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Caju na cozinha, Luciano no balcão. Tem um novo restaurante japonês na cidade

Polvo Black, uma exclusividade da casa descoberta por acaso. Chega à mesa finamente fatiado, apenas com azeite trufado e flor de sal. (Foto/ Anacreon de Téos)

A primeira vez que ouvi falar do chef Caju foi quando me surpreendi com a comida do Akira, um restaurante japonês que funcionava no Batel. Era tudo diferente dos chavões e padrões da época – que, a rigor, não mudaram muito no gosto popular e na massificação dos rodízios. Havia ali o primeiro Combinado contemporâneo de Curitiba e nos pratos quentes tal era a profusão de novos sabores e experimentos que não foi surpresa a conquista, já de pronto, do prêmio de melhor restaurante japonês na premiação da Revista Gula – então a mais importante publicação da gastronomia especializada no país.

Era a primeira metade da década passada e o Akira duraria até 2009, mas capengando nos últimos tempos. Caju, não. Esse pernambucano de Serrinha saiu por cima e passou a dar consultoria em outros restaurantes japoneses que se aventuraram a desafiar a praça. Passou por quase todos, tratando da gestão, indicando fornecedores, treinando equipes e montando cardápios.

Arriscou uma sociedade aqui, outra ali, mas sem muita convicção.

Luciano, Denis, Caju e Paulo Lara. (Foto/ Anacreon de Téos)

Até agora, pelo menos, quando apostou todas as suas fichas na abertura do Oka Culinária Oriental, uma bela (e grande) casa um pouco fora da rota dos restaurantes, mas que compensa a distância pelo que ele e sua equipe apresentam e oferecem aos clientes. Ainda mais quando conta com os préstimos de Luciano Mitiharu Kawano, o melhor sushimen que conheci em Curitiba. Sim, o Luciano do Takô e do Kan está, digamos, dando uma canja por lá, preparando algumas coisinhas do tanto que sabe de sabor. Sinceramente, não consigo entender como alguém pode abrir mão dele.

O verde é batata palito. (Foto/ Anacreon de Téos)

Foi um susto quando cheguei, muito bem recebido pelo Caju, amigo de velhos tempos de admiração – e até mesmo vizinho de meia quadra, a quem pedi, certo dia, uma aula expressa de arroz para sushi. Porque dali a pouco vejo Luciano enrolando algas e arroz atrás do balcão. “É meu compadre” – explicou Caju, alegando que ele não poderia ficar de fora de jeito nenhum. Mas, mesmo assim, não havia garantido a “compra definitiva de seu passe”. Por enquanto vai ficando. E tomara que por muito tempo, pois como essa dupla é difícil de encontrar.

O cardápio é enorme, até dá para se perder entre tantas sugestões. Mas é que o Caju é desse jeito. Ou melhor, Edílson Manoel da Silva, que é como ele foi registrado. Mas, a rigor, acho que nem ele mesmo atende se for chamado assim.

Dinamite, fogo à mesa. (Foto/ Anacreon de Téos)

Tentei até pedir alguma coisa, mas ele fez um sinal como se fosse para eu não me manifestar. E foram chegando os pratos. O primeiro deles foi o Dinamite (peixe gratinado no alumínio ao creme picante), que chega na pequena cumbuca, incandescente à mesa, chamando a atenção. Em seguida veio um peixe com algo verde em cima que imaginei tratar-se de couve. Não era. O alquimista Caju coloriu batatas palitos e deu aquele efeito. Mais visual do que paladar, mas que ficou bonito, ficou.

Veio depois um dos xodós do chef, o Polvo Black. Quando ele me disse que era exclusivo nisso, fui procurar do que se tratava. Nada encontrei. E também não poderia. Foi obra do acaso, quando o sushiman Denis San cozinhava o polvo em uma panela de ferro. Houve reação química e ficou tudo preto por fora. Felizmente só por fora e o resultado da cocção foi perfeito, propondo um visual diferente, que chegou à mesa apenas com azeite trufado e flor de sal. E dispensaria qualquer outro tempero. Perfeito, exato.

Tinha mais, na colher, Sapateira, lagostim, pesto de rúcula e molho de ostra. Muito bom.

E assim foi a noite, com alguns pratos quentes com a assinatura inspirada de Caju e outros do balcão, como o oferecimento especial de Luciano, o Carpaccio de namorado com maçã verde e ovas de massago.

Teve mais, de Camarão recheado com cream cheese até a sobremesa.

Apenas uma noção do que Caju é capaz de servir em sua própria casa. E ele pode sempre mais, conforme a inspiração do dia.

O Oka veio em boa hora, para recolocar Caju e sua turma no mercado do dia a dia e não apenas em esporádicas consultorias ou assistências. O restaurante é bonito, arejado, espaçoso, colorido, com um amplo estacionamento e uma comida japonesa de assinatura caju como não se vê em outros lugares por aí.

E atende a todos os gostos, inclusive aqueles que apreciam rodízio. O da Oka oferece 40 pratos, entre eles polvo, sashimis de salmão e tilápia, Hot Filadélfia, Yakisoba e o que mais puder imaginar, por R$ 79.

No almoço há a opção de bufê por quilo, a R$56,90 o kg.

Sapateira, lagostim, pesto de rúcula e molho de ostra. (Foto/ Anacreon de Téos)

Carpaccio de namorado com maçã verde e ovas de massago. (Foto/ Anacreon de Téos)

Camarão recheado com cream cheese. (Foto/ Anacreon de Téos)

Oka Culinária Oriental

Rua Nilo Peçanha 3625 – São Lourenço/Pilarzinho

Fone: (41) 3528-0000

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