Celso Freire está feliz, muito feliz. Percebe-se no brilho do olhar, na maneira como fala de suas experiências mais recentes, no jeito como explica o seu prazer de cozinhar.
Celso Freire está feliz, porque está cozinhando com muito mais prazer. Sem a pressão daqueles tantos anos da cozinha apertada, do tempo apertado, da noite de casa cheia, de casa vazia, da mão de obra que nem sempre surgia.
Semanas atrás tive a oportunidade – e o prazer – de conhecer seu novo espaço, o Celso Freire Gastronomia, onde o chef se completa e se realiza. Fica ao lado de sua casa, basta atravessar um portão para se encontrar com Gabriela, sua filha, cúmplice e parceira na elaboração dos incríveis cardápios que costuma servir.
Era um sonho antigo desse cozinheiro que projetou a gastronomia paranaense e que hoje é reconhecido como um símbolo de tudo o que há de novo e criativo pelas bandas de cá. Costumo dizer que temos por aqui chefs de grande expressão, hoje, felizmente, dividindo honrarias no fechado e exigente circuito da boa cozinha brasileira. Mas Celso Freire é um caso a parte, um patamar acima, um guru de quem sempre se espera – e se encontra – um sabor, uma técnica, uma descoberta além do que se poderia imaginar. E que hoje ainda é tão (ou mais) criativo quanto aquele jovem cozinheiro que um dia ousou abrir, na virada dos 80 pros 90, o Boulevard, quebrando todas as estruturas do que havia em Curitiba no segmento de alimentação.
O espaço Celso Freire Gastronomia é lindo e de muito bom gosto. Tem um pé direito altíssimo, que permite a chegada para o mezanino (diria até um segundo andar), onde estão os escritórios de Celso e Gabi, mais uma sala de reuniões equipadíssima e com um técnico disponível para o manuseio de todos os equipamentos de áudio e vídeo necessários a uma reunião corporativa.
E a estes profissionais o chef prepara um irrepreensível café da manhã. Mas também pode ser um almoço entre as reuniões de dia inteiro. Ou um happy hour, seguido de jantar ao fim da longa jornada de deliberações. Ou, ainda, tudo de uma vez só, conforme já vem acontecendo a pedido de várias empresas, desde que começou a funcionar toda a estrutura, ali por agosto do ano passado.
A capacidade é para 70 pessoas sentadas ou 150 a pé, em coquetéis com finger foods. Já fizeram até alguns casamentos por lá. E com toda a pompa para a noiva, pois tem uma bela escada para arranjar as fotos e o ritual de apresentação. A cozinha é moderna, muito bem equipada com o que existe de melhor nos dias de hoje. E no salão, também de linhas avançadas, um contraste do tempo, com a enorme mesa (para 14 pessoas) em que se transformou um enorme cocho de pisar uva, herança da família de Celso, mas que ficou, digamos, hospedada por mais de 20 anos na chácara dos pais de Cristiane, a esposa, companheira, parceira e sócia em todos esses anos de estrada. O tampo de vidro deixa aparente as formas originais, com algumas uvas artificiais para comporem o quadro.
Celso e Gabriela Freire estão, assim, trabalhando com eventos especiais. Proporcionados por terceiros ou até pela própria iniciativa, como o recente almoço de Dia das Mães que estava no melhor padrão histórico do nosso guru. E assim ele não está mais preso a horários que consumiam praticamente seus dias. E só cozinha por prazer, com direito a aceitar ou não esta ou aquela missão. E quando aceita, na maioria dos casos, é pra seguir todo o ritual, que significa madrugar no Mercado Municipal ou em fornecedores específicos e, a partir dali criar e combinar sabores como ninguém.
Entre um compromisso e outro, datas livres para suas aulas (PUC e Centro Europeu) e para eventos especiais, dividindo cozinhas em homenagens de outros chefs importantes (como a recente parceria com Alex Atala) ou participando de aulas-show, como a que deu dias atrás, na inauguração oficial do Estúdio Bom Gourmet, no Pátio Batel (fez umas coxas de rã deliciosas, como as inesquecíveis que oferecia nos tempos do Guega, o sucessor do Boulevard, que tão pouco tempo durou).
Tudo com muito prazer, com muito tesão, com a alegria de quem parece ter redescoberto o caminho da felicidade. Sim, pois Celso Freire está feliz, muito feliz com o que está fazendo. E assim felizes somos nós, que temos novamente a possibilidade de desfrutar de sua cozinha.
Rua Atílio Bório, 1959 – Juvevê
Fone: (41) 3264-7490
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