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Mukeka se reinventa e tem casa cheia

Pato assado com risoto de pequi – delicioso, um prato inesquecível. (Foto/ Anacreon de Téos)

Dadinho de tapioca, Bruschetta de camarão e Trouxa de siri – algumas das entradas do Mukeka. (Foto/ Anacreon de Téos)

Dias atrás, ao publicar uma postagem sobre o sucesso do Aizu, mantendo o pique da casa cheia em um ano de atividade, ouvi de seu proprietário uma explicação sobre o funcionamento em tempos de crise: “já abri o restaurante na crise, então é só saber manter e tocar em frente”.

Isso me remeteu a outra frase, de outro restaurateur que admiro muito, também pela coragem como decidiu enfrentar os dias difíceis que o país está vivendo. Fabrício Dantas, o proprietário do Mukeka – Cozinha Brasileira, diz que só a criatividade pode superar os percalços. E como não só falou e sim agiu, o restaurante vive lotado em todos os horários possíveis, pois, em vez de restringir o funcionamento, ampliou cada vez mais o horário de funcionamento, valorizando o Happy hour (no verão), instituindo o almoço executivo, abrindo também nas noites de domingo e de segunda – consideradas tabus no meio. Enfim, partiu pesado para apresentar o seu melhor trabalho. E venceu.

Depois de dar uma revisão geral nos conceitos e na gestão, sob consultoria do inspirado e competente chef Rodrigo Martins, o Mukeka agora conta também com o reforço de Claudinei Oliveira (bom cozinheiro, chef experiente e sensível, ex-Bar do Victor) na cozinha, na administração dos pratos novos em seu cardápio. Da entrada à sobremesa, somando nuanças inéditas aos itens já consagrados pela aprovação dos clientes.

Combinei um menu-degustação com o chef, para poder ter noção básica do que foi inserido entre os componentes da ementa. Primeiro vieram os beliscos, ou entradas, incluindo os tradicionais Dadinhos de tapioca com geleia de dedo-de-moça (no cardápio normal da casa desde a fundação, 12 unidades a R$ 22). E as novidades eram a Trouxa de siri (5 por R$ 26) e a Bruschetta de camarão (5 por R$ 29). Adorei a ideia da Trouxa de siri, pois o catado de siri é envolto por uma fina lâmina de palmito pupunha, que até parece um envelope. Além disso, a combinação de sabor e textura é bem interessante. Na bruschetta, um probleminha: difícil equilibrar os camarões inteiros ali em cima da fatia de pão. Para se comer com as mãos – como convém a uma bruschetta -, impossível, pois os camarões caem. Sugeri cortá-los em pedaços, grandes, mas pelo menos que melhor possam se adequar à superfície do pão. Mas, de sabor, tudo bem, ainda mais combinando com o vinagrete de maçã verde que a acompanha.

Arroz caiçara de frutos do mar. (Foto/ Anacreon de Téos)

O primeiro prato principal foi um Arroz caiçara de frutos do mar (R$ 58, bem servido). Nada de risoto, até o arroz é diferente, o comum de nosso dia a dia. Trata-se de uma bem temperada combinação de arroz, caldo de moqueca e frutos do mar (no caso, camarão, lula, mexilhão, peixe, polvo e vôngole). Muito gostoso, caprichado, deve fazer sucesso.

Mas nada se compara ao que veio depois, um dos melhores pratos que comi nesse ano: Pato assado com risoto de pequi (R$ 66). A coxa de pato é confitada – cozida por horas na própria gordura, em fogo baixíssimo – e depois assada, para ser servida com o molho da própria Demi glace (no vinho tinto, com um pouco da Demi glace de carne). Vem macia, se desmanchando, como convém a uma coxa confitada. Mas de sabor incrível, perfeita harmonia com o risoto, que leva pequi em conserva (na falta do fresco por aqui) e alguns cubinhos de cenoura e abobrinha para a necessária crocância.

Bolinho de tapioca com doce de leite e sorvete de cumaru – a sobremesa. (Foto/ Anacreon de Téos)

De sobremesa, novamente a brasileiríssima tapioca daqueles dadinhos lá do início. Desta vez como Bolinho de tapioca com doce de leite e sorvete de cumaru (a baunilha brasileira), para fechar a noite em grande estilo.

Mukeka com moquecas

Agora, com os pratos novos, o cardápio do Mukeka fornece ainda mais alternativas de cozinha bem brasileira, com ingredientes da terra e da água, bem de acordo com a proposta inicial da casa, de valorizar a grande riqueza gastronômica nacional. A única questão que mudou em relação ao projeto inicial é que presentemente o Mukeka também tem moquecas. Explico: lá no começo os clientes chegavam, atraídos pelo nome, e queriam saber das moquecas. E só existia uma, a baiana, pois a ideia era a de ter o nome não em razão dos pratos (baiano ou capixaba), mas sim pela relação com a forma de cocção, aquele cozimento na panela de barro que vem lá de trás, dos tempos dos índios, das raízes bem brasileiras. Ficou bem claro naquele post que publiquei em fins de 2013, dias antes da abertura oficial do restaurante (confira aqui), mas muita gente ficava frustrada com a constatação.

E aí vem novamente o tirocínio de Dantas, que, voltado para a demanda do mercado, decidiu incluir opções variadas de moquecas, a merecerem uma página exclusiva do cardápio. São quatro diferentes (oito, em dois tamanhos) de peixe, camarão, mista de peixe e camarão e de frutos do mar. E uma especial, vegetariana, também em dois tamanhos, feita de legumes e banana-da-terra, acompanhados de arroz de coco, pirão de leite e farofa da casa. Confira os preços no site.

Este é, portanto, o Mukeka, revigorado, repensado sem perder a linha original e fazendo sucesso junto aos seus clientes, que mantêm os salões cheios em busca sempre da melhor comida brasileira, segmento em que se tornou uma das principais referências pelas bandas de cá.

E, se é restaurante brasileiro, tem feijoada aos sábados, claro. A R$ 44.

Ah, sim, tem uma carta de vinhos muito bem cuidada, outra de cervejas e um bar superequipado a oferecer drinques e coquetéis de todos os matizes e para todos os gostos.

Mukeka Cozinha Brasileira

Rua Machado de Assis, 417 – Juvevê

Fone:(41) 3156-3028

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