Fonte: Canva| Foto:

A célebre frase da obra Hamlet de Shakespeare – Ser ou não ser, eis a questão – apresenta ao mundo as reflexões de um herói sobre vingar ou não a morte de seu pai. Fala de um diálogo interior que busca a resolução de um grande dilema.
Fala também dessa conversa que travamos, todos os dias, com nós mesmos. Sabe aquele desenho do Tom & Jerry que aparecia um anjinho do lado direito e um diabinho do lado esquerdo que ficavam dando conselhos? Então…Eu tenho uma duplinha que fica matraqueando aqui dentro! Ficam me contando histórias sobre várias situações que vivo. Não exatamente como um anjo ou um demônio. Apenas “danis” que conversam entre si, num “animado” colóquio!

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Por exemplo: outro dia levei meu caçula ao médico. O doutor receitou Tamiflu, apesar de afirmar categoricamente que não era gripe A. (E não era mesmo porque nem febre meu filho tinha).

Sai de lá e vim conversando comigo mesma:

– Não vou dar esse remédio forte! O dia que ele precisar, não vai mais fazer efeito!

– Vou desobedecer ao médico? Depois, ele não melhora e vou voltar na consulta com que “cara”?

– Isso é forte e pode dar diarreia!

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– Vou dar! É só um antiviral forte!

– Não vou dar! Ele pode ter reação!

– Vou dar! Ele pode piorar!

E assim fui, do consultório até em casa, com este “kuat-kuat” na minha cabeça! Quando penso que vou endoidar, levanto um “cartão vermelho” e busco o silêncio. Mais centrada, analiso a situação e procuro decidir pelo melhor, buscando uma alternativa equilibrada. Neste caso, decidi esperar mais 24 horas. Se não houvesse uma melhora espontânea no quadro, eu ministraria a medicação conforme prescrita. E só pra constar, não precisou mesmo!

 

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Os diálogos internos da mente são ecos da consciência. Uma espécie de bate-papo conosco mesmo que nos ajudam a resolver desde questões simples até as mais complexas.
Todos dialogamos, em maior ou menor intensidade, seja analisando situações, apoiando a nós mesmos, nos incentivamos, nos corrigindo e nos direcionando.
Também contamo-nos histórias fantásticas, algumas com finais trágicos ou ainda elaboramos hipóteses loucas com soluções esdrúxulas. E assim, também podem gerar ansiedade, medo e temores infundados.
São nuvens no céu da consciência, ora brancas e fofinhas, ora negras e carregadas:

– O que eu tinha que fazer mesmo? Ah! Comprar o material do trabalho de artes! Ainda bem que lembrei!
– Muito bem Dani! Esse bolo ficou muito bom!
– Danielle Lourenço Hoepfner! Não vai gastar mais nem um centavo este mês!
– Melhor eu marcar um café e resolver este assunto pessoalmente!
– Bom… se eu não conseguir ir neste final de semana, eu ligo e reagendo!
– Será que ela está de mau-humor ou eu fiz alguma coisa de errado? Não fiz nada que me lembre mas será que ficou triste porque eu não fui ao barzinho com ela ontem? Mas eu não podia! Eu expliquei! Será que eu comento? Será que eu marco de ir outro dia?
– Não posso esquecer de agendar meu exame!
– Não estou me sentindo bem hoje… será que estou com alguma doença grave?
– Porque será que ela não responde o Whatsapp? Meu Deus! Nem visualizou ainda! O que será que aconteceu? Será que está bem? Será que… Será que… Será que…

Esse bate papo interior já me deixou mal algumas vezes. Hoje em dia eu lido melhor com isso. Acolho as danis com carinho, não “brigo com elas” porque entendo que é uma forma que meu consciente utiliza para me proteger e auxiliar! É uma forma de pensar e analisar a vida e as situações que me cercam.
Aprendi a colocar pausas neste diálogo interno, com amor e respeito. Procuro silenciar a mente, respirar, avaliar as considerações e encontrar uma “solução” pautada no bom senso. Vale mencionar que nem sempre consigo… meu céu, às vezes, é testemunho de tempestades com fortes rajadas de vento…
Se a frequência desses episódios for muito intensa, acrescida ansiedade e de sensações físicas desconfortáveis como sudorese, dor no peito, dor de estômago ou respiração ofegante, sugiro que se busque ajuda especializada, como um psicólogo ou psiquiatra. Isso é muito desgastante e doloroso e você merece viver em paz e harmonia!
Enfim, o texto de hoje é um depoimento. Um depoimento honesto, para que as pessoas saibam que não estão sozinhas, não são as únicas e que este hábito de contar histórias para nós mesmos faz parte da nossa constituição emocional e psicológica. Aprendi como coach, que observar com cuidado estas falas internas pode ser muito útil no processo de autoconhecimento. Elas revelam muito da percepção que temos de nós mesmos, nossas crenças limitantes, modelos mentais e gatilhos! #ficaadica!

 

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“As nuvens sempre passam. Podem ser nuvens claras ou escuras, mas sempre passam.

Compreenda que você não é a nuvem, você é o céu.”

Sri Prem Baba

Um abraço,

Dani

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P.S. Agradeço a minha amada psicóloga, Silvana Calixto, pela leitura prévia desse post e pela escuta empática e amorosa dessas danis que moram em mim! Gratidão!