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Fonte: Visual Hunt
Fonte: Visual Hunt| Foto:

Roberta era uma menina de pouco mais de 6 anos que adorava brincar no jardim de sua residência.

Acordava cedo e logo após o desjejum matinal, saia para brincar entre as flores, a grama, a areia e o sol.

O jardim era o palco de grandes aventuras, onde nossa amada menina se transformava em uma valente princesa que desbravava florestas em busca de tesouros escondidos, muitas vezes enfrentando perigos, como furiosos dragões e perversos ladrões.

E foi numa dessas manhãs aventureiras que Roberta encontrou uma joia preciosa, delicadamente incrustada nos primeiros galhos de uma árvore: uma lagarta.

Fonte: Visual Hunt

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Ao avistar aquele “ser” não identificado, tão estranho e frágil, ela examinou-o com cuidado e talvez, por não reconhecer de imediato aquele pedacinho de vida, saiu, aos berros, em busca da mãe, procurando ajuda e orientação.

Ao analisar a descoberta, a mãe, superanimada, explicou a Roberta sobre o lindo processo de metamorfose das lagartas às borboletas. Ela arregalou os olhos e exclamou: “EU VOU SER AMIGA DE UMA BORBOLETA?”

A mãe, cautelosa, explicou que, por hora, ela seria amiga da lagarta e que deveria cuidar para que nem o vento, nem a chuva ou ainda, um outro inseto guloso, pudessem atrapalhar aquele momento.

Roberta sentiu o peso da responsabilidade em ser uma guardiã de lagartas, mas assumiu, toda orgulhosa, a missão que lhe fora confiada.

E dia após dia, ela estava lá de sentinela, cuidando da sua joia.

E uma amizade foi nascendo ali. Ela chegava dando um bom dia animado e a lagarta, meio preguiçosa, respondia.

Eles conversavam sobre tudo. Ela contando como foi viver como ovo e estar lagarta e sobre seu sonho de voar, livre pelos céus do mundo. Roberta contava como fora na escola, como gostara do livro que a professora lera em sala de aula, sobre os amigos e sobre suas comidas preferidas.

Cada dia a pauta era modificada e a amizade solidificada.

Ultimamente a lagarta andava mais calada e ficava ensimesmada por muito tempo em seu casulo. Roberta respeitava aquele silêncio e ficava apenas a observando, zelosa.

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Um belo dia porém, Roberta chegou ao costumeiro ponto de encontro e viu o casulo da lagarta rompido. Gritou tristemente pela mãe, que já a encontrou em prantos.

“Ela se foi mamãe! Ela se foi!” ela murmurava por entre os soluços.

Roberta estava inconsolável!

A mãe, com aquela sabedoria que brota do coração, abraçou-a fortemente até que fosse serenando. Levou-a até a cozinha, serviu um chazinho de hortelã bem doce e iniciou a dolorosa conversa.

“Filha, a lagarta se transformou na mais linda borboleta! Ela ganhou os céus como sempre sonhou! Vai conhecer lugares lindos, verá as mais belas flores e estará pertinho do Criador!”

Roberta recomeça a chorar muito sentido e comenta: “Mamãe, mas eu nem tive tempo de me despedir! Queria dizer o quanto ela era importante para mim e o quanto a amava!”.

A mãe levanta-se e caminha até a estante. Volta silenciosamente com o livro do Pequeno Príncipe nas mãos. “Lembra-se desta história?”.

Roberta acena afirmativamente com a cabeça e ela continua: “ Lembra que o Pequeno Príncipe conversou com a raposa? Que foi o tempo que ele dedicou a rosa que a fez tão especial? “

Ela respondeu que sim, ainda com os olhos marejados de lágrimas…

“Filha, você sempre vai lembrar com amor e carinho dos momentos felizes e da amizade entre vocês. Foi o tempo que passaram juntos a fez tão especial! Não é necessário dizer adeus a quem se ama, porque o amor vive, para sempre, no coração da gente!

A lagarta nasceu para ser borboleta! E a missão de cada borboleta é voar e enfeitar os céus! E tenho certeza que ela está linda e glamorosa, “borboleteando” por ai!”.

E como ela a amava muito e sabia dos seus mais caros sonhos de voar,  compreendeu e aceitou a partida, certa que um dia, reencontrariam-se!”

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Abraçou a mãe e saiu correndo em direção ao jardim. Voltou a brincar e de quando em quando, olhava os céus, procurando avistar aquela lagartinha amada que agora voava, liberta, como a mais linda das borboletas.”

 

Saudações!

Nesta terça-feira, dia 27, recebi a notícia do falecimento de uma amiga muito amada, Maria Eunice Lannes, que fez parte da história da minha vida!

Arquivo pessoal da autora

Arquivo pessoal da autora

Uma daquelas pessoas especiais e inesquecíveis, que imprimem uma marca de amor na vida daqueles que tiveram o prazer e a honra de conhecê-la.

Partiu assim, como a lagarta da Roberta, deixando-me, num primeiro momento, tal qual a menina, chorosa e lamentando a ausência de uma despedida formal…

Depois de passado o impacto da notícia, vem aquela paz de espírito, motivada pelos motivos descritos no texto. De fato, para quem ama, não existe adeus. Dizemos apenas: “ Até breve!”.

Voa amiga borboleta para junto do Criador! Vai singrar os céus azuis, namorar as estrelas e reencontrar nosso saudoso vovô Luiz!

Te amo e te amarei pra sempre!

Dedico também esta história à minha querida aluna Roberta, que viveu recentemente o processo da metamorfose, separando-se, temporariamente, do seu esposo, João.

E respeitosamente, dedico a cada um que já sofreu a dor desta separação.

 

Dani

 

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