Curitiba passa a ter, a partir desta sexta-feira (07), um chef estrelado Michelin trabalhando por aqui. Kazuo Harada, 35 anos, que conquistou uma estrela no Guia Michelin por três anos consecutivos (em 2015, 2016 e 2017) por seu trabalho no Mee, restaurante do Copacabana Palace, comanda a cozinha do Hai Yo, restaurante oriental que está sendo inaugurado no Grand Hotel Rayon (o Bom Gourmet já tinha anunciando a vinda dele).
Hai Yo é um nome de origem japonesa – na tradução literal, hai significa sim, enquanto yo é um sufixo muito comum usado para dar ênfase às palavras. Seria algo como Siiimmm, creio eu. Mas o ponto forte da escolha do nome foi a percepção da proximidade do som com o do hotel: Hai Yo e Rayon. Grande sacada!
Kazuo Harada está na cidade já há algum tempo, para fechar contato com fornecedores e montar sua equipe para a empreitada. Adepto da utilização de alimentos regionais, frescos e orgânicos, Harada já de pronto se entusiasmou com as hortas urbanas administradas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento e já se integrou ao grupo de cozinheiros que se abastece na Horta do Rio Bonito, no Tatuquara – que é de onde virão as hortaliças para o consumo no restaurante.
O mesmo cuidado também se dá com os pescados, as carnes e demais ingredientes necessários à elaboração dos cardápios que pretende começar a servir e que já passaram pelo crivo de muita gente (da administração interna e convidados, dentre os quais tive o privilégio de ser incluído) durante o período de testes e ajustes de todos os setores do restaurante.
Claro que o chef traz para Curitiba pratos que o acompanham em sua carreira e que levaram à conquista da consagrada estrela, como a Costela de wagyu, o Hong Kong Praws (camarão com nozes caramelizadas) e o Shake nuta (salmão com missô japonês e gema de codorna, R$ 39 o trio – que é um delírio já a partir do visual. Pela proposta do cozinheiro e de sua equipe, o Hai Yo é um restaurante oriental tradicional com toques contemporâneos.
Não é um japonês comum, tampouco só mais um japonês top de linha, daqueles que concorrem diretamente com os melhores lá de fora. É bem mais do que isso. Mais ampla, a proposta do menu é oferecer uma viagem pela Ásia, com pratos da China, Japão, Tailândia, Vietnã e Malásia, por exemplo.
Serão três vertentes: o sushi bar, os pratos quentes e os menus-degustação. O couvert, para todos, é Edamame (a vagem de soja verde japonesa – R$ 12) e o sushi bar oferece, além do Shake nuta, o Maguro Yuzu tartar (tartar de atum, yuzu, ovas de munjol com molho de wasabi – R$ 46), Ussuzukuri (lâminas de peixe branco servidas com molho ponzu – R$ 41) e ainda dois que achei divinos: Crispy buri carpaccio (fatias de olhete, massa crocante, ovas de massago e molho cítrico – R$ 43) e Tokubtsuna kaki (ostra fresca, gema de codorna, ouriço, molho ponzu – R$ 26).
Nos pratos quentes é que estão as variações maiores e, aí sim, as viagens pelos países do oriente asiático. Saindo do Japão e fazendo escalas em China, Indonésia, Tailândia, Vietnã e Malásia, por exemplo, com sabores diferenciados e ressaltados a cada prato, a cada mordida.
O já citado Hong Kong Praws (R$ 62) é servido de entrada e representa a China. Do Vietnã tem o Crackling vietnamese spring rolls (R$ 54), que são como os rolinhos primavera chineses, só que a folha de arroz é recheada com porco, harusame, cogumelos e pimenta, com folhas de alface formando uma tigela com ervas. Tem a Spicy thai tangerina (R$ 34), que são folhas com tiras de gomos de tangerina, cogumelos e flores comestíveis, da cozinha tailandesa, evidentemente, tanto quanto o prato principal, o clássico Pad Thai (R$ 89), o talharim de arroz frito, com camarão, ovo, pimenta (bem acentuada) e amendoim. Há uma versão vegetariana (R$ 72), apenas com legumes.
Alguns pratos me surpreenderam. Dentre eles o Crispy sichuan confit duck with pancakes (R$ 89), que é uma coxa de pato confitada, crocante por fora, marinada em especiarias e servidas com panquecas chinesas. Mas não é só isso, pôr a mesa e servir. Há um ritual, que o garçom executa, desfiando toda a coxa para permitir que o cliente vá recheando as panquecas, uma a uma. Muito bom.
De sobremesa, um Tofu cheesecake (R$ 21), servido com calda de frutas vermelhas, e
O Omatsuri mousse and cake (R$ 24), um Bolo de chocolate com castanha do pará, mousse 70% cacau e sorvete de abóbora com coco, em bela distribuição no prato (aliás, as louças são especialmente encomendadas pelo restaurante).
A confiança no chef
Kazuo Harada foi eleito como um dos dez chefs mais promissores do Brasil pela revista GQ e está entre os cinco melhores chefs do país segundo a Prazeres da Mesa. E ele mesmo é quem apresenta os dois menus-degustação, de preferência frente a frente com o interessado, que pode acompanhar, do balcão, toda a preparação dos itens a serem degustados.
É um menu-confiança, pois, embora haja componentes do cardápio fixo da casa, o chef também vai apostar muito no que chegar fresco e radiante dos fornecedores próximos. São duas vertentes, ambas no valor de R$ 270, para serem apreciadas lentamente e saboreadas com toda a intensidade. Na japonesa, o Omakase Itame contempla três a quatro sashimis, 10 a 12 niguiris e ainda uma das sobremesas. O outro viés leva o nome do restaurante, Hai Yo, e foi concebido para ser uma viagem por alguns países da Ásia. É composto por três peças do sushi bar, mais sete pratos quentes em sequência, para o cliente poder sentir toda a nuança de temperos, especiarias e sabores daquela região.
Harada não levou três vezes seguidas a estrela Michelin de graça. É um cozinheiro muito criativo e talentoso e o curitibano pode se sentir feliz pela oportunidade de poder recebe-lo em casa, para ter acesso ao melhor da gastronomia internacional.
Vale a experiência, vale muito. Está no nível de qualidade dos melhores orientais do Brasil, especialmente aqueles em torno da Liberdade, em São Paulo. Claro que os preços também se aproximam, pois os insumos e a matéria prima, de qualidade maior, são mais caros do que o normal de um rodízio corriqueiro. A vantagem está em não ter mais de ir a São Paulo ou ao Rio para poder degustar. E aí fica bem mais em barato, levando-se em conta não haver necessidade de despesa de passagem e hospedagem.
Há bons drinques criados na casa, uma carta de saquês e outra de vinhos, além de sucos com toques orientais.
O Hai Yo chega para fazer sucesso e reforçar Curitiba como polo gastronômico de primeira linha no país.
Vai funcionar de segunda a sábado, apenas para o jantar – das 19h às 23h30.
Hai Yo
Grand Hotel Rayon – Rua Visconde de Nácar, 1424 – Centro
Fone: (41) 3532-0150
@haiyo_restaurante
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