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Demorou um pouco mais do que esperado – pandemia, bandeiras, obras, essas coisas... -, mas o restaurante C La Vie finalmente reabriu suas portas. E, como eu escrevi ainda em maio, a expectativa da reabertura, não é mais o C La Vie dos últimos anos e sim aquela da origem, quando o chef francês (e astro de TV) Eric Jacquin passou um bom tempo por aqui, dando consultoria e administrando o cardápio que havia criado para a casa.
A volta do restaurante promove esse resgate de suas raízes francesas por intermédio do novo chef, o carioca, radicado em Curitiba, Rodrigo Tristão, que acumula muita experiência com a gastronomia daquele país, já tendo trabalhado com Claude Troisgros, entre outros nomes de destaque.
Tristão trabalhou no CT Boucherie, sucesso de Troisgros, e também teve uma passagem muito marcante pela França. Em 2018, morou um ano naquele país, tendo chefiado a cozinha de um bistrô em Paris, o Gloria Bistropical, lá no alto, no bairro boêmio de Montmartre. Também percorreu diversas regiões francesas, do litoral ao interior, estudando e experimentando ingredientes e receitas.
Veio para Curitiba trabalhar com o antigo parceiro, Kazuo Harada, no Hai Yo – já haviam trabalhado juntos no Rio de Janeiro -, para poder compatibilizar a nova moradia com as necessidades da esposa, que trabalha em uma grande empresa curitibana. Deu tudo certo e, quando saiu do hotel, reabilitou a veia francesa de sua cozinha, preparando pratos e embutidos incríveis dentro de seu pequeno apartamento e vendendo como delivery ou take away (foi bem no início do isolamento social forçado pela pandemia, escrevi sobre isso aqui).
Até que veio o convite para a ressurreição do C La Vie. Era o perfil de chef indicado: especialista em cozinha francesa e residente em Curitiba, adaptado à cidade e aos anseios dos clientes locais. E então, depois de meses de obras e preparos na cozinha, para a montagem do cardápio, o restaurante está novamente funcionando – apenas para jantar, de segunda à sábado, das 19h às 23h.
Legítimo francês
O cardápio está muito atraente, remetendo a vários cantões da França e agregando toda a sensibilidade e criatividade de Rodrigo Tristão.
Tudo começa com o Couvert, claro, composto de cesta de pães, queijo Boursin, manteiga com flor de sal e patê do dia (R$ 29).
Entre os destaques das entradas, há Ostras gratinadas (6 unidades a R$ 66) e Salade de Saumon (Salmão defumado na casa, com salada de rúcula, vinagrete de funcho e maçã verde - R$ 44), além das variações de Charcuterie (seleção de charcutaria feita na casa, atualmente tem magret curado, rillette de porco, linguiça Morteau e terrine – R$ 44).
A Terrine também vai variar a todo instante e também pode ser servida separadamente. Trata-se de um preparo francês à base de carnes (essa primeira, a atual, é de porco), especiarias e conhaque, com picles de legumes e cesta de pães - R$ 34.
O que me deixou curioso foi o Gunkan français (R$ 88), certamente uma influência dos tempos em que esteve na cozinha oriental. Gunkan é uma espécie de sushi, só que menor que a medida padrão. Este, do C La Vie, vem com quatro unidades e tem brioche, atum e foie gras ao molho gastrique – que é, originalmente, um molho proveniente da redução de açúcar e vinagre, com resultado agridoce.
A seleção de pratos principais não é menos tentadora. Há sugestões como Langue de bouef (Língua de boi curada e maturada, servida com purê de batata, cogumelos, cebola assada e molho demi glace - R$ 68); o clássico Tournedo Rossini (Mignon grelhado, foie gras trufado, mil folhas de batata, aspargos e demi glace - R$ 188) – só fiquei intrigado com o fato de o foie ser trufado - e Magret (Peito de pato malpassado, purê de batata-doce laranja com mostarda, brócolis tostado e molho gastrique de uva - R$ 68).
Há também uma espécie de homenagem ao ex-patrão Claude Troisgros, o Saumon Troisgros, uma referência ao Saumon à l’oseille, prato criado no início dos anos 60 por Jean e Pierre Troisgros (tio e pai de Claude), receita que se tornou um clássico da herança gastronômica francesa. No C La Vie, o salmão é grelhado rapidamente e vem com velouté de peixe e azedinha (oseille, para os franceses). Servido com arroz de amêndoas e ervas, custa R$ 79.
São duas as opções de sobremesa: Mousse au chocolate (Mousse de chocolate 70%, creme inglês de baunilha e amêndoas laminadas - R$ 29) e Bolo de milho perdu (Bolo de milho infusionado com leite e especiarias, grelhado na manteiga, com sorvete de iogurte - R$ 34). Apenas como referência: o pain perdu francês corresponde à tradicional rabanada, que herdamos dos portugueses.
É tudo muito França, o C La Vie está mais francês do que nunca, retomando suas raízes com toda a pompa que tanto que esperou.
Drinques e café
O bar de drinques AstroLAB, um novo laboratório de bons drinques criado pelo Cosmos Gastro Bar, também já está funcionando dentro do C La Vie e tem como bartender o premiado Gabriel Bueno. O mixologista chega com uma grande experiência, sendo finalista nacional por duas vezes do maior campeonato de coquetelaria do mundo, o World Class.
Na carreira, Bueno esteve por trás da barra de vários balcões de coquetelaria da cidade, como Officina Restô, Nuu Nikkei, Tartuferia São Paolo e sua última passagem havia sido no Grand Hotel Rayon.
Em breve o espaço do restaurante vai ganhar também um café, o Café Sala & Living, que abrirá durante o dia. Terá produtos da Moka Cafés Especiais e cardápio de comidas exclusivo.
Restaurante C´La Vie
Alameda Presidente Taunay, 533 – Bigorrilho
Reservas: (41) 99279-7561
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