa forma de agir e pensar o mundo ao nosso redor, os eventos mudarão também, pois somos os donos das vibrações que queremos para nós.

A palavra ‘abracadabra’ tão usada pelos mágicos para materializar seus ilusionismos é uma expressão hebraica que significa – ‘eu acredito no que falo’ – consequentemente, no que penso. A sabedoria milenar sempre nos ensinou estas verdades mas elas foram sendo pervertidas, como uma forma de dominação.

Por não dominarmos nossa forma destrutiva de pensar, criamos as fomes/misérias/guerras/perseguições religiosas, que nada mais são que situações obscuramente desejadas, porém camufladas por máscaras de benevolência usadas pelo homem, que corrompeu seu verdadeiro eu, que desconhece o poder de seu pensamento, que ignora o fundamento básico de que para poder governar o mundo deve antes aprender a governar-se a si mesmo.

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O ser humano deve aprender a controlar e melhorar a qualidade de seus pensamentos e ações. Deve fazer uma varredura no seu sótão entulhado de pertences podres, elevando-se a si mesmo, através do trabalho e do estudo, entendendo que todos os fenômenos externos são o espelho de seu estado interno, de suas ações e atitudes ; enquanto se deixar governar pelas circunstâncias externas será incapaz de compreender os porquês das violências do mundo.

Para que isso seja possível, devemos despertar do nosso sono hipnótico, deixando de tatear as sombras do mundo, esquecendo de todas as mentiras em que acreditamos e aceitando o fato de que o destino é traçado a partir do nosso projeto, dos nossos pensamentos, daquilo que desejamos, sonhamos e escolhemos. Céu? Inferno? A escolha é de cada um, pois um e outro derivam de nossa própria criação.

Por Pedra Bucci