Já nem me lembro desde quando – só sei dizer que faz tempo. A Jambalaia de siri foi o símbolo das férias da família na praia desde que as crianças eram aquelas que são os pais das crianças de hoje. Ponha décadas nisso.
Não me lembro como começou, mas a receita original foi recortada da sessão de receitas de uma revista Cláudia dos anos 80. O recorte foi para o “livrão”, que é como chamávamos o livro de receitas com colagens e escritos e que fez parte da história gastronômica de nossa turma caseira.
Era chegar à casa de praia e alguém me lembrar de querer o prato, quase sempre no primeiro dia. E aí, uma ida à peixaria, à quitanda e outra ao supermercado, porque ninguém havia pensado em levar o molho inglês, ingrediente decisivo para o sabor final, mas do qual só se utilizava o correspondente a uma colher de sopa (e durante anos fomos colecionando vidros de molho inglês em casa, trazendo mais um a cada volta da praia).
O prato é leve, rápido e muito gostoso. Com o tempo fui introduzindo algumas modificações, acertando a proporção dos ingredientes, incluindo também o pimentão vermelho em vez de apenas o verde e trocando o pimentão in natura pelo sem pele (para não pegar tanto o sabor). Mas pode usar com pele, se preferir.
É claro que ninguém está mais na praia (nem deveria estar mesmo), que a situação é outra, todos recolhidos em casa à espera de melhores dias. Mas nada impede de saborear um belo siri, que pode vir pelo delivery.
E como a receita é bem fácil, é acessível para qualquer cozinheiro.
E se por aí bateu vontade e a praia cativa, vamos à receita, então.
Jambalaia de siri à Anacreon
Ingredientes
8 fatias de bacon
1 xícara de cebola picada
1 xícara de salsão picado
½ xícara de pimentão verde (sem pele) picado
½ xícara de pimentão vermelho (sem pele) picado
1,2 kg de tomates (sem pele nem sementes) picados
2 xícaras de arroz
750g de carne de siri
1 colher (sopa) de molho inglês
1 pimenta dedo-de-moça picada e sem as sementes
sal
salsinha picada
Preparo
Frite o bacon em uma panela grande até que esteja crocante. Escorra sobre papel toalha e esmigalhe, reservando.
Aproveite 3 colheres (sopa) da gordura da fritura e descarte o restante.
Refogue na gordura a cebola, até esta murchar e perder a cor. Junte o salsão e o pimentão, até que estejam macios. Acrescente finalmente o tomate, o arroz e a carne de siri, com o molho de inglês, o sal e a pimenta.
Tampe a panela e cozinhe em fogo baixo, mexendo de vez em quando (o tomate solta líquido suficiente, mas se por acaso secar muito, acrescente um pouco d’água quente), por cerca de 25 minutos, até que o arroz esteja macio, mas sem desmanchar.
Junte a salsinha picada e misture bem.
Leve a um prato de servir e salpique com o bacon esmigalhado.
Rendimento: 6 a 8 porções.
Dicas do Anacreon
• Uma das experiências mais recentes que fiz na jambalaia foi substituir o arroz comum de cada dia pelo português Carolino, que é o que eles usam por lá para o Arroz de Braga, o Arroz de pato e as demais variações por lá. Ficou muito bom, bem mais molhadinho. Hoje não é muito fácil de ser encontrado por aqui, mas a rede Festval costuma ter – de vez em quando. Se não encontrar, pode ficar no arroz comum de boa, o parboilizado.
• A qualidade do siri é fundamental para realçar o sabor do prato. E aí, nada como o legítimo siri paranaense. A Pescados Keli Mozer (que fica no Mercado Municipal de Curitiba) tem um fornecedor exclusivo para a carne de siri, que vem tanto fresca quanto congelada (R$ 65 o kg). Trata-se da Associação Perla Marinha da Ilha Rasa, uma cooperativa que produz também ostras e bacucu. Faz a diferença.
• Como agora o Mercado está fechado por conta da pandemia de Coronavírus, a Keli Mozer reforçou o serviço de delivery, que já existia (confira aqui as coordenadas para entrega em casa) e atende a todos os interessados.
• A base de sabor de toda Jambalaia é conhecida como “santíssima trindade”: cebola, salsão e pimentão verde.
• Jambalaya originalmente é um prato norte-americano da Louisiana, mais especificamente de New Orleans. Vem das cozinhas cajun e creole e é uma mistura de tudo na panela, com base de arroz. Chegam a dizer ser a “paella” de lá, mas, a rigor, não tem nada a ver com o prato espanhol. Os principais ingredientes são, além do arroz, frango, embutidos, lagostim (pitu) ou camarão e mais pimentão, aipo, cebola, tomilho e pimenta-caiena.
• O publicitário e jornalista J.J. Werbitzki (falecido em 2017), quando nos seus tempos de Confraria do Armazém (uma confraria gastronômica fundada em 2003 e que existe até hoje) tinha na Jambalaya seu prato forte. Só que ele punha de tudo. Teve jantar que o prato contou com mais de 40 ingredientes, incluindo algumas sobras do que não havia sido utilizado na entrada.
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