Além de cozinheiro inspirado, Dyogo Prado é um estudioso de tudo o que diz respeito com a culinária. Desde que tivemos um contato mais estreito – quando escrevi o livro Marca de Chef, em 2012, editado aqui pela Gazeta do Povo, no qual ele era um dos chefs focados – aprendi a admirá-lo. Pelo que representa e pelo que cria.
Além de vir de família ilustre na área, com o DNA da gastronomia no sangue (é sobrinho de Andersen Prado, há mais de três décadas proprietário do Bar do Alemão, entre outros empreendimentos, e irmão de Rodrigo Prado, que hoje brilha nos fogões do Canadá), Prado é bacharel em administração hoteleira e Chef de cuisine e restaurateur formado pelo Centro Europeu de Curitiba, com especialização no I.C.I.F. (Italian Culinary Institute for Foreigners). Trabalhou com Laurent Suaudeau, entre outros chefs estrelados, e já há algum tempo é professor do Centro Europeu.
Por isso, quando foi anunciado no fim do ano passado como sucessor de Renata Abreu no comando da cozinha do Bobardí (publiquei aqui), era, certamente, aposta certa de sucesso. De início, teve o cuidado de não mexer da bela e saborosa estrutura de cardápio criado pela ótima Renata, mas, aos poucos, foi tratando de semear seu toque pessoal, tanto no que já havia por lá quanto nos novos pratos que passaram a integrar o menu da casa.
O Polvo com batatas, que é o campeão de pedidos, continua à disposição dos clientes. Assim como o pedaço gigantesco do Bolo de chocolate, uma sobremesa para toda a família. Mas há novidades em todos os estágios e, noite dessas, tive o privilégio de poder experimentar (em doses menores, claro, de menu-degustação) praticamente tudo o de novo e bom que Dyogo Prado inseriu nas ofertas do Bobardí para seus clientes. Pratos de base clássica, com toques contemporâneos, como recomendam a carreira e a inspiração do jovem cozinheiro – que ainda vai completar 30 anos daqui uns meses.
E as boas notícias já começam na entrada. O Mil folhas de siri (R$ 32) – finas fatias de palmito pupunha intercaladas com recheio de siri – é servido frio e chega acompanhado de maionese caseira de leite com limão e especiarias. É como se fosse um salpicão, intercalado em camadas pelas rodelas de pupunha. Atrai a partir do visual e comprova inteiramente no sabor.
Outra opção de entrada é o Poutine (R$ 56), resultado da recente viagem de Dyogo Prado ao Canadá, onde passou uns dias com o irmão, Rodrigo. Inspirado livremente no prato típico canadense, que consiste em batata frita estilo rústico, camarões salteados e molho (sauce) hollandaise.
Outra entrada interessante, saborosa e irrepreensível: o sotaque italiano do Arancini Siciliani – para quem não sabe, é como se fosse um bolinho de arroz, preparado com risoto e recheado com muçarela de búfala e, nesse caso, acompanhado de molho suave de pimenta sweet chilli. É servido com três unidades (R$ 28) ou com seis unidades (R$ 45). A quarta novidade é o Camembert assado (R$ 58) – queijo
símbolo da Normandia, França, que, na versão assada, é envolto com massa filo, em vez do que normalmente é servido, apenas com a crosta formada pelo queijo. Vai à mesa com geleia de damasco e amêndoas laminadas.
Dentre os pratos principais, duas novas massas. Uma delas a melhor que provei neste ano, a Lasanha de pato (R$ 62), impecável. A carne do pato é assada por mais de 12 horas em baixa temperatura e depois desfiada, para rechear a massa (feita no próprio restaurante), que vai ao forno com molho de queijo. Também tem o Nhoque caseiro com ragú de cogumelos (R$ 58) –opção para quem é vegetariano ou, simplesmente, optar em não comer carne.
Entre as carnes, tem Ossobuco com polenta trufada cremosa (R$ 68), um prato que já existia no cardápio, mas que sofreu uma pequena e significativa transformação. Prado trocou a carne de vitelo pela de boi, para fugir do preconceito que algumas pessoas ainda manifestam contra a primeira opção. Outra sugestão é o Boeuf Bourguignon (R$ 65), tradicional receita francesa de carne bovina guisada com vegetais e condimentos e que é servido com pappardelle artesanal caseiro. Como não poderia faltar para o paladar do curitibano, claro que tem mignon, o Mignon com conchiglione de pera ao molho gorgonzola (R$ 78).
Ainda entre as carnes, uma nova opção suína e outra de cordeiro. A Cotoleta de porco milanese (R$ 68) é um clássico da cozinha italiana – o Prime Rib suíno crocante, empanado e frito, acompanhado de mousseline de cebola caramelizada. E o Lombo de cordeiro com mini legumes (R$ 88) é selado por fora, cortado em fatia e servido com os legumes salteados.
Há também uma sugestão de bacalhau, com uma combinação bem interessante: Bacalhau confitado, servido com arroz negro e cebola crisp (R$ 94).
Para tentar concorrer com o famoso Bolo de Chocolate, a nova sobremesa é um Entremet de banana e doce de leite (R$ 28) – trata-se de uma mini torta gelada de banana, com doce de leite e creme de leite cremoso, coberta com glaçagem de chocolate branco.
Dos novos pratos, quatro deles ganham a versão dupla para ser compartilhada nos almoços de final de semana. São eles: Lasanha de Pato (R$ 106), Cotoleta de porco milanese (R$ 116), Boeuf Bouguignon (R$ 110) e Mignon com conchiglione de pera (R$ 132).
O Bobardí funciona de segunda a quinta, das 19h às 23h30 / sexta das 19h à 00h30 / sábado, das 12h às 15h30 e das 19h à 00h30 / domingo, das 12h às 15h30 e das 19h às 22h30
Bobardí
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