Dia desses publiquei a foto de um prato de camarões via Instagram. Ficou bem bonitão, apetitoso mesmo. E como o Instagram deságua diretamente no Facebook, muita gente curtiu e outros tantos pediram a receita. Quando respondi que não tinha receita, foi saindo ao natural, li protestos e vaias.
Mas é que é assim mesmo. Primeiro, porque boa parte de quem pede a receita não tem a mínima intenção de fazê-la. É apenas, digamos, uma manifestação formal de quem até gostaria de poder experimentar o prato. Mas fica na intenção. Outros, não. Aproveitam as dicas e depois exibem, orgulhosos, o prato bem acabado (ou nem tanto, mas pelo menos se dizem satisfeitos com seus feitos).
Só que dessa vez não havia receita mesmo, as ideias foram surgindo a partir da exploração do que ainda restava na geladeira. Menos, é claro, a busca pelo produto principal. Sozinho em casa, pensei em um jantar rápido e ao mesmo tempo saboroso. Nas andanças pelo Mercado Municipal parei na Pescados Keli Mozer, onde sempre há um bom motivo de inspiração. Dessa feita foram alguns belos camarões rosa, de bom tamanho e ótimo aspecto. Pedi seis (os atendentes da peixaria já não se surpreendem mais com minhas compras minimalistas), que imaginei suficientes para uma pessoa. Ainda mais imaginando a possibilidade de um acompanhamento de risoto ou massa.
Risoto ou massa? Tinha os dois disponíveis, mas o pacote de tagliatelle já aberto continua uns 100g restantes, o ideal para uma pessoa. Massa, portanto. Para não tirar o sabor dos camarões, apenas na manteiga. Ou um pouquinho a mais: um toquezinho de manteiga de trufas, quase nada, para não comprometer o paladar (tem muito chef que se perde no uso de manteiga ou azeite de trufas e perde todos os demais sabores do prato).
Os camarões seriam grelhados, isso eu já tinha em mente. Então, o básico seria aquecer um azeite de oliva, tostar um tantinho de cebola picada e um nadinha de alho (era porção para uma pessoa só, relembro aqui). Mas achei um toco de alho-poró, sobra de alguma coisa quem nem me lembrava mais o que tinha sido. Estava bom, consistente, ainda bom para ser utilizado. Cortei em rodelas, juntei às cebolas e deixei-os o tempo suficiente para ganharem cor.
Temperei os camarões com um pouco de sal e umas gotas de limão (sempre na última hora, para não macerar a carne) e juntei-os ao conteúdo da frigideira. Tostei por uns 3 minutos de um lado, enquanto cortava ao meio os últimos seis tomatinhos restantes da geladeira. Quando virei os camarões, acrescentei os tomatinhos e duas garfadas (sim, retiro-as com o garfo, para não virem com o líquido salgado) de alcaparras. Mais 3 minutos grelhando e pronto.
Claro que nesse meio tempo a água já estava fervendo para o tagliatelle, que cozinhou por 4 minutos, saiu bem al dente e juntou-se à colher de manteiga, com o toque da outra manteiga.
Daí foi só abrir um vinho branco e aproveitar. Por que não faz o mesmo? Não me peça a receita, porque ela já está aí, ao longo do texto, bem explicadinha. Tudo muito simples, rápido e (proporcionalmente) barato – os camarões custaram algo em torno de R$ 20. A manteiga de trufas foi apenas um detalhe, um capricho (muito saboroso, é verdade) de quem já possuía um vidro na geladeira, mas só com manteiga comum já fica bom.
Vamos tentar, então?
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