Desde a primeira vez que provei fiquei encantado. Era minha segunda viagem à França, mas a primeira pelos lados da Provença. Metade dos anos 80, para poder situar. Na passagem por Marselha uma paradinha num dentre aqueles tantos bistrôs ali existentes e uma proposta desconhecida do cardápio: Bouillabaisse.
Não tinha a mínima noção do que se tratava. O garçom tentava explicar e meu ainda parco francês da época conseguiu entender tratar-se de um ensopado de peixes. Instigado sempre pelo desconhecido e atirado nas surpresas, pedi. Encantei-me pela aparência e pelo sabor. Aquele dourado do caldo a escoltar os tantos peixes e frutos do mar ornava um prato fora de série.
Fiquei fã. Anos mais tarde, quando voltei a passar por lá, conheci uma pequena cidade ali pertinho, do outro lado do golfo de Marselha, chamada Carry-le-Rouet. Pequena mesmo, uns 5 mil habitantes, também à beira do Mediterrâneo. Quão pequena quanto a portinha onde uma senhora simpática servia pratos da região, incluindo a Bouiallabaisse. Pedi e novamente estava muito saborosa, só que completamente diferente daquela anterior. Foi daí que ela me disse (e aí meu francês já dava conta do recado); “cada habitante aqui da região de Marselha possui uma versão diferente da bouillabaisse”. Desde que seja boa como essa, pensei, tudo bem.
Minha terceira experiência foi durante a cobertura da Copa da França, em 1998. Foram dois jogos da seleção brasileira que cobrimos em Marselha, contra Noruega e Holanda. E num deles, não me lembro qual, fomos (Irapitan Costa e eu) ao famoso Le Miramar, bem ali no fervo do Vieux-Port (o velho cais), que tem a fama de apresentar a melhor Bouillabaisse da cidade. Estava realmente sensacional, mas, como eu já esperava desde que aquela senhorinha ali do outro lado do golfe me avisou, era outro sabor bem diferente, personalizado.
Então, cada bouillabaisse que se apresenta tem seu próprio sabor, sua própria identidade, suas próprias nuanças. Embora todas essas sopas (sim, não deixa de ser uma sopa) sigam basicamente o mesmo princípio. Desde a criação, com os antigos pescadores marseillais, que, após as pescarias, selecionavam os pescados para venda e, com as sobras, faziam um ensopado bem caseiro, misturando tudo e juntando algumas ervas e especiarias da região.
O prato clássico tem peixes, moluscos e crustáceos com tempos distintos de cozimento, um molho de amarelo a amarronzado chamado rouille (uma espécie de maionese, que leva batatas, gema, azeite e açafrão em pó) e um caldo rico em temperos e especiarias.
Clássico de Frenkel
E é uma dessas versões clássicas que o chef Flávio Frenkel está anunciando para os próximos dias. Tamanho foi o sucesso de seu Cassoulet entregue em casa de semanas atrás (leia aqui), que partir para a Bouillabaisse foi apenas um caminho natural – ele que, na formação, tem forte influência da cozinha francesa de raiz.
O Cassoulet esgotou e até alguns pedidos afetivos, de familiares e pessoas próximas, foram deixados de lado para poder atender a toda demanda.
A ideia da Bouillabaisse, que será entregue no dia 27/06, no outro fim de semana ainda, é seguir o mesmo viés, também com total fidelidade ao que o chef captou pela Provença e seus sabores próprios. O que Flávio Frenkel pretende fazer na casa dos interessados é também a sopa (o ensopado), a rouille e os pães, para formar o conjunto oficial. Sua composição leva camarão, lula, polvo, peixes (a serem definidos no momento da execução do prato, conforme a oferta de mercado), marisco, berbigão e vieira.
A porção individual custa R$ 90 e o pedido mínimo é de duas porções, com taxa de entrega de R$ 10 para a região de Curitiba.
Os pedidos podem e devem ser feitos até o próximo dia 24/06, pelo telefone (41) 98770-5151, para que a entrega, entre 10h e 12h do sábado, dia 27, possa ser realizada sem sobressaltos.
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