MiuQ – o que será isso?
Foi o que me ocorreu pensar quando constatei haver novo seguidor no Instagram.
Já de pronto tentei relacionar com um sobrenome eslavo. Mas era muito curto para tal.
E se fosse ao contrário? Quim poderia ser, diminutivo de Joaquim.
Aí fui lá ver e dizia “restaurante”, com algumas poucas publicações e uma delas reproduzindo, do dicionário, a palavra deleite. E mais várias imagens em preto e branco, de vacas e de mulheres batendo alguma coisa na bacia.
Deleite, miuq... não batia porque eu estava pronunciando miúq. Ao mudar a acentuação, tudo se esclareceu: míuq, milk, leite, deleite. O tal restaurante deveria ter alguma coisa a ver com leite. E tinha.
Pesquisando os seguidores do MiuQ constatei que todo o staff do Officina Bar estava lá. Proprietárias e cozinheiros. E aí, conferindo o endereço descobri que ficava ao lado.
Bingo! Era o tal segundo estabelecimento deles, que a Cristiana Brenner havia me anunciado ainda no início do ano. Dizia, na ocasião, estar com planos de abrir um restaurante descolado, diferente, nada a ver com o Officina, bar gastronômico consolidado.
Tudo com leite
Fui lá, é claro, curioso que sou. Para descobrir que todos os itens do cardápio contêm leite, de uma forma ou de outra. De vaca, de cabra, de ovelha, de búfala, de coco, de amendoim, de caju... seja do que for, mas leite.
A ideia começou a amadurecer lá no começo, quando o imóvel vizinho foi alugado – era para ter sido inaugurado em abril, mas a pandemia segurou tudo. João Guilherme, ex-marido de Cristiana e pai de Olívia – as duas sócias do empreendimento – era ligado ao gado e à produção de leite.
Anos atrás, numa viagem aos Estados Unidos, Cristiana encontrou, em Seattle, o Beecher’s, um empório ou mercado que só vende produtos à base de leite. Aquela lembrança também voltou e norteou o rumo do restaurante que iria surgir. E o nome veio numa brainstorming de planejamento, quando Olívia começou a rabiscar e surgiu a palavra MiuQ. Pronto, a nova casa estava batizada.
Foi inaugurada há pouco, na sexta-feira passada (27/11), sem alarde nem nada. É um imóvel estreito e longo, exatamente como o vizinho Officina, cujos chefs, Felipe Machoski e Victor Verona, também são responsáveis pela criação e execução do menu.
Menu curto, simples e muito inspirado, diga-se. Entre as entradas, tem a Coxinha de camarão com catupiry de caju & vinagrete de pimentão verde (R$ 37). São três unidades, que vêm numa caixinha igual à embalagem do conhecido queijo Catupiry, só que, reparando bem, está escrito “Cajupiry”, pois é feito a partir do leite obtido da castanha-de-caju crua e tem um sabor muito semelhante.
Outra entrada atraente é o Queijo Morro Azul, biscoito de polvilho & favo de mel (R$ 55). O queijo é uma delícia e já bastante conhecido entre os apreciadores. É feito pela Alimentos Pomerode, na cidade do mesmo nome, em Santa Catarina, e vem envolto em uma cinta de madeira, inspirado no queijo suíço Vacherin Mont d’Or. Muito cremoso, é servido com biscoito de polvilho rasgado em forma de nachos e se dá muito bem com o charmoso naco de favo de mel.
Mas tem também profiteroles. Quem vê o prato montado imagina tratar-se do famoso doce de linhagem francesa. Qual nada. Os Profiteroles de Stracciatella, manjericão & caldo de cebola brûlée (R$ 37) têm a mesma aparência, mas os bolinhos originais são substituídos por pão de queijo, o creme do recheio pela stracciatella (o recheio da burrata) e a calda de chocolate por um incrível caldo de cebola agridoce que foi uma das melhores sensações de prazer no paladar que tive nos últimos tempos.
Ainda há outras opções de entrada, no mesmo caminho, inclusive um Carbonara em bocados & muito Pecorino (R$ 41).
