Nossa Calcário tinto safra 2015, elaborado exclusivamente com a uva Baga, recebeu 96 pontos na revista The Wine Advocate. (Fotos/ Anacreon de Téos)| Foto:
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Foi uma feliz coincidência. Na programação de uma semana em Portugal não poderia deixar, evidentemente, de me encontrar com a querida Filipa Pato, enóloga e produtora de alguns dos melhores vinhos de lá. Primeiro, pela qualidade dos vinhos que faz e, mais importante, pela amizade que ela plantou entre nós, curitibanos, nas tantas vezes que já esteve por aqui.

Combinei com ela um encontro em sua propriedade, na Bairrada, mas vai lá que me avisa estar com a programação toda alterada. Um de seus vinhos tinha obtido pontuação inédita e ela daria uma entrevista sobre isso a uma TV do Porto, para onde deveria seguir justamente na manhã que nos encontraríamos.

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Problemas? Nada disso. Decidiu que (ela e o sommelier belga William Walters, seu simpático marido) iriam me apanhar na estação de Aveiro e de lá iríamos de carro até a cidade do Porto. E foi feito. O local da entrevista seria o estrelado Hotel The Yeatman, lá no alto, com vista para toda a cidade e para o leito do rio Douro. Paisagem linda, bem de acordo com a importância de sua premiação.

Ah, sim, o motivo da comemoração. Seu vinho Nossa Calcário tinto safra 2015, elaborado exclusivamente com a uva Baga, recebeu 96 pontos na revista The Wine Advocate, do crítico Robert Parker (a mais respeitada e temida publicação de vinhos do mundo). Foi a primeira vez que um vinho da região da Bairrada teve uma pontuação tão expressiva.

À entrevista, com aquele deslumbrante cenário ao fundo, seguiu-se um almoço daqueles inesquecíveis. No próprio restaurante do hotel – 1 estrela Michelin -, onde o chef executivo Ricardo Costa (também de Aveiro, como ela) apresentou uma interessante sequência de pratos que culminou com o incomparável Leitão da Bairrada, em versão, digamos, gourmet, desossado à frente dos comensais e servido em seguida.

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Acompanhado, é claro, do vinho premiado, a nova estrela dos vinhos portugueses.

E assim se foi a tarde, mas permitindo ainda uma passadinha por Aveiro, pela sede e pelos vinhedos da vinícola, até que me deixassem na estação de Coimbra, onde pegaria o trem no início da noite.

Belíssimo dia, ótimos momentos.

Um expoente dos vinhos portugueses

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Filipa Pato é uma das enólogas mais renomadas da atualidade e elabora vinhos com refinamento e elegância. Filha de Luís Pato, o vitivinicultor português que mostrou ao mundo o potencial da região da Bairrada e da uva Baga, ela lidera o projeto Vinhos Autênticos, Sem Maquilhagem que parte de alguns conceitos como mínima intervenção nos vinhedos e valorização da autenticidade, ou seja, vinhos que revelem a expressão do terroir onde são feitos.

A enóloga trabalha com vinhas velhas que estão adaptadas à Bairrada há muito tempo (algumas videiras têm mais de 130 anos e são do período pré-filoxera, não foram enxertadas e resistiram à praga). Sua dedicação primordial é ao vinhedo, onde diz que passa 70% do seu tempo, pois acredita que com uvas saudáveis tudo se torna mais fácil na adega e não é preciso maquiar as uvas.

Desde 2014 converteu os vinhedos à filosofia biodinâmica e não usa herbicida desde 2009. O resultado tem sido excelente. Usam animais nas vinhas, como é o caso das ovelhas, que são postas lá entre novembro e fevereiro, quando ainda não há folhas nas videiras. Elas comem a erva toda. E também servem para fertilizar naturalmente o solo. E na primavera, na altura em que ocorre o ataque dos caracóis, quem são levadas para lá são as galinhas.

Filipa é química de formação, mas evita usar os produtos químicos. Nas suas vinhas e nos seus vinhos não há nenhum produto químico. Nem químicos nem adubos, tudo é compostado com a intenção de renovar o solo e criar mais biodiversidade.

Apesar de ter crescido em meio aos vinhedos portugueses, a enóloga foi buscar experiências além de suas origens para construir a identidade de seus rótulos. Depois de se formar em Engenharia Química, trabalhou em vinícolas na França (Bordeaux), na Austrália e na Argentina, até retornar a Portugal para dar início a sua produção própria. O reconhecimento internacional foi impulsionado pelo fato de, em 2011, ter sido eleita, ao lado de outros enólogos, “Revelação do Ano”, que é considerado o Oscar do vinho, pela prestigiada revista alemã gourmet Der Feinschmecker.

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Sempre com ideias vanguardistas e adepta a experimentações, Filipa Pato é também responsável pela evolução primorosa dos vinhos portugueses que aconteceu nas últimas décadas.

