Os vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, servidos em jantar harmonizado no DOP Cucina.
Ravióli de bacalhau ao pomodoro basílico, a entrada.
Filé mignon envolto de massa folhada recheada com presunto cru e cogumelos frescos servidos numa cama de demi-glace e vagem envolta de finas fatias de bacon.
Mignon de Leitão com crosta de farofa de pão, temperado com molho de uvas frescas, guarnecido com tagliatelle de tomate e espinafre puxado na manteiga e sálvia.
Duo de cordeiro (Paleta assada e Costeleta grelhada) com molho próprio assado e acompanhado de Risoto de trufas brancas e negras.
Mousse de chocolate (70%) do vale do Xingu e amêndoas laminadas e levemente tostadas – a sobremesa feita especialmente para combinar com o Dows Nirvana.
Gilberto Prado, cozinheiro talentoso, chef eficaz do DOP Cucina.
Um jantar muito especial, harmonizado com vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, abriu a temporada de eventos da Importadora Épice no Paraná.
Foi dias atrás, no restaurante DOP Cucina, dos irmãos Cartaxo, e contou com a presença da trade da vinícola no Brasil, Ana Sílvia Grimaldi, que apresentou, um a um, os vinhos servidos ao restrito grupo de convidados.
A malhadinha Nova é uma típica herdade familiar portuguesa, situada em Albernôa, no coração do Baixo Alentejo. Desde 1998 a paixão e o empenho da família levaram à transformação de terras há muito abandonadas em solos capazes de dar vida a produtos genuinamente alentejanos e de elevada qualidade. As perfeitas condições climáticas do Alentejo, os solos xistosos e as suaves encostas bem drenadas da propriedade formam o Terroir da Malhadinha Nova em condições únicas para a produção de vinhos com caráter próprio e de grande qualidade.
Foi o que se constatou na apresentação dos rótulos que chegam ao mercado nacional. Começando um branco bem leve e fresco, o Monte da Peceguina 2010 (R$ 69), das uvas Antão Vaz (60%), Verdelho (20%), Roupeiro (10%) e Arinto (10%), que já causou uma impressão muito agradável, antecipando o que poderia vir pela frente.
E aí começou a entrar em cena também o talento do chef Gilberto Prado e de sua brigada. Nunca muito chegado às luzes e à badalação, Prado se concentra em suas panelas e faz do DOP um restaurante de referência em Curitiba. Como exemplo, o que nunca tem erro por lá: o ponto da carne. Se o cliente pedir ao ponto, mal passada, do ponto pra menos ou o que for, o prato vai chegar à mesa exatamente da maneira como foi sugerido. Ótimo atributo, para se evitar desculpas sem sentido dos garçons ou o pedido de um novo prato.
A harmonização começou com um Ravióli de bacalhau ao pomodoro basílico, de sabores simples e diretos, servido de entrada. O recheio de bacalhau da massa com sabor delicado, tomate na medida, manjericão na medida e o bom entrosamento com o branco Antão Vaz 2010 (100% Antão Vaz) (R$ 78), mais encorpado, ainda que sem exagero, com boa acidez e expressivo final.
Como as carnes viriam em seguida, começaram a chegar os tintos. Vieram o Aragonês da Peceguinha 2009 (100% Aragonês) (R$ 170), mais o Pequeno João 2008 (45% Touriga Nacional, 45% Syrah e 10% Aragonês) (R% 154) e finalmente o hit da herdade, o Malhadinha 2009 (30% Tinta Miúda, 30% Aragonês, 20% Alicante Bouschet, 12% Touriga Nacional e 8% Syrah) (R$ 232). O curioso foi observar a presença da uva Syrah nesses blends, o que não é muito comum entre os portugueses.
Outro detalhe interessante dos vinhos desses produtores é a criação dos rótulos. São todos desenhados pelas crianças, pelos filhos do casal proprietário da vinícola. E por isso mesmo têm um toque infantil em cada ilustração.
Na sequência dos pratos, o que veio primeiro foi um Filé mignon envolto de massa folhada recheada com presunto cru e cogumelos frescos servidos numa cama de demi-glace e vagem envolta de finas fatias de bacon. Como expliquei acima, no ponto solicitado de cada um dos presentes. Harmonizou muito bem com o Aragonês, vinho intenso e de ótima textura.
Mignon de Leitão com crosta de farofa de pão, temperado com molho de uvas frescas, guarnecido com tagliatelle de tomate e espinafre puxado na manteiga e sálvia foi o segundo prato de carne, que se encaixou bem com o Aragonês, mas melhor ainda com o Pequeno João, talvez por ser mais frutado, interagindo com a suavidade de carne de porco. Aliás, este vinho tem uma curiosidade: sai do padrão e só é engarrafado em garrafas de 500ml em vez das tradicionais de 750ml. Pequeno, portanto, na garrafa.
Tanto quanto funcionou a química do Malhadinha com o prato a seguir, um interessante Duo de cordeiro (Paleta assada e Costeleta grelhada) com molho próprio assado e acompanhado de Risoto de trufas brancas e negras. Duas texturas diferentes da mesma carne foram bem recebidas e o sabor acentuado do cordeiro se encaixou na medida com os taninos mais firmes do vinho. Ah, ponto a se destacar do prato: sabor de trufas no limite do aceitável, permitindo que se sentisse também o arroz, o que não é muito comum nesses últimos tempos, nos quais alguns cozinheiros e chefs se deixam levar pelos encantos desse precioso tubérculo.
Para fechar a noite, uma escapadinha ainda em Portugal no vinho de sobremesa. O Dow’s Nirvana (R$ 68) é um Vinho do Porto desenvolvido especialmente para complementar o sabor do chocolate.
A marca Dow’s é detida e gerida da Symington Family Estates há quatro gerações e representa uma das primeiras marcas de família a investir nas vinhas premium do Douro, quando adquiriram a Quinta da Senhora da Ribeira e a Quinta do Bomfim, em 1890 e em 1896. Os Symingtons são produtores de Vinho do Porto há cinco gerações desde 1882. A empresa familiar é o principal produtor de Portos ‘premium’, com marcas como Graham’s, Cockburn’s e Dow’s e está entre os principias proprietários de vinhas no vale do Douro, com 940 hectares de vinha distribuídos por 25 Quintas.
Para o desenvolvimento da fórmula do Dow’s Nirvana foi firmada parceria com a “The Flanders Taste Foundation”, na Bélgica. Quando acompanhado de chocolate negro ou de uma sobremesa de chocolate, o Dow’s Nirvana revela um aroma a rosas silvestres e violetas, suavisado por taninos amadurecidos, anunciando uma textura intensa e um toque seco, para uma sintonia de sabores única.
E era essa exatamente a expectativa pela chegada da sobremesa. Era Mousse de chocolate (70%) do vale do Xingu e amêndoas laminadas e levemente tostadas, processo desenvolvido no DOP durante vários dias de experiências até que se atingisse a alquimia ideal. E deu certo, fechando em altíssimo astral o evento e deixando lembranças agradáveis na mente e no paladar.
E foi só o começo.
(Os preços dos vinhos aqui informados são os de consumidor final, praticados pela Adega Brasil.)
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