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A incursão do chef Celso Freire pela cozinha molecular

Anacreon de Téos
Medalhões de pato com jus de maçã, no cardápio do Zea Maïs por mais alguns dias. Gastronomia molecular combinando com os talentos de Celso Freire e Joy Perine.

E não é que o chef Celso Freire também se deixou seduzir pela cozinha molecular?
Nada que signifique uma guinada na brilhante carreira daquele que é o nosso ícone principal na gastronomia, mas uma experiência muito interessante que começou por acaso e resultou no delicioso prato de referência para o cardápio de Natal do restaurante Zea Maïs, os Medalhões de pato com jus de maçã.

São peças altas e arredondadas de peito de pato, o que não seria permitido conceber em um corte comum, por se tratarem de cortes achatados, sem a dimensão necessária para a transformação em medalhão. E é exatamente aí que entram os recursos da gastronomia molecular. Que não é praticada necessariamente pelo chef, mas sim por seus fornecedores – no caso a Villa Germania, do Vale do Itajaí (SC), hoje a maior empresa produtora de carne de pato, marreco e seus derivados da América Latina.

E tudo se deu assim. Convidado para comandar a cozinha em um evento gastronômico em Blumenau (ao lado de Indaial, onde se localiza a Villa Germania), Freire foi apresentado à mais nova experiência da empresa, o Medalhão de pato. São cortes arredondados do peito colados pela utilização da transglutaminase (também conhecida como cola de proteína), chegando ao aspecto e ao formato desejado pelos produtores.

E aí cabe a explicação (aos leigos, como eu). A transglutaminase é uma enzima que tem a capacidade de reestruturar proteínas, atua como catalisadora de reações de ligações entre suas moléculas. Essas ligações resultantes são de grande estabilidade e ocorrem entre os aminoácidos glutamina e lisina. Sendo assim, esta transformação atua em todo o tipo de alimentos protéicos, como peixe, carne, tofu, gelatinas e farinhas. A transglutaminase é usada na indústria alimentar, no fabrico de embutidos e fiambres. Na prática, pode, por exemplo, criar um novo tipo de peixe, um tricolor, colando fatias de salmão, linguado e atum e transformando-os em uma nova forma final.

Bem, apresentado à novidade, Celso Freire realizou por lá mesmo a primeira experiência. E seu “Medalhão de pato na parrilla” foi o maior sucesso e embrião para o que viria a ser o prato do Zea Maïs. “Um sanduíche saboroso” – como ele diz, com camadas de pão, maçã e alface para escoltar a carne.

Divulgação
Chefs Celso Freire e Joy Perine. Talento dobrado na nova experiência gastronômica do Zea Maïs.

Depois de repetir o êxito na Convenção da Boa Lembrança, em Gramado, trouxe a ideia e os ingredientes para Curitiba, apresentando-os à chef Joy Perine, com quem divide a concepção dos pratos a serem inseridos no cardápio do restaurante.

Aprovação imediata. Uma variação aqui, uma sugestão ali, um toque novo e estava criado o prato de Natal da casa. A cara do Zea Maïs – como ele mesmo diz. O medalhão é marinado em um molho de balsâmico e especiarias por algum tempo e daí vai direto para a churrasqueira, de onde sai para a mesa já com as contribuições de Joy. Intercala os medalhões com fatias de maçã e por cima vai uma farofinha de pistache levemente úmida. Ao lado, escoltando, meia alface romana grelhada. E tudo regado com o molho que também leva maçã. O resultado final ficou fantástico, carne macia e saborosa, com aquele toque de defumado como há muito não experimentava.

Anacreon de Téos
Pudim de Natal com creme de caramelo e frutas vermelhas, a sobremesa do cardápio especial.

O prato custa R$ 59 e permanece no cardápio do Zea Maïs até o fim da próxima semana, quando a casa entra em recesso de fim de ano. Juntamente com a sobremesa também criada para a ocasião, um Pudim de Natal com creme de caramelo e frutas vermelhas (R$18,50).

Anacreon de Téos
A brigada feminina da cozinha do Zea Maïs: Karen Takizawa, Joy Perine,Joana Darc de Brito, Zanza Aires Monteiro,
Elaine Bublitz e Isabel Cristina Cipriano.

Tudo muito bem executado por Joy Perine e sua equipe, cinco meninas talentosas, criativas e certamente com muito sucesso pela frente – a exemplo do que ocorreu com a primeira turma do restaurante, a começar pela chef Renata Abreu, hoje comandando a cozinha do Vin Bistro.

Não há garantia da permanência do prato além desses dias, mesmo porque ainda não entrou oficialmente na linha de produção da fábrica. Por enquanto, as embalagens a vácuo, com seis unidades cada, estão sendo entregues exclusivamente ao Zea Maïs, ainda sem confirmação de números que garantam abastecimento futuro.

Portanto, restam poucos dias para quem quiser experimentar a novidade. E vale muito a pena, pode apostar.

Restaurante Zea Maïs
Rua Barão do Rio Branco, 354 – Centro
Fone: (41) 3232-3988

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