Há cinco propostas de prato principal. Hesitei ao pedir, fiquei na dúvida, mas optei por um Surf ‘n’ turf: risoto de moqueca, leite de coco, vieiras grelhadas & bacon (R$ 79). Estava bem apetitoso, embora o gosto de pimentão se sobressaísse um pouco além dos demais ingredientes. O arroz é cozido no molho normal de moqueca processado e coberto por vieiras grelhadas e tiras finas de bacon, também tostadas. O prato é individual e bem em boa porção.
As outras alternativas são Medalhão de carne de sol, pirão de queijo coalho, farofa de manteiga de garrafa & glace de rapadura (R$ 63), Pot pie de fricassê de cordeiro, com requeijão cremoso de búfala (R$ 61), Cacio & pepe Mac’n’cheese, com crocante de pão de queijo (R$ 53) e um Ravióli de camembert de cabra, damasco & nuts com creme de espumante (R$ 59).
Mantendo o espírito dos trocadilhos, as sobremesas são Chocomiuq: mugcake de chocolate com creme anglaise de leite de amendoim (R$ 29), Miuqshake: de leite de sucrilhos com doce de leite caseiro (R$ 21), Pudim deleite-se na lata de leite condensado (R$ 25) e Romeu & Julieta: sorvete de iogurte de ovelha, goiabada, folha de ouro & chocolate branco no palito (R$ 29).
Como foi possível perceber, há pratos que contemplam aqueles intolerantes à lactose, utilizando leites vegetais, como os de coco, amendoim e castanhas, por exemplo. Estes pratos estão bem definidos no cardápio, com a ilustração de uma folha, para significar ser inteiramente vegetal.
Todos os pratos são finalizados à vista do cliente, com fogão, fornos e outros utensílios logo do outro lado do balcão. Verona e Machosky se alternam entre as cozinhas do MiuQ e do Officina, mas há cozinheiros previamente treinados para darem conta do serviço, com esmero e dedicação.
Queijos & vinhos
Há uma boa carta de vinhos, com rótulos da importadora Porto a Porto, que podem harmonizar com qualquer um dos pratos e também com o Deleite-se (R$ 55), uma tábua de queijos de dar água na boca, reunindo alguns dos mais expressivos queijos de fabricação nacional, justamente no melhor momento do queijo brasileiro.
A tábua contém os queijos Cuitelo (Irmãos Bruno & Enzo - Itapeva/MG), que foi medalha de prata no Mundial do Queijo Brasil, é feito de massa cozida e casca lavada e maturado por 60 dias, possuindo sabor marcante, salgado e picante ao mesmo tempo; o incrível Lua Cheia (Laticínio Serra Das Antas - Bueno Brandão/MG), um queijo com alta cremosidade, casca recoberta com uma fina camada de carvão vegetal, que ajuda na maturação e crescimento de um delicado mofo branco, tendo sabor suave, porém muito marcante (adoro esse queijo); Requeijão com Raspa (Queijaria Cabeça D’Anta - Pará de Minas/MG), um requeijão artesanal em barra, super cremoso, contendo no meio os queimadinho da raspa do tacho, que trazem um sabor especial; e o venerado Tulha (Fazenda Atalaia - Amparo/SP), que é maturado por 12 meses, de massa quebradiça, com cristais, paladar umami, com notas frutadas e que foi medalha de ouro por 2 anos consecutivos no Prêmio Queijo Brasil e medalha de ouro no World Cheese Award, na Espanha.
Perfeito para compartilhar e passar momentos muito agradáveis.
É tudo muito bacana. O MiuQ cumpre todas as recomendações do protocolo da Covid-19, disponibilizando garrafinhas de álcool gel, distanciando lugares e apresentando o cardápio em QR Code, para evitar o manuseio de menu físico.
É alto astral, descolado, a música ao fundo não pretende concorrer com as conversas e a brigada de serviço é muito simpática e eficiente.
Enfim, um ótimo lugar para sentir prazer em estar, comer e beber.
O restaurante funciona de segunda a sábado, das 19h às 22h.
MiuQ Restaurante
Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1160 – Bigorrilho
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