Sensação de queimação no peito que pode chegar até a garganta é uma condição conhecida como azia ou pirose, e é o principal sintoma na Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). É uma queixa muito comum nos consultórios e assunto frequente entre amigos. Todos conhecemos alguém que sente queimação após alimentar-se, mas você sabe por que isso acontece?
Entre o esôfago e o estômago existe uma válvula que se abre para a passagem dos alimentos e deve fechar-se imediatamente para evitar que o conteúdo gástrico
retorne. Algumas vezes essa válvula apresenta dificuldade em fechar-se causando a DRGE. Quando o ácido do estômago retorna ao esôfago pode causar a sensação de queimação, porém algumas pessoas têm DRGE sem ter azia. A doença pode manifestar-se de forma ampla: dor torácica que simula infarto ou angina, rouquidão, tosse seca, asma, bronquite, etc. A sensação de que a comida permanece na garganta e que está engasgado também é frequente. Em alguns casos o ácido retorna até a boca causando alterações no esmalte dos dentes e gosto ruim. A presença de Hérnia de Hiato, quando parte do estômago está acima do diafragma, pode contribuir com a DRGE, mas sua presença não é obrigatória. Como a sintomatologia muitas vezes não é característica o diagnóstico é feito a partir de história clínica detalhada e exames complementares: Endoscopia Digestiva Alta (EDA), ph-metria de 24 horas, Manometria de esôfago e até mesmo teste terapêutico.
Geralmente se inicia a investigação com Endoscopia, pois ela permite a avaliação da mucosa e diagnóstico de eventuais lesões, como a inflamação do esôfago, a esofagite. E todos os pacientes com DRGE apresentam alterações na Endoscopia?
Não! Até 40% dos pacientes com DRGE têm EDA normal e mesmo assim não se descarta o diagnóstico. A ph-metria é um exame que mede a acidez do esôfago em um período de 24 horas através de uma sonda inserida pelo nariz. Pequenos sensores registram as alterações de ph e o paciente anota todos os sintomas que apresentar durante o exame. A Manometria avalia a função motora do esôfago, como ele se movimenta, e associado a ph-metria permite maior conhecimento do refluxo, principalmente em manifestações atípicas (respiratórias) e pré-operatório.
Muitos fatores contribuem para o aparecimento de DRGE, entre eles podemos
Obesidade
Tabagismo
Ingestão de bebidas alcoólicas
Bebidas com cafeína (café, chá preto, chá mate)
Alimentos gordurosos
Bebidas com gás
Chocolate
Abuso alimentar (quantidade)
Deitar-se logo após as refeições
O tratamento para o Refluxo pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento clínico engloba medidas comportamentais (mudança de hábitos) e medicamentos que diminuem a produção de ácido e melhoram o funcionamento do esôfago. A conscientização da necessidade de mudança de hábitos é fundamental para o sucesso do tratamento. É evidente que alguns hábitos são mais difíceis de mudar e esse processo pode levar tempo exigindo disciplina e determinação. Quando os pacientes se tornam dependentes da medicação mesmo com mudanças de comportamento o tratamento cirúrgico pode ser uma opção.
Você não precisa conviver com esse dragão! Procure seu gastroenterologista, ele poderá orientá-lo adequadamente melhorando sua qualidade de vida.
Por Danielle Kiatkoski