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Chef de Curitiba é jurada em conceituada premiação francesa que elege os 18 melhores do mundo

Chef Manu Buffara cozinha neste sábado em Bruxelas e depois é jurada em competição gastronômica internacional. (Foto/ Divulgação) (Foto: )

A chef Manu Buffara representa o Brasil. tem agenda cheia na Europa, com eventos na Bélgica e na França. (Foto/ Divulgação)

A chef paranaense Manu Buffara está entre os 100 jurados internacionais que vão escolher, nesta segunda-feira (18), os melhores do mundo gastronômico, em 18 categorias, com premiação aos restaurantes do mundo inteiro.

Manu (Restaurante Manu) terá a companhia de outros dois brasileiros nesse seleto grupo: o chef Alex Atala (D.O.M.) – o principal ícone da cozinha brasileira – e a jornalista e crítica gastronômica Alexandra Forbes, que atualmente mora na França.

Esse painel cosmopolita, multicultural, equilibrado por gênero de especialistas em restaurantes inclui jurados de 37 nacionalidades diferentes, reunindo chefs renomados e restaurateurs, além de figuras influentes na mídia, editores de livros, cineastas, cientistas do sistema alimentar, ativistas e militantes. Tais como Massimo Bottura, René Redzepi, Ana Roš, Margot Janse, Mauro Colagreco, Andoni Luis Aduriz, Clare Smyth, Elena Arzak, Virgilio Martinez e Yoshihiro Narisawa, só para ficar entre alguns dos mais famosos.

Trata-se do The World Restaurant Award 2019, premiação criada pela IMG, uma empresa líder em eventos, atuando em mais de 30 países, em parceria com os críticos gastronômicos Joe Warwick (co-fundador do 50 Best Restaurants) e Andrea Petrini (criador do Gelinaz). O objetivo é comemorar restaurantes como cultura, considerados da mesma forma como o cinema, arte e música. Isso significa que as categorias relevantes/progressivas são julgadas com integridade por um painel perito, em uma tentativa de refletir melhor a escala e a diversidade verdadeiras da cena internacional do restaurante: dos inovadores, de jantares finos, aos estabelecimentos humildes, acessíveis; das principais capitais culinárias para destinos mais remotos.

Três restaurantes brasileiros estão concorrendo ao prêmio, dentre eles o curitibano Madalosso, na categoria Enduring Classic. Os outros dois são o paulistano Mocotó e o Oteque, aberto pelo chef paranaense Alberto Landgraf no Rio de Janeiro (confira aqui matéria publicada no Bom Gourmet).

A edição de lançamento terá lugar em Paris, o berço dos restaurantes no mundo ocidental.

Cozinha beneficente

Mas a viagem de Manu Buffara à Europa não se resume apenas à participação na premiação do The World Restaurant Award 2019. Ela já está na Bélgica, onde cozinha neste sábado (16), ao lado de chefs estrelados e famosos em prol de uma causa social da chef holandesa Margot Janse, que há dois anos deixou de lado sua função em restaurante estrelado na África do Sul para se dedicar inteiramente à alimentação de 1300 crianças naquele país, em duas escolas primárias no vale do vinho, Franschhoek, bem como almoços à base de proteínas e café da manhã para 200 crianças em idade pré-escolar. Isto equivale a aproximadamente 336.980 refeições nutritivas por ano.

Margot Janse, a chef anfitriã do evento beneficente. (Foto/ Divulgação)

O projeto de caridade de Margot se chama ‘Isabelo, Feeding Hungry Minds’ (Isabelo, alimentando as mentes famintas) e foi iniciado em 2009. Nesse grande evento de Bruxelas, Margot será acompanhada por uma equipe de 25 chefs internacionais da primeira linha, dentre os quais May Chow, Mauro Colagreco, Rodolfo Guzmán, Pía León, Virgilio Martínez, Alain Passard, Ana Roš e Heinz Reitbauer. Esta é a primeira vez que tal iniciativa acontece. Um menu exclusivo de 10 pratos será servido, cada prato terá sido criado especificamente para a ocasião e incluirá um ingrediente indígena sul-africano específico.

