Do meu primeiro mês como estudante de moda até hoje, ouço o velho questionamento sobre certas peças e composições de desfiles e revistas: “Como eu vou usar isso”? Com o passar desses (dez!) anos, muita coisa mudou na forma de informar e apresentar moda e, consequentemente, na maneira como as pessoas recebem essas informações.
Há quem prefira buscar ideias sobre o que e como vestir em fontes que trazem imagens mais palpáveis. Porém, campanhas de moda e editoriais com styling ousado e que foge do que vemos com facilidade nas ruas, são fontes de inspiração que valem a pena serem “lidas”. Essas imagens costumam resumir tendências (para agora e para o futuro) e conceitos capazes de aguçar a criatividade, e por não parecerem usáveis à primeira vista exigem um olhar mais atento. É dessa observação que captamos ideias de moda que vão além do óbvio.
Pare para reparar naquela campanha nonsense que parece ter sido feira para habitantes de outro planeta. Olhe os detalhes, as combinações de texturas e cores, a luz, o enquadramento, a relação entre os personagens e cenário… Visuais com misturas exageradas de estilo não estão lá para serem copiados de maneira literal, e modelos sem sutiã não propõe que saia assim de casa. Interprete o tailleur clássico com gola alta usado com rasteira de corda bordada com elementos rústicos como uma possibilidade de combinar acessórios artesanais com blazer; e aquela sobreposição com quatro ou cinco peças de alturas diferentes como um incentivo para experimentar um comprimento novo. Na prática, ao encontrar uma “esquisitice fashion” que lhe chama a atenção por algum motivo, pergunte-se “Como eu posso usar isso?” com a mente aberta para interpretar e traduzir a sua maneira.
Revistas e campanhas atuais não estão apostando em “esquisitices” por acaso: elas assumem o papel de conduzir o olhar para a mensagem, e não para as peças em si. Dessa forma, é possível encontrar no que já temos uma maneira criativa de expressar, através da roupa, o discurso com o qual nos identificamos. O resultado são looks com mais personalidade, construídos a partir de uma ideia e não de uma peça em si. Construção essa que vai ao encontro de uma maneira mais consciente de consumir sem deixar a moda de lado.
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