Neste texto vou falar sobre alienação parental. Em novembro de 1988, em entrevista para a jornalista Nilza Maria Zayokowwisk,do suplemento Viver Bem, Gazeta do Povo, matéria “ Crianças no centro do divórcio”, opinei sobre as dificuldades nas separações, quando os filhos são usados como moeda de troca e foquei que acreditava ser necessário que as Varas de Família deveriam manter profissionais especializados, Psicólogos, para trabalhar as separações litigiosas.
Hoje fala-se muito em alienação parental que é o uso dos filhos, para magoar e vingar-se do cônjuge, como forma de romper laços afetivos e denegrir a imagem do outro.
As separações muitas vezes são traumáticas, pois um toma a decisão de rompimento do contrato e se ambos não forem adultos para esta decisão, forma-se aí um caos, ego ferido capaz de vinganças mórbidas, doentes, com pressões e agressividade aflorada e no meio da confusão os filhos, seres indefesos e assustados que neste momento estão sofrendo a desagregação de sua família, a estabilidade abalada.
Me vem a lembrança de um caso que me veio encaminhado por um Delegado de Polícia, em que a mãe foi fazer uma queixa do marido por abuso sexual com a filha de 8 anos, e ele provavelmente com sua experiência de policial sentiu que algo não se encaixava. Nas avaliações, entrevistas com os genitores e com a criança, ficou claro que a mãe estava induzindo a filha a acusar o pai, ela mãe, não aceitava a separação. Assusta, assusta sim, mas assusta mais a capacidade de jogar do ser humano.
Podemos assistir estes jogos muitas vezes de forma subliminar, onde vai se minando aos poucos, com consequências drásticas para os filhos que passam a viver sobre a tortura de não saber em quem podem confiar.
Para os filhos estas marcas deixam consequências sérias em seu desenvolvimento e podem alterar todo seu processo de crescimento e amadurecimento. Podem desenvolver sintomas de agressividade, timidez excessiva, transtornos alimentares, baixo rendimento escolar e até mesmo voltarem-se para as drogas, como forma de fugir de uma realidade estressante.
Pais que agem sem amadurecimento para romper a relação de casal e usam destes argumentos para magoar, usam a vingança de extrema perversidade como forma de não aceitar o abandono e esquecem que a pessoa que estão a denegrir um dia escolheram por amor para formar uma família.
Por Pedra Bucci