“Meu lanchinho, meu lanchinho
Vou comer, vou comer
Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho
E crescer, e crescer”
Embalados em canções e brincadeiras muitos pais tentam desesperadamente fazer com que a hora das refeições seja tranquila, que seu filho coma um prato “colorido”, variado e recheado de nutrientes.
Ahhh… como seria bom se nossos filhos escolhessem a abobrinha ao invés da batata frita, o peixe ao invés do hambúrguer, a fruta ao invés do brigadeiro.
Não gosto de feijão, não gosto de couve, não gosto de abacaxi.
Não gosto, não gosto, não gosto.
E assim, a medida que a hora do almoço chega começa o desespero de muitos pais e mães.
Em geral é mais fácil para as crianças pequenas dizerem que não gostam de uma comida nova do que experimentar.
Você sabe quantas vezes em média temos que oferecer um alimento para que a criança se acostume com um novo sabor? Cerca de 8 a 10 vezes.
Portanto NÃO DESISTA de cara.
Não deu certo na primeira vez, tente novamente, mesmo que seja em pequena quantidade.
Existe inclusive um nome cientifico para esta relutância em experimentar novas coisas: Neofobia.
Isto é muito comum entre os 2 e 6 anos de idade, fase em que a criança está aprendendo novos hábitos e tende a sentir-se mais confortável com o que já está acostumada.
Nesta fase é comum também a criança querer passar dias seguidos comendo a mesma comida. E de repente, algo que ela gostava muito, passa a não aceitar mais.
Aos 3 anos de idade a dentição de leite já está completa. É hora de deixar os alimentos em pedaços maiores, oferecer alimentos de consistência e texturas diferentes, como alimentos crus, duros e fibrosos, até então mais difíceis de ingerir. Ensinar a criança a mastigar e triturar os alimentos é importante para o desenvolvimento facial e o fortalecimento da musculatura do rosto.
Crianças entre 2 e 10 anos de idade devem comer entre 5 e 6 refeições diárias: café da manhã, lanche, almoço, lanche tarde, jantar e, eventualmente, lanche antes de dormir.
Claro que isto irá depender da rotina de cada família, do horário que a criança acorda e que vai dormir.
Criar uma rotina é fundamental. Estabeleça horários e converse com a criança sobre estes horários. Procure evitar oferecer alimentos e guloseimas entre as refeições para que não interfira no apetite na hora do próximo horário.
Um erro comum é a criança não almoçar adequadamente e a mãe, por estar aflita, oferecer uma mamadeira após a refeição. Por mais que seja angustiante, ao acabar o almoço, por exemplo, não ofereça nada à criança até o horário do lanche da tarde. Seja firme.
Um alternativa interessante é colocar uma quantidade pequena de comida no prato, isto pode ajudar a criança a comer melhor.
Evite líquidos em abundância durante as refeições, especialmente os refrigerantes que por possuírem gás provocam maior distinção gástrica. Refrigerantes possuem pH ácido, que é prejudicial para os dentes.
Quase todas as crianças gostam de doce, você já percebeu isto?
O que acontece é que o sabor doce é inato do ser humano, ou seja, não precisa ser aprendido, a criança já nasce gostando.
Hoje em dia é comum escutarmos a queixa de pais e mães dizendo: meu filho só quer comer guloseimas e “porcarias”, não sei mais o que fazer.
A pergunta que temos que fazer é: quem compra as guloseimas para a criança? Quem cede as pressões?
Somos nós adultos que temos que saber o que é melhor para o desenvolvimento e crescimento durante a infância. Nós pais temos o dever de zelar pela saúde dos nosso filhos.
Por outro lado, proibir todas as guloseimas nem sempre é a solução, o radicalismo desperta a curiosidade.
É preciso encontrar o equilíbrio com bom senso.
Não ofereça recompensas se criança comer adequadamente, assim como não dê castigo se ela não comer.
A melhor forma de lidar com estas questões alimentares é com tranquilidade.
Comer a mesa, junto com a família, sem televisão ligada, tablet ou galinha pintadinha. Algo que acontecia constantemente no passado e hoje infelizmente é uma cena cada vez mais rara do nosso cotidiano.
A melhor maneira de ensinar a criança a comer é DAR O EXEMPLO.
Você quer que a criança coma verduras e frutas?
Os pais tem que ter o hábito de uma alimentação saudável.
O exemplo vem de casa.
Quer conferir mais orientações acesse o Manual da Sociedade Brasileira de Pediatria
Por : Dra Juliana Loyola Presa
Pediatra – Presidente Departamento de Dermatologia da SPP