O toque pessoal do chef Giuliano Secco no cardápio do C La Vie

Giuliano Secco está completando um ano no comando da cozinha do restaurante C La Vie. Jovem ainda, este curitibano de 25 anos começou na cozinha com Paulino da Costa na extinta DOP Cucina (onde hoje funciona o Olivença) e chegou à casa há três anos, fazendo parte da brigada do chef Lênin Palhano (hoje no Nomade, do Nomaa Hotel), daí a sous chef de Leandro Volpini até ganhar a oportunidade de assumir as ações no respeitado restaurante do restaurateur Raphael Zanette.

E tudo dentro da política de renovação do Grupo Vino! (ao qual está ligado o C La Vie), que tem por tradição apoiar e apostar nos próprios talentos da casa – e o maior exemplo é o próprio Palhano, que saiu de auxiliar de cozinha para a consagração.

Pois bem. Com um ano de casa, Secco já se achou no direito de conceber um cardápio que expusesse seus conceitos e que tivesse o seu perfil. E não sem tempo. Aproveitando a guinada do clima para o inverno, está apresentando os novos lançamentos inseridos no cardápio da casa, com mexidas pontuais e precisas em todos os itens.

Para se adaptar aos novos tempos, nos quais os restaurantes buscam soluções para atrair clientes e manter os de sempre, a sessão “Para dividir” sugere, de entrada, pratos leves, ideais para duas ou mais pessoas. E aí está a primeira novidade do menu: Bruschettini Caponata gratinadas (R$ 29), com fatias de pão com caponata de legumes assados e gratinadas. O preparo se enquadra em um novo conceito da casa, de evitar frituras com imersão em óleo. Tanto que a única fritura do tipo são os chips de batata que acompanham o Steak tartare. Isso e mais nada.

Por falar em entrada, experimentei uma Sopa de cebola muito interessante – delicada e muito saborosa. Mas procurei referência no cardápio oficial e nada encontrei. Será apenas para ocasiões especiais? A resposta me veio por meio do próprio chef. Explicou que as sugestões mudam sempre na proposta do caldo ou do creme do dia. O que está valendo agora é um Caldo de pato com cogumelos (R$ 29 o grande, R$ 21 o menor).

As carnes

Entre os pratos principais, a carne suína ganha mais espaço – o que é muito bom, pois não costuma ser muito valorizada pelos cozinheiros locais -, com dois pratos que primeira linha. Um deles inova também no corte transversal do carré para formar o prime rib, mais tradicional na América do Norte e não muito utilizado por aqui. O Prime rib de leitão (R$ 69) é grelhado e aromatizado, acompanhado de legumes assados e polenta cremosa. Experimentei e achei bem interessante. A outra sugestão de porco – que não experimentei, mas fiquei interessadíssimo para tal – é a Pancetta recheada e quirerinha (R$ 55) que apresenta a barriga de porco recheada com paio e lombo defumado,acompanhada de quirera, gema caipira e vinagrete artesanal. A pancetta é defumada por oito horas no forno em baixa temperatura e depois colocada em forno superaquecido. Assim, a carne ganha o sabor defumado e faz a pururuca na pele. De dar água na boca só a descrição. E tem mais, um detalhe importante: todos os ingredientes são regionais, de Curitiba e proximidades. A quirerinha branca, por exemplo, é comprada toda quinta de manhã, na feira livre da rua Dom Pedro II, no Batel – ali bem pertinho do restaurante.

Outra saborosa novidade entre as carnes é o Cordeiro e pappardelle trufado (R$ 76) – paleta de cordeiro da Cooperativa de Castro, lentamente assada, e servida com pappardelle artesanal em emulsão de funghi trufado -, que se desmancha ao primeiro toque do garfo.

Ainda entre as carnes, há o Entrecot de angus (R$ 72), grelhado e aromatizado ao molho demiglace com fettuccine artesanal ao sugo e parmesão ralado. A garantia de qualidade, textura e maciez das carnes vem do fornecedor, o Espaço Angus Prime, no Mercado Municipal de Curitiba.

Os pescados

No cardápio de peixes, muitos pratos foram mantidos, mas passaram por atualizações. A Tilápia fresca e legumes orgânicos (R$ 52) chega com a pupunha de Morretes e batatas bolinhas douradas – legumes produzidos de forma orgânica – e molho de laranja.

A Garoupa grelhada (R$ 72) é servida com o aromático arroz basmati, combinado ao leite de coco e espuma de limão. A finalização do pirão conta com farinha (de mandioca) fina de Morretes, característica do litoral do Paraná. O Risoto de lula e manteiga de escargot (R$ 49) é feito com lula, nacional, vinda de Guaratuba, toda aproveitada no prato, com a carne e os anéis.

O que experimentei foi o Polvo e batatas (R$ 85) – polvo cozido com vinho branco e ervas, depois grelhado, servido com sauté de batatas e tapenade de azeitonas. E o curioso é que a tapenade é feita com azeitonas verdes e não pretas, como mais tradicionalmente se vê por aí. Muito bom. Polvo macio, como poucos.

Sobremesas

Para reforçar a oferta de sobremesas, a novidade é o Madrileño (R$ 26) – a massa folhada é recheada com doce de leite, com creme inglês e envolta por caramelo e suspiro. Tem ainda Petit gâteau de chocolate belga (R$ 24), o tradicional bolinho quente feito com chocolate belga 70%, servido com sorvete de creme. E também o Cheesecake (R$ 26), com calda de morango ou calda do dia e o Crème brûlée (R$ 21) – com baunilha de Madagascar.

Heranças de Jacquin

O C La Vie foi todo idealizado com base na inspiração do chef francês Erick Jacquin (hoje muito popular como jurado do Masterchef Brasil), que prestou consultoria, criou o primeiro cardápio e ficou por aqui uns tempos, treinando o pessoal e supervisionando os trabalhos.

