O mesmo esmero que Lênin Palhano aplica na elaboração de seus pratos deve ser seguido na montagem do take away.| Foto: Munir Bucair Filho/ Divulgação
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Há gente corajosa em toda parte. Abrir um negócio nesse período de trevas é a maior demonstração, num meio em que tantos estão fechando.

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Foi o que aconteceu com Lênin Palhano, quando, na virada do ano, abriu seu Obst. (escrevi, confira aqui). E já bombou desde a estreia, com mesas lotadas dentro e fora da casa. Com todos os cuidados e seguindo os protocolos determinados de distância entre as pessoas.

Mas vieram as oscilações de cores a cada semana, conforme o humor dos governantes da cidade. Amarelo, vermelho, laranja... não havia quem pudesse garantir o dia de amanhã, pois os anúncios de maior ou menor rigor eram anunciados quase sempre de véspera.

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Os restaurantes, de uma maneira geral, tentaram de adequar à nova realidade de instabilidade e a grande maioria conseguiu se acertar. E foi aí, passado um tempo fechado, sem opções de delivery ou take away, que o chef Lênin Palhano também teve de encontrar um novo rumo, uma alternativa razoável.

Afinal de contas, para quem ousara encarar uma pandemia para abrir casa nova, não seria tão complicado assim. Foi, claro, pois o que Palhano serve lá é diferente, são praticamente obras de arte, que não poderiam se encaixar nos socos e solavancos da entrega em casa.

Mas, criativo como é, ele deu um jeito. E está anunciando a “Conexão Obst.”, serviço de menus inéditos, para duas pessoas, com retirada no balcão do restaurante e para consumo em casa. Assim como no espaço físico, o menu take away muda todos os dias, de acordo com a disponibilidade dos melhores ingredientes e seguindo a evolução das pesquisas às quais a equipe se dedica.

A estreia do novo serviço será nesta quarta-feira (24) e o primeiro menu proposto contém Stinco de porco Moura; Caldo de porco cremoso, com gergelim picante; Couscous Marroquino com vegetais, limão e frutas secas; Batata-doce assada, com shiitake e ovo estalado; e Couve-flor com maçã, amêndoas, coentro e limão.

Já para o almoço de domingo, que já está programado, será possível saborear em casa Peito de pato na brasa; Creme de cebola caramelizada no conhaque e tomilho; Mini arroz cremoso, com cogumelos e queijo tulha; Pupunha, figo laqueado em mel, mostarda e presunto Yaguara; e Cenoura assada, picles de nabo e agrião com grana padano 18 meses.

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O menu “Conexão Obst.” conta ainda com opção de sobremesa - Torta de queijo Cuesta com calda de doce de leite e fava tonka - e sugere dos coquetéis mais consagrados do mixologista da casa, Zé Swaiger, como o Punch Clarificado (gin com infusão de abacaxi, mamão e suco de limão clarificado), o cítrico e refrescante Pomar (vodca com pera, licor de flor de sabugueiro, açúcar e suco de limão) e a versão do Obst. para o clássico Negroni (gin, vermute rosso e mix de Campari, Aperol e bitter de laranja).

A imersão gastronômica “Conexão Obst.” é limitada a 20 refeições por dia, serve duas pessoas e custa R$ 350. O menu de cada dia pode ser conferido nos destaques dos Stories, no Instagram da casa (@obst.lugar).

Os pedidos devem ser feitos pelo telefone ou WhatsApp do restaurante (41 98822-2667), onde a encomenda deverá ser retirada pelo cliente, mediante agendamento (horários de quarta-feira a sábado, das 18h às 21 horas, e aos domingos das 12h às 14 horas), com pagamento antecipado por Pix.

A operação do Obst. em modalidade take away estará disponível somente durante o período de medidas mais restritivas para contenção  da pandemia de Covid-19.

(Bem que eu tentei obter uma foto com as embalagens especiais de take away, mas aí fiquei sabendo que elas vão chegar em cima da hora, nesta quarta mesmo.)

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Obst.

Alameda Prudente de Moraes, 983 – Centro

O Negroni personalizado do bartender e mixologista Zé Zwaiger também pode ser incluído no pedido do take away. | Foto: Foto/ Divulgação

Os desmandos da pandemia

Aproveitando o gancho da inovação de Lênin Palhano, de vez em quando fico a pensar sobre o que pode estar passando na cabeça desse pessoal de restaurantes, bares gastronômicos e afins.

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Além de – como todos nós – estarem vivendo momentos de exceção por conta dessa cruel pandemia ainda têm de sujeitar aos humores e à instabilidade administrativa de nossos governantes. Ora pode, ora não pode. Ora abre tudo, daí fecha todo. Mas não tudo, pois esse ou aquele podem ficar abertos.

Daí o sujeito se prepara para o fim da semana, faz todas as compras e na sexta à tarde as autoridades determinam fechamento. E lá se vão todos os perecíveis adquiridos naquele dia.

O pessoal da feijoada, dia desses, ficou até tarde da noite de sexta-feira preparando a iguaria para ser servida no sábado e ainda na sexta, às 23h45, veio o decreto da bandeira vermelha, válido para dali 15 minutos. Fazer o quê com quilos e quilos de feijoada pronta e saborosa para quem não tem delivery, já que nem take away era permitido?

Difícil, muito difícil lidar com incoerentes e despreparo. Mas quem paga a conta é exatamente esse pessoal, que, sabe-se lá até quando terá fôlego para sustentar (não a pandemia, pois essa é de todos nós, mas os mandos e desmandos).

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