Veja como são as coisas. Em setembro último fui procurado por um importante chef de cozinha, dizendo que gostaria de novos ares para o ano que vem. E me perguntou se eu sabia que o Lênin Palhano estaria de saída do Nomade, o restaurante que tem seu nome na assinatura e funciona no Nomaa Hotel.
Não sabia, embora um assessor de imprensa daqueles bem informados também tivesse dito a mesma coisa, de ouvir falar nas conversas com outros chefs. Decidi ir atrás da informação, pois, afinal de contas, se tratava no mais premiado Chef 5 Estrelas na promoção anual do Prêmio Bom Gourmet – ganhou todos os anos, desde que entrou no Nomade, além de embolsar também com alguns dos pratos e ainda como melhor restaurante.
Comecei a garimpar informações. Fui num cronista que é um dos melhores amigos dele e ouvi que nada sabia, nunca tinha ouvido falar de tal assunto. Perguntei para outro jovem cozinheiro, muito chegado, e também me disse ignorar.
Um dia encontrei o próprio Palhano, fazendo um lanche no Bee.O, e perguntei de chofre. Ele ficou meio sem jeito, a princípio, mas sorriu e disse não haver nada, que nem tinha passado pela cabeça.
Mas daí o tempo passando, mais conversas com outras pessoas do meio e todos me dizendo a mesma coisa: Lenin Palhano deixa o Nomade em dezembro, para abrir um negócio próprio. Uma pessoa que havia trabalhado com ele até pouco tempo atrás, me confirmava: vai sair mesmo, talvez fique dando só uma consultoria.
Entrei em contato com a Camila Pereira, sommelier e parceira dele no salão do Nomade, perguntando se ela sabia algo da saída. “Dele não sei, só sei que eu estou saindo, para trabalhar com o chef Dudu Poerner, no Restaurante Dudu, em Balneário Camboriu”.
Mas, por tudo o que havia ouvido e lido, eu sabia que ele iria sair, que teria um negócio próprio, que o sommelier Vinícius Chupil (ex-La Varenne) estaria com ele, mas não tinha como publicar nada, pois ninguém confirmava.
Até que se escancarou a informação. Por conta do próprio Lênin Palhano, numa despedida nas redes sociais no último fim de semana, com uma foto posada de toda a brigada: “Último serviço após uma jornada de sete anos incríveis! Que orgulho fazer parte da história de um projeto sem igual como o Nomaa. Agradeço imensamente ao Jorge Nacli, que acreditou e apostou no meu trabalho, e à Carol Nacli, que cresceu comigo dia a dia, durante esses anos todos. Foi lindo demais”!
Pronto, estava selada a informação de dois meses atrás.
Obst., a nova casa
Lênin Palhano já vinha alimentando havia algum tempo o desejo de contar com seu próprio restaurante. Ou bar ou fosse lá o que fosse.
Nada contra o pique do hotel, que é puxado, pois não só o restaurante depende do Norte do chef, mas todo o serviço de refeições, do café da manhã aos lanches servidos nos apartamentos.
Mas era uma vontade do novo, do próprio, que, imagine, começou a ganhar corpo justamente quando recrudesceu a pandemia da Covid-19. Ali por maio já existia a nova sociedade, contando com Vinícius Chupil e com Marcelo Vaz, cliente fiel. E em junho foi fechado o contrato de aluguel do imóvel, que fica na Alameda Prudente de Moraes, entre Princesa Izabel e Augusto Stelffeld – onde antes funcionava uma loja de artigos de decoração -, bem no centro da cidade.
Obst. (pronuncia-se óbsti - em alemão significa fruta, embora a escolha pareça ter sido apenas uma coincidência ) vem de obstinado, do perfil histórico do chef, de querer ser o melhor sempre. Uma empresa especializada fez a pesquisa do perfil dele e referendou esse nome, que é único, exclusivo, e realmente terá tudo a ver com o novo trabalho.
Que não será de um restaurante. Nem de bar. Será um pouco de tudo, com um cardápio autoral voltado ao consumo compartilhado, oferecendo tapas, snacks, acepipes, seja qual for o nome como são chamadas essas porções, que não constituem um aperitivo, mas também chegam longe de serem pratos principais.
Palhano pretende manter sua política de valorização dos produtos da terra, mas sem apego exagerado ao terroir. Pois, como ele mesmo diz, afinal de contas, São Paulo é logo aqui ao lado. Santa Catarina, do outro lado. E lá há produtos incríveis, que ele conheceu nas viagens que fez aos recantos que atraem pelos sabores e pelas texturas. Como a Minas, com seus indescritíveis queijos da Serra da Canastra e demais regiões.
O cliente que for ao Obst. poderá compartilhar suas comidinhas harmonizadas com coquetéis ou os vinhos da adega que está sendo montada por Vinícius Chupil. Quando? A partir do dia 9 de dezembro, se depender da vontade dos sócios. Mas o próprio Palhano, envolvido diariamente na obra, está achando o tempo meio apertado para tanta coisa ficar pronta. “Ponha que vai ser em dezembro, fica melhor” – foi o que me disse.
E o Nomade, como fica? A princípio o chef pretendia manter um vínculo, como consultor ou supervisor do processo que ajudou a criar. Mas o envolvimento com o novo “filho” tomou tal proporção que ele achou melhor se afastar de vez. Não sem antes ungir o sucessor, seu sous-chef Luan Honorato, por quem Palhano põe a mão no fogo e aposta num futuro brilhante pela frente.
O Obst vai funcionar de terça a sexta-feira, das 18h às 23h e aos sábados das 14h às 23h.
Até isso acontecer, a gente fica por aqui, na maior expectativa pela certeza do que vem de melhor no novo projeto.
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