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Quando descongelou foi que eu percebi. Era fígado de boi, não de frango como eu tinha imaginado. Dentro da embalagem ainda congelada não tinha sido possível discernir – só dizia “fígado” na etiqueta que eu havia posto -, mas lá estava aquele naco de fígado bovino para ser consumido.
A ideia original era reproduzir uma salada que adorava nos tempos em que a chef Solange Schneider comandava seu restaurante Peccato (funcionou por dez anos, até 2004), na Comendador Araújo. Meu porto seguro da época, costumo dizer. Era uma Salada de rúcula com fígado de frango grelhado, sublime.
E aquilo ficou na minha memória gustativa até que provei outra, mais tarde, quando Sergio Arno abriu o primeiro La Pasta Gialla em Curitiba – sob os cuidados da empresária Christiane Mansur. Alguns toques mais agridoces, também pra lá de especial.
E seria esta receita do Arno que eu deveria fazer, até que veio a surpresa do fígado trocado. Não me apertei, liguei para vários lugares tentando encontrar o que precisava e só tinha congelado. Aí me lembrei que a rede Festval sempre tem fígado de frango fresco, que vem da Copacol.
Não tive dúvida. Fui lá, comprei correndinho, fiz o prato para o jantar e ficou tudo certo. Delicioso, como seria de se esperar.
E o fígado de boi? Pois é. Estava lá na geladeira, não poderia ser congelado novamente e, automaticamente, tornou-se o almoço do dia seguinte.
Gosto muito também. Aliás, sou um apreciador de miúdos em todas as suas variações e de todos os animais. Rim, fígado, timo, moela, miolo, coração, seja lá o que for.
A hora do bife
Como já havia feito Iscas de frango algumas semanas atrás (e daí que congelei aquele outro tanto), lembrei-me do bife à milanesa que comíamos em casa quando eu era criança. E deu vontade, é claro. Então seria feito daquela maneira. Primeiro deixando um tempo de molho no leite, para tirar um pouco do aroma e do sabor mais fortes e também para amaciar a carne. Ah, sim, depois de tirar – ou pedir para o açougueiro fazer isso – aquela pele que cobre parte das peças e deixam a carne um pouco mais rija.
Daí foi só seguir as regras normais de qualquer preparo à milanesa para obter um belo e saboroso preparo. Que, claro, servi com as rúculas que não utilizei na véspera, fechando uma combinação perfeita.
Aí me lembrei que nesses dias difíceis de hoje, quando tantos de nós já estamos reclusos em casa à espera de passar a tormenta, muita gente está cozinhando em vez de sair para comer fora. Almoço, principalmente. E como se trata de uma receita simples e sem erro, decidi publicar aqui.
Pode arriscar que vale o sabor.
Vamos à receita, então?
Bife de fígado à milanesa
Ingredientes
250g de bife de fígado
1 ovos
leite o quanto baste
½ limão (2 rodelas e o sumo)
1 dente de alho, picado
farinha de trigo
farinha de rosca
Pimenta-do-reino
sal
óleo de milho
Preparo
Ponha os bifes numa tigela e cubra-os com leite durante 1 hora, pelo menos.
Passado esse tempo, retire os bifes e seque-os bem, com papel-toalha. Tempere com alhos, sal, pimenta-do-reino e um toque de suco de limão.
Ponha a farinha de trigo num recipiente, a farinha de rosca em outro e os ovos batidos numa tigela. Empane os bifes, passando primeiramente pela farinha de trigo, depois pelos ovos batidos e, por último, envolva na farinha de rosca.
Esquente o óleo numa frigideira e, quando estiver bem quente (faça o teste do palito de fósforo ou, se tiver termômetro, aguarde a temperatura chegar a 160ºC), frite os bifes até dourar.
Dourados dos dois lados, passe-os para um prato com papel-toalha e deixe-os por alguns minutos, até escorrer o excesso de óleo.
Sirva em seguida, juntando a rodela de limão (e uma salada de rúcula, se quiser).
Rendimento: 2 porções.
(E para quem ficou com vontade de saber da outra receita, a do fígado de frango, logo publico aqui também.)
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