Vamos reconhecer. Não é por acaso. Junior Durski sabe o que faz.
Em casa, naquela de discutir o que comer, onde ir, bateu a vontade: Madero. Carne, hambúrguer, ainda não se sabia bem de quê. A certeza era a de Madero, não por acaso a melhor carne de Curitiba, seja qual for a comparação.
Mas segunda-feira, dia de restaurante fechado? E logo nessa semana de Curitiba vazia (ah, e como é bom!), entre Natal e Ano Novo? Qual Madero estaria aberto, sem contar os dos shoppings? Na dúvida, torpedo para o chef Junior Durski. Resposta: “Todos”. Em seguida, uma explicação mais detalhada: “Pensamos que faz parte do bom atendimento estarmos abertos e não criarmos confusão em relação a dias e horários em que estão abertos ou fechados nossos restaurantes”. E, aproveitando, já anunciou: “A partir de 1º de janeiro de 2012 abriremos todos os dias em todos os Maderos, inclusive vésperas de Natal e Ano Novo etc.”
Ia ser maldoso e dar um repique, perguntando sobre a Sexta-feira Santa, quando a maioria dos brasileiros não come carne, mas… deixa pra lá.
Fato que estávamos com todas as casas à nossa disposição. Reserva? Numa segunda-feira derradeira de dezembro na vazia Curitiba? Não seria necessário pensar nisso. Era o que imaginávamos e estávamos completamente enganados. A primeira opção seria a mais próxima de casa, a Maderoland, ou Durskiland, aquele quase-parque temático inaugurado no ano passado, na Comendador Araújo. Como a Graça não conhecia, pareu a alternativa mais interessante.
Chegamos antes das 20h. Isso mesmo, ainda com a luz do dia. Havia apenas uma mesa ali na pracinha, mas não quisemos. Daí surgiu outra lá em cima, no deck da cervejaria, mas estaria do lado de uma supermesa de aniversário. Barulho à vista! E lá dentro, no Maderão? Sem perspectiva.
Como era cedo, agradecemos a simpatia e a presteza da mocinha da reserva (bem profissional, bem treinada) e decidimos encarar as outras opções. Aqui é um misto de parque temático com restaurante, deve ser essa a razão de tanta gente – imaginamos. E fomos em frente.
Primeira opção, ali meio perto, o novo Madero Praça Espanha, recém-inaugurado (foi dia desses, não me lembro, acho que não fui convidado para o evento). Paramos na frente e perguntamos ao valete se estava cheio. “Espera de uma hora e meia” – respondeu. “Uma hora e meia?” – soou a sirene do absurdo. “Mas lá pelo centro antigo está mais tranquilo”.
Mais ou menos. No Madero tradicional, do São Francisco, onde tudo começou, estava lotado. Cheio, mas com a possibilidade de uma espera curta, no balcão, já sorvendo o vinho que iria à mesa. Mas como ali pertinho estava o (outro) novo Madero, oficialmente denominado “Madero Burger & Grill Relógio das Flores”, não custava arriscar uma pequena caminhada. Mesmo porque seria a oportunidade de conhecer a casa (que frequentei muito antigamente, quando era Galeria Acaiaca), para a qual (aí sim) fui convidado para alguns eventos, principalmente as feijoadas, e nunca pude comparecer.
Ainda tinha lugar, mas foi por pouco. O local é lindo, sem qualquer concessão. Foi projetado pela sempre inspirada arquiteta Kethlen Ribas Durski, responsável por todos os projetos da rede. O imóvel, datado de 1890 teve sua fachada revitalizada e seu interior remodelado. O casarão que abriga o restaurante teve inspiração em bares e restaurantes de ruas da Europa e é dividido em cinco ambientes: três salões internos e dois ambientes externos (que a fria noite do verão curitibano inibiu). O pé direito bem alto é bastante valorizado pela iluminação projetada pela arquiteta. Um detalhe particular dos salões são as molduras nas janelas, que são altas e mantêm a estrutura antiga do imóvel.
Começamos com a Pupunha na brasa, passamos para o Filé argentino (com a indispensável maionese de jeitão caseiro), bebemos um vinho italiano e, em dois, pagamos R$ 150, com alguns quebrados. E quando saímos, plenamente satisfeitos (ah, dividimos os dois pratos), notamos que mais um Madero estava lotado e que, apesar da fria noite do verão curitibano, as mesas lá de fora, do deck, já estavam sendo acirradamente disputadas.
A inevitável constatação. Administrador experiente, pelas atividades anteriores até se revelar um cozinheiro de primeira linha, Junior Durki tem a vantagem de saber como tocar seu negócio. E, como no “toque de Midas”, tudo que se propõe a fazer dá certo. Ou alguém teria alguma explicação para quatro casas lotadas (e aposto que as informações do Cabral seriam as mesmas) em plena segunda-feira de semana teoricamente morta numa cidade já não tão animada assim.
E aí vem a explicação de tantas novas casas, tantos novos Maderos estarem programados para serem inaugurados no ano que vem, espalhados pelo Estado do Paraná – e mais alguns fora do eixo. Junior Durski tem a fórmula do sucesso, embora não faça muita questão de ficar contando por aí. Tem bicho-carpinteiro no corpo e não para de programar e realizar. Importante é que faz e muito mais que bem feito.
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