Tempos atrás escrevi aqui um texto sobre o menosprezo que se dá ao frango (confira aqui). Tirando os restaurantes de subúrbio ou periferia (onde alguns fogões à lenha fazem pratos deliciosos), os chefs mais estrelados não dão muita bola aos nossos galináceos.
E já não podem nem mais culpar a alta (e absurda) taxa de hormônios contidos no frango comercial pela ausência da ave em seus cardápios. Aliás, só fazendo um parêntese: aquele pessoal que faz passeata, manifestação e barulho contra o uso do foie gras deveria, sim, se mobilizar contra a comercialização do frango, torturado pela falta de espaço de crescimento e apurado em seu abate, mas que deve estar na mesa de todos esses ativistas mal informados. Fechando parêntese.
Felizmente o mercado hoje nos proporciona acesso ao frango orgânico, à galinha caipira, que se alimentam de forma natural, vivem soltos e nos proporcionam carnes muito mais saudáveis e saborosas. E aí, por essas e outras, fico aqui tentando entender as razões de não encontrar pratos com frangos (ou galinhas ou galos, seja como for) em nossos principais restaurantes. Caso haja em algum cardápio, que alguém se manifeste. Assim, de passagem, lembrei-me de uma Macarronada com frango do MB Mercearia Brasileira (de Manu Buffara e Rodrigo Martins), servida sempre no almoço das quartas-feiras. Isso sem contar a Galinhada de Alex Atala nos fins de noite de sábado no Dalva & Dito, seu restaurante mais popular, em São Paulo
Por aqui pelo menos vamos fazendo a nossa parte. Nesse domingo deu vontade e descongelamos algumas coxas (descongelamento lento, por favor, na geladeira, dois dias antes, nada de pôr na água, microondas ou o que seja) da Korin, que comercializa o frango sustentável (livre de antibióticos) e os ovos com certificação de bem-estar animal, nada de tortura ou bicos cortados.
A receita foi uma adaptação de uma original francesa – Cuisses de poulet flambées aux champignons et lardons – que estava arquivada aqui só esperando uma chance de execução. O resultado final ficou delicioso. Servimos com um arroz de jasmin (tailandês, saborosíssimo) e tudo ficou muito bem nesse almoço domingueiro.
Quer a receita? Vamos lá, então.
Coxas de frango flambadas ao cogumelo e toucinho
(Cuisses de poulet flambées aux champignons et lardons)
Ingredientes
6 coxas de frango
150 ml de uísque
600g de cogumelos paris
300g de pequenas cebolas brancas
75g de toucinho defumado
50g de banha
500 ml de creme de leite fresco
Salsinha picada
Sal e pimenta-do-reino (moída na hora, de preferência)
Preparo
Derreta a banha em uma panela de ferro e doure as coxas de frango dos dois lados.
Tire do fogo, junte o uísque e flambe.
Volte a panela ao fogo, tempere com sal e pimenta, junte 1 xícara de água, cubra a panela e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos.
Enquanto isso, doure as cebolinhas em azeite, sem deixar queimar. Quando estiverem douradas na superfície, junte água quente e afervente por uns 5 minutos. Reserve.
Corte os cogumelos ao meio e leve-os para suar em uma panela aquecida – por uns 10 minutos. Sem gordura nem nada nem mexer, apenas para que eles soltem um pouco do líquido que possuem. Quando estiverem ligeiramente dourados junte o toucinho em cubinhos e refogue por um instante. Em seguida entre com 1 colher (sopa) de salsinha e o creme de leite. Junte as cebolas e cozinhe tudo por 10 minutos.
Junte o creme ao frango, aqueça por alguns instantes, despeje mais salsinha em cima e sirva em seguida.
Rendimento: 6 porções.
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