Chegando ao Brasil

Pois Filipa Pato está chegando por aí. Vem chancelar o reforço de estoque do vinho premiado, trazido para cá pelas importadoras Porto a Porto e Casa Flora. O Nossa Calcário tinto 2015 é elaborado exclusivamente com a uva Baga – identidade da Bairrada e por isso mesmo classificado como DOC Bairrada – e é produzido a partir de técnicas ancestrais de vinificação com mínimo de intervenção. É assinado por Filipa Pato e William Walters. O trabalho de viticultura é manual, mantendo a vegetação natural sem recurso de herbicidas. Com uma pequena percentagem de uva inteira (cerca de 10%), a vinificação da Baga é feita em lagar de carvalho inspirado no tempo dos romanos. O vinho repousa por 18 meses em pipas de 500 litros de carvalho francês (80% usado e 20% novo). Chega ao mercado ao preço sugerido de R$311,90.

William, aliás, me contou um detalhe curioso, que dá um toque brasileiro no vinho. Pelo menos a partir do nome. Disse-me ele que sugeriu chamar assim pela maneira como nós costumamos brindar por aqui: “à nossa”. Pegou e deu certo.

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E este vinho mais do que especial será a grande estrela de um jantar harmonizado que acontece nesta quinta-feira (26), no Bistrot L’Épicerie. Será a próxima edição de “La Nuit du Vin”, em parceria com a importadora Porto a Porto. O jantar será uma harmonização franco-lusitana – com cardápio criado pelo chef Gustavo Alves – que contará com as explanações de Filipa sobre seus vinhos para um seleto grupo de participantes.

Para iniciar a noite, a Mise en bouche será o Tartar de salmão e torradinhas artesanais, servido com o elegante espumante 3B Rosé Filipa Pato – um dos meus preferidos. O vinho branco FP Bical e Arinto foi o escolhido para acompanhar a entrada, uma Pescada amarela grelhada com molho holandês e aspargos.

O pontuado Nossa Calcário tinto Filipa Pato (2015), o protagonista da noite, receberá a companhia de Tournedos de filé mignon ao molho roquefort, com cogumelos Paris sautés e gratin de batatas.

Para finalizar o jantar e acompanhar o delicado Moelleux ao chocolate, o escolhido pelo gerente de vinhos da Porto a Porto, Flávio Bin, foi o fortificado Porto Messias 10 anos.

O jantar tem um custo de R$ 160 por pessoa + serviço. As reservas podem ser realizadas pelo telefone (41) 3079-1889, após as 16h. Valet no local a um custo de R$20.

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Os vinhos do jantar

3B

Espumante elaborado com as uvas Baga e Bical de, em média, 30 anos de idade, na região da Bairrada, pelo método tradicional (com a segunda fermentação em garrafa). As uvas são colhidas manualmente e o mosto fermenta com leveduras indígenas em toneis de 650 litros e cubas de inox. Na degustação, apresenta cor salmão brilhante, borbulhas numerosas e intensas. Seus aromas lembram framboesa, fermento de pão e toque tostado. Em boca é seco, frutado e possui excelente acidez.

Preço sugerido: R$95,10

FP Bical e Arinto 2017

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Vinho branco elaborado na Bairrada com as uvas Bical e Arinto, classificado como IGP Beira Atlântico. Depois de passar por uma leve prensagem, o mosto fermenta 80% em tanque e 20% em toneis usados de carvalho francês. Na degustação, percebe-se iodo e sal, pela forte influência do oceano; notas defumadas características do solo calcário; lima e abacaxi, típicas da uva Arinto; e pera e maçã da uva Bical. Esta safra recebeu 92 pontos na revista Decanter.

Preço sugerido: R$86,90

Nossa Calcário tinto 2015

Elaborado com a uva Baga e classificado como DOC Bairrada, é produzido a partir de técnicas ancestrais de vinificação com mínimo de intervenção. É assinado por Filipa Pato e seu marido, o sommelier William Walters. O trabalho de viticultura é manual, mantendo a vegetação natural sem recurso de herbicidas. Com uma pequena percentagem de uva inteira (cerca de 10%), a vinificação da Baga é feita em lagar de carvalho inspirado no tempo dos romanos. O vinho repousa por 18 meses em pipas de 500 litros de carvalho francês (80% usado e 20% novo). Esta safra recebeu 96 pontos no Robert Parker.

Preço sugerido: R$311,90

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Post-Quercus 2015

Também assinado por seu marido, o sommelier William Wouters, este vinho é elaborado com a uva Baga, proveniente de diversos microclimas da Bairrada. As uvas são colhidas e selecionadas manualmente e então o vinho fermenta e estagia em ânforas de barro, que mantêm a temperatura correta para a vinificação, técnica que possibilita a troca de oxigênio e taninos mais macios, além de os aromas serem mais delicados do que seriam se o vinho fosse elaborado por outro processo. O resultado é que o vinho pode ser desfrutado também mais jovem, além de ter potencial de guarda de aproximadamente 8 anos. O nome Post-Quercus significa depois do carvalho. Na degustação apresenta aromas de frutas delicadas como cereja e ameixa e em boca é muito suculento. É apresentado em garrafas de 500ml. Esta safra recebeu 90 pontos no Robert Parker.

Preço sugerido: R$161,90

Em Curitiba, onde encontrar: Armazém Varadouro, O Bodegueiro e Celeiro Municipal.

Bistrot L’Épicerie

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Rua Fernando Simas, 340 – Bigorrilho

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