Almoço em família é tudo de bom. Almoço de domingo em família, melhor ainda. Pessoas alegres reunidas, dividindo boas notícias e brindando o lado bom da vida.
E nosso domingo foi exatamente assim já a partir da pesquisa para a montagem do cardápio. É que temos a mania de não repetir receita (aliás, isso eu levo até para mim, por mais que haja apelos por esse ou aquele prato “tão delicioso” de tempos atrás), justamente para encarar o desafio do novo, do jeito de saber como podem ficar as coisas que se mostram tão bonitas e apetitosas nas fotos que vemos de receitas publicadas.
Sempre assessorado por minha “sous-chef” Maria Vitória, sobrinha querida que desde os 9 anos (e há 9 anos) sempre esteve presente nesses saborosos momentos gastronômicos. E pela incansável Dona Maria, que já foi babá dos meus filhos (há 30 anos) e hoje é convocada para esses eventos familiares.
Desta vez o cardápio ficou estabelecido da seguinte maneira: Lula recheada com tartare de salmão, de entrada; Bobó de camarão e batata-salsa, de prato principal; Harumaki de banana, de sobremesa. E para embalar os cozinheiros e os presentes, Roberto, dileto irmão, tratou de fazer Mojito, aproveitando as folhas de hortelã que serviriam para a decoração da sobremesa.
A Lula recheada com tartare de salmão foi uma receita que peguei por aí, na internet. E agora que procurei parea dar o devido crédito, encontrei outras versões e não aquela que havia registrado. Mas são todas bem parecidas, que resultam em uma entrada surpreendente, de perfeita combinação de sabores. Os tubos de lula são recheados de cubinhos de salmão cru, bem temperados, e levados à frigideira quente, para que dourem de todos os lados. Como a lula tem cozimento rápido, basta um instante de cada face para que ganhe cor e atinja o ponto, mantendo o salmão ainda cru lá dentro. Daí é só cortar em rodelas (com faca bem afiada, para não desmanchar), ajeitar no prato de servir, regar com um molho de limão, shoyu e azeite e pronto. Pode esperar elogios, que vêm mesmo.
Bobó de camarão é sempre muito gostoso. O tradicional é feito com aipim (a mandioca ou macaxeira, conforme a região do país) cozido e amassado ou batido até a consistência de creme. Tempos atrás descobri uma receita com abóbora, que chamei de Bobóbora de camarão e até publiquei aqui – ficou sensacional. E como a ideia era fazer um bobó, fucei tanto na internet que encontrei uma receita da premiada chef Heloísa Bacellar, do restaurante Lá da Venda, em São Paulo. Para ela, um Bobó de camarão e mandioquinha. Para nós, aqui do Sul, um Bobó de camarão e batata salsa – e para outros ainda poderia ser de batata baroa, tudo a mesma coisa.
Ficou muito interessante, embora eu ache que não conseguimos atingir a textura cremosa que seria necessária – pelo menos na comparação com os outros dois bobós que já havíamos feito. Talvez fosse melhor pôr um pouco menos de caldo e deixar apurar um pouco mais. Vamos pesquisar e descobrir. Mas esse pequeno porém não afetou o sabor e o prato foi aprovado com louvor – tanto que nada sobrou para contar história.
A sobremesa já foi um desafio diferente. Não sou muito chegado em frituras, mas sempre há um dia de exceção. E a receita do chef Britto, do Restaurante Kiichi (SP), me provocou assim que a descobri. Quem não gosta do rolinho primavera dos restaurantes orientais, o Harumaki? Aquele charutinho crocante, recheado invariavelmente com repolho, carne e algumas especiarias é cativante. Mas a massa pronta também permite outros recheios, como o de siri, por exemplo, que publiquei aqui há muito tempo, com base em receita do chef Eudes Assis, conhecido pela cozinha caiçara que faz no litoral norte de São Paulo.
