Mastectomia radical sem reconstrução mamária com tatuagem estética. (Fotos: Robson Moreira)
Foi pensando em todo esse sofrimento que, ainda pequena, resolvi com canetinhas coloridas preencher aquele vazio que havia em seu peito com belas flores. Mas não era o bastante, pois quando os desenhos se apagavam todos os sentimentos de passar pela doença voltavam. Engajei-me na profissão de tatuadora buscando um meio de tornar aquele sorriso momentâneo dos desenhos em um sorriso definitivo. Hoje com 10 anos de carreira, faço o trabalho mais gratificante do mundo: o de acolher mulheres sem sorriso no rosto ao se olharem no espelho, e de devolver esse sorriso com meus desenhos.
Em agosto de 2014 tive meu primeiro filho, nascido prematuro e passado meses em UTI, descobrimos aos seus dois meses de vida três tumores axilares. Vencer esta doença com minha mãe foi uma vitória, mas passar por ela novamente com meu filho foi uma rasteira da vida. Era o que eu pensava, até o dia em que vi que passar aquilo com meu filho só me fortalecia para seguir em frente com meu sonho. Vi que tatuar essas pessoas era a forma mais linda de agradecer por ter meu filho e minha mãe ao meu lado; e em 30 de setembro de 2015 nascia o Projeto Cores Que Acolhem, onde tatuo gratuitamente pessoas que venceram algum tipo de câncer e desejam apagar suas cicatrizes com desenhos ou refazer auréola e mamilos.
O projeto é 100% gratuito, todos os materiais são custeados por mim. Contamos com o apoio de uma empresa que nos fornece papel toalha gratuitamente, e com o apoio e amor de todos que compartilham em suas redes sociais para que o projeto chegue a mais e mais pessoas. Desde setembro o projeto já acolheu mais de 30 mulheres, cobrindo cicatrizes, e devolvendo a autoestima que há tempos o câncer lhes tirou. Acolhendo com amor cada lágrima de felicidade que rola no rosto de cada mulher que se vê renovada diante dos desenhos que veem onde antes só tinha dor ao lembrar das cicatrizes.
Esse trabalho trouxe a certeza de que nesta vida tudo tem um propósito. E eu acredito que o meu, foi encarar a doença da minha mãe e filho para vencer os desafios de ser tatuadora e dar mais valor a tudo que fazemos. Hoje vejo que uma tatuagem não muda só a estética, ela, por muitas vezes, é a realização de um sonho, uma maneira nova de encarar tudo. O Projeto Cores Que Acolhem traz autoestima as que já não tinham mais, e traz de novo aquela mulher radiante que antes havia em cada paciente que venceu a doença.
Quem passou pelo câncer e deseja cobrir a cicatriz, ou refazer a auréola do seio, pode agendar seu atendimento gratuito (todas as segundas-feiras), através da fanpage Cores Que Acolhem.
Para maiores informações sobre o Projeto Cores Que Acolhem (41) 9236-1312.