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Afinal, trata ou não trata???

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Para combater os sintomas da menopausa, até há uns 20 anos se utilizavam substâncias parecidas com os hormônios ovarianos, mas não iguais… Assim, eram usados os estrógenos eqüinos conjugados (EEC), retirados da urina de éguas prenhas.

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Hoje em dia, existem estrógenos exatamente iguais aos nossos, assim como progesterona. Devemos então obedecer à fisiologia (ao que o corpo fazia antes do término dos ciclos) pois, quanto mais nos afastamos disso, mais nos aproximamos da doença.

Em 1993, o laboratório que fabricava os EEC patrocinou dois estudos sobre a terapia de reposição hormonal da Menopausa, seus riscos e benefícios. Quais foram as falhas de ambos os estudos? Usaram somente estrógenos eqüinos e progesterona sintética (medroxiprogesterona) e sempre pela via oral. Trataram-se mulheres mais velhas (média de 66,7 anos) e com várias patologias associadas: 62% eram tabagistas; 59% eram hipertensas; 23% eram diabéticas; 90% tinham LDL colesterol acima da normalidade e apenas 46% receberam dieta e substâncias para baixar o colesterol, sendo a maior prescrição no grupo que recebeu apenas placebo (substância sem ação alguma). É óbvio que num grupo “doente” desses, muitas iriam ter infarte, AVC, embolia, etc, mesmo sem qualquer reposição de qualquer espécie.

Após estes estudos, criou-se um verdadeiro pânico em relação à terapia hormonal, tanto por parte das mulheres quanto dos médicos que não sabiam analisar os resultados e diferenciá-los de outras formas de administração dos hormônios.

O que devemos lembrar, como nas falências das outras glândulas endócrinas, é de usar sempre hormônios que sejam iguais aos nossos produzidos pelo organismo. O estrógeno só deve ser usado isoladamente em mulheres sem útero. Deve-se usar progesterona natural nas mulheres com útero, para proteção do endométrio. A via oral deve ser evitada, principalmente na presença de colesterol alto, hipertensão arterial, aumento de triglicerídeos, doenças da vesícula biliar e doenças tromboembólicas (que causam coágulos).

Antes e durante a terapia, anualmente, devem ser pedidos exames tipo mamografia, ultrassom de mamas, ultrassom transvaginal, lipidograma, provas de função hepática, dosagens hormonais e densitometria óssea. Marcadores de câncer no sangue também são bem vindos.

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A terapia em creme transdérmico poupa o fígado e consequentemente evita aumento de triglicerídeos, hipertensão e melhora a resistência insulínica. Previne infarte e coágulopatias. Doenças crônicas do fígado e doenças autoimunes também pedem para evitar a via oral. Outra opção atual é o implante de hormônio bioidêntico embaixo da pele, com duração de um ano, os “chips”hormonais.

Lembrar de avaliar níveis de testosterona, a qual vai melhorar libido, cansaço, massa magra, composição corporal, longevidade (recentemente se publicou trabalho mostrando aumento de telômeros, as “pontas” dos nossos cromossomos com testosterona), prevenção de doenças da idade como Alzheimer, diabetes e câncer; equilíbrio, memória e sono.

Resumindo: devemos optar pela menor dose efetiva, com hormônios bioidênticos (a fim de REPOR e não SUBSTITUIR com substâncias estranhas ao nosso corpo) e pela via transdérmica. Devemos ainda orientar as mulheres a ter um estilo de vida mais saudável, sem tabagismo (30% dos casos de câncer de mama), com alimentação adequada rica em cálcio e pobre em gordura; e a praticar atividade física regular. É dever do médico ver a mulher como um ser único e individualizar tanto medidas profiláticas quanto terapêuticas, independente de sua especialidade.

Por Raquel Camargo

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