Mas harumaki doce ainda não havia visto. Por isso esse Harumaki de banana cativou de pronto. Não requer prática nem habilidade. Basta enrolar a banana na massa, fritar em óleo bem quente por um instante, cortar em pedaços alinhados e servir com uma calda de maracujá (ou outra ácida a escolher) que a receita original mandava descartar as sementes, mas decidimos deixá-las para melhor efeito visual. Foi o que fizemos, decorando com a folha de hortelã que salvamos dos mojitos que estavam sendo feitos em série.
Com um agradável riesling nas taças (harmonizou muito bem com o adocicado do dendê do prato principal), assim se passou o domingo de sabores em profusão.
Quer conferir as receitas? Vamos lá, então.
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Lula recheada com tartare de salmão
Ingredientes
3 lulas inteiras, limpas
300g de salmão
1 cebola
1 limão
1 maço de cebolinha
tabasco
curry
azeite de oliva
sal
shoyu
Preparo
Pique bem o salmão, a cebola, a cebolinha, junte tudo, acrescente um pouco de tabasco (a gosto), sal, Ajinomoto e coloque dentro da lula – deixando a margem de um dedo para que o recheio possa se expandir no cozimento.
Feche a ponta com palito, salpique a lula com sal e curry e leve para uma frigideira antiaderente com um fio de azeite de oliva.
Vá girando a lula aos poucos, para que doure de todos os lados.
Com uma faca bem afiada, corte em rodelas e ajeite-as no prato.
Misture o limão com shoyu e azeite e regue a lula com esse molho.
Rendimento: 4 porções.
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Bobó de camarão e batata salsa
Ingredientes
Creme de batata salsa
1 kg de camarão médio limpo sem casca e também as cascas bem lavadas para o caldo
2 cebolas grandes em cubinhos
2 dentes de alho picados
1 folha de louro
4 xícaras de água
1 kg de batata salsa ralada grossa
Camarão
4 colheres (sopa) de azeite de dendê
1 pimentão vermelho em cubinhos
1 xícara de polpa de tomate
1½ xícara de leite de coco
½ xícara de coentro e cebolinha picadinhos
azeite de oliva
pimenta dedo-de-moça (sem sementes) em tiras
sal e pimenta-do-reino
Preparo
Creme de batata salsa
Regue o fundo de uma panela média com azeite de oliva e doure metade da cebola e do alho.
Junte as cascas do camarão, cubra com a água, acrescente o louro e deixe ferver por 20 minutos (depois disso, as carcaças começam a soltar um gosto de areia).
Passe então por uma peneira e volte com o caldo para a panela.
Junte a batata salsa e o sal, aqueça de novo e cozinhe por uns 30 minutos, até que ela esteja bem macia e forme um creme liso. Reserve.
Camarão
Numa panela grande, aqueça mais um fio de azeite de oliva e o azeite de dendê e doure ligeiramente a cebola restante e o pimentão.
Acrescente o alho, espere perfumar e junte o camarão. Quando o camarão mudar de cor, adicione a polpa de tomate e o leite de coco.
Espere ferver, junte o creme de batata salsa, sal e pimenta e deixe ferver por mais 5 minutos.
Acrescente o coentro e a cebolinha, passe para uma sopeira e sirva.
Rendimento: 6 porções.
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Harumaki de banana
Ingredientes
1 banana nanica (madura mas ainda firme)
1 folha quadrada de massa para harumaki (massa para rolinho primavera)
2 bolas de sorvete de creme
óleo para fritar por imersão
Calda
2 maracujás comuns inteiros
1 xícara (chá) de açúcar
Para finalizar
folhas de hortelã
Preparo
Tire a polpa dos maracujás (sem a parte branca) e leve ao fogo com o açúcar.
Deixe ferver até reduzir e ficar no ponto de calda.
Deixar esfriar e coe para tirar as sementes. Reserve.
Descasque a banana e enrole-a com a massa, apertando bem para que mantenha a forma da fruta. Molhe a ponta da massa para selar.
Frite em óleo quente, por imersão, cerca de 1 minuto, até ficar crocante.
Retire e escorra em papel toalha.
Corte a banana frita em três pedaços e sirva com uma bola de sorvete, regando com a calda e decorando com folhas de hortelã.
Rendimento: 1 porção.
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