Apesar de ter sido descrita em 1860 a endometriose ainda é uma doença em que a causa e a forma de evolução ainda são desconhecidas. A presença de tecido semelhante ao endométrio (camada mais interna do útero) fora do útero caracteriza a doença, que atinge 15% das mulheres entre os 15 e os 50 anos de idade.
Em 70% dos casos inicia ainda na adolescência com quadro de cólica menstrual intensa muitas vezes incapacitante e sabe-se que 50% das adolescentes que sofrem com cólicas menstruais, e não melhoram após tratamento especializado, têm endometriose.
Estudos recentes sugerem que 25% a 50% das mulheres inférteis apresentam endometriose.
No Brasil estima-se que 8 milhões de mulheres tenham endometriose e que destas cerca de 6 milhões não sabem que tem a doença.
Falta às atividades escolares e de lazer, ausência ao trabalho, baixo rendimento profissional, dificuldades conjugais e familiares relacionados aos sintomas físicos e emocionais da doença comprometem profundamente a qualidade de vida destas mulheres.
Idade precoce da primeira menstruação, períodos menstruais prolongados, tabagismo, obesidade e consumo de álcool poderiam estar associados a ocorrências mais severas. O atraso para engravidar e o menor número de filhos, características das mulheres modernas, representam fatores de risco para a ocorrência da doença.
Além disso, parece existir uma predisposição genética para o desenvolvimento: 7% das parentas de portadoras da doença também têm endometriose, acredita-se que não só pela mesma herança genética, mas também por semelhanças no estilo de vida.
Como saber se você tem a doença? Primeiro se faz uma avaliação de sintomas clínicos: cólica menstrual; dor paralisante; dor na relação sexual, descrita no fundo da vagina; dor contínua, independente da menstruação; alterações no intestino na época da menstruação, apresentando sintomas como diarreia, intestino preso, sangramento anal; alterações na bexiga e vias urinárias na época da menstruação (percebidas pelo aumento no volume das micções, dor ao urinar ou sangramento na urina, por exemplo); infertilidade. Porém, a certeza da endometriose no organismo é conseguido apenas via procedimento cirúrgico, por meio da realização de uma biópsia, retirando e analisando parte do tecido comprometido. Outros métodos podem ser realizados e correlacionados entre si para realização do diagnóstico, como por exemplo a dosagem do marcador tumoral Ca-125 no sangue, ultrassonografia transvaginal, ressonância magnética da pelve, entre outros.
A endometriose é considerada uma doença crônica, portanto, sem cura definitiva. Entretanto, os tratamentos com cirurgia ou medicamentos específicos (anticoncepcionais, hormônios, implantes hormonais subcutâneos, etc), podem permitir uma melhor qualidade de vida às portadoras da doença. Portanto, se você se identificou com alguns desses sintomas, procure um médico e volte a viver. Posso falar por mim mesma, que há um ano em tratamento nem lembro mais dessa malvada…
Por Raquel Camargo – Médica