Sour fig, o ingrediente sul-africano que Manu Buffara escolheu.

O ingrediente escolhido por Manu é o “sour fig”, o figo azedo, uma espécie de planta suculenta, rastejante, nativa da região do Cabo, na África do Sul.

Os cozinheiros estarão divididos em três restaurantes.

Christophe Hardiquest do Bon Bon Restaurant, juntamente com Margot Janse, receberá Maksut Askar (Neolokal, Istambul), Manu Buffara (Manu, Curitiba), Willem Hiele (Willem Hiele, Koksijde, Bélgica), Chiho Kanzakida (Virtus, Paris), Alain Passard (L’Arpege, Paris) e Ana Roš (Hisa Franko, Eslovênia).

Karen Torosyan, do restaurante Bozar, juntamente com Margot Janse, receberá a chef Isabelle Arpin (Isabelle Arpin, Bruxelas), Pascal Barbot (L’Astrance, Paris), Emma Bengston (Aquavit, Nova York), Christophe Pele (Le Clarence, Paris), Heinz Reitbauer (Steirereck, Viena) e os chefs belgas Sang Hoon Degeimbre (L’Air du Temps) e David Martin (La Paix).

No Le Chalet de La Foret , Pascal Devalkeneer e Margot Janse receberão Joris Bijdendijk (Rijks, Amsterdã), May Chow (Little Bao, Hong Kong), Mauro Colagreco (Mirazur, Menton), Rodolfo Guzman (Borago, Santiago), JP McMahon (Aniar, Galway, Irlanda), Virgilio Martinez e Pia Leon (Central, Lima) e Viljhjalmur Sigurdarson (Souvenir, Gent, Bélgica).

O preço para os jantares é de EUR 320 por pessoa, que inclui aperitivo, vinhos, água, além do menu de 10 pratos. Os recursos angariados destes jantares serão doados para a ação social de Margot Janse.

Cozinha e arte na França

No domingo (17) a chef paranaense já segue para a França, onde, à noite, em Menton – Riviera Francesa -, tem mais um compromisso gastronômico. No restaurante dupla estrela Michelin Mirazur faz um mutirão na cozinha com o dono da casa, o chef argentino Mauro Colagreco (com quem esteve recentemente nas férias de Florianópolis), mais o peruano Virgilio Martinez (Restaurante Central, Lima), a também peruana e esposa de Virgílio Pía León (eleita a melhor chef mulher da América Latina) e o chileno Rodolfo Guzman (Boragó, em Santiago). A proposta é que seja uma cozinha descontraída, cada um se encarregando de um prato, como se fosse um coquetel.

Depois do almoço de segunda-feira, um tempo para respirar, enquanto aguarda as colegas e amigas chefs Rosane Radecki (Girassol) e Claudia Krauspenhar (Ka.sa), mais a especialista em queijos Flávia Rogoski (Bom Vivant), para, juntas, irem a Montpellier, para o Cookbook ‘ 19, um mega evento de gastronomia e arte.

Unindo 25 chefs e 20 artistas de todo o mundo, Cookbook ‘ 19 explora as conexões entre artes e culinária e o questionamento sobre em que ponto as obras de arte podem ser comestíveis e cozinhar ser obra de arte. O acontecimento lida com as últimas tendências em artes e culinária, como micro-organismos e seus efeitos em corpos, como produtos sem glúten e veganos, identidades culturais e locavorismo.

Aberta no último dia 8 e devendo se estender até maio, a mostra apresenta uma convergência única de preocupações e práticas que retratam uma nova geração de criadores ligados pelo desejo de experimentações, o foco no meio ambiente e a ativação de nossos sentidos.

A curadoria é de Andrea Petrini e apenas dois chefs brasileiros estão na relação dos 25 selecionados em todo o mundo: os paranaenses Manu Buffara e Alberto Landgraf.

Agenda cheia, portanto, para a nossa cozinheira mais importante.

(Ah, sim… ela chega de volta no fim do mês e dali alguns dias, no Carnaval, estará na Argentina, Patagônia,  cozinhando com Francis Mallmann, o mestre do fogo.)

Haja fôlego!

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