Ernesto era o avô, homenageado por Dudu Sperandio em sua primeira experiência à frente de um restaurante. O jovem chef iniciou sua carreira na Europa, trabalhando com nomes consagrados em Londres e Milão. Depois de um ano nas Ilhas Bermudas, viajou pela Europa e pelos Estados Unidos para aprimorar as técnicas da cozinha mediterrânea, que agora traz para o seu Ernesto Ristorante e Bar, aberto há cinco meses e, como ele mesmo diz, um lugar a ser descoberto na gastronomia de Curitiba.
Fica nas Mercês e é muito acolhedor.
Pequeno, com capacidade para umas 40 pessoas, tem um antigo piano bem no meio do salão, dividindo os ambientes. Está ali por estar, mas se algum cliente arriscar tocar, tudo bem. Sobre o piano, livros antigos, aqueles de encadernação dura. Que são mais que livros, pois nas páginas centrais está encravado o cardápio da casa.
O cardápio é bem curto (como entendo devem ser os cardápios, oferecendo poucas, mas ótimas opções, em vez de enorme variedade de pratos nem sempre bem acabados), com seis opções de entrada, sete de pratos principais e outras seis de sobremesas. Os pratos são fartos, o que nos fez decidir pela divisão do prato principal em dois, com uma entrada para cada um.
Graça se encantou com a que pediu, Brie com pera caramelizada e endívia ao forno (R$ 17), interessante e delicada combinação agridoce. De minha parte, quando bati os olhos na sugestão que fechava a relação, não resisti: Tutano no osso, gratinado com grana padano e saladinha de salsinha (R$ 15). Adoro tutano – como de resto todos os prazeres gordurosos e calóricos da gastronomia. E a ideia de gratinar o tutano com o grana é muito boa, valorizando o sabor. Vem com uma colherinha para permitir cavocar muito bem todo o orifício do osso (do ossobuco). Completa bem a salada de salsinha, com aceto adocicado.
O prato principal que escolhemos foi o Ernesto, o carro-chefe da casa, um Entrecote grelhado servido com manteiga Ernesto (leve toque de mostarda) e batatas salteadas no azeite extra virgem (R$ 49). Como o prato veio dividido, talvez a foto não dê a sua exata dimensão, mas dá para perceber o ponto correto da carne, que estava macia e saborosa, perfeita nos acompanhamentos.
A sobremesa foi um Semifredo ao zabaione (R$ 14), servida com o que parecia ser uma redução de cassis. Equilibrada e agradável, no ponto para fechar uma boa refeição.
A carta de vinhos tem boa variedade de rótulos, com opções de preços para todos os gostos e alcances.
Apenas o serviço deixou um pouco a desejar. Eram apenas dois garçons (explicaram ter um se demitido na véspera e um quarto ainda estava para ser contratado), o que exigia a participação da família (mãe e irmã) do chef e do próprio em alguns momentos de atendimento ao salão, que estava lotado. Outro inconveniente foi o barulho. A falta de um revestimento acústico permitia que lá do canto onde estávamos ouvíssemos comentários e risadas de uma mesa grande lá do outro lado. E à medida que a conversa das outras mesas também tomava conta nos vimos também falando alto, embora estivéssemos apenas em dois, próximos e frente a frente. Mas nada que não se resolva com algumas práticas soluções que permitem a absorção dos ruídos do ambiente.
Se o que mais importa em um restaurante é a comida, nesse ponto o Ernesto passa com louvor. O chef não é dado a arroubos de criatividade e foca exatamente na essência da cozinha mediterrânea, que marca pela simplicidade e a correta utilização dos ingredientes e temperos.
Ernesto Ristorante e Bar
Rua Myltho Anselmo da Silva, 1483 – Mercês
Fone: (41) 4141-5477
Entre em contato:
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Twitter: http://twitter.com/AnacreonDeTeos
E-mail: a-teos@uol.com.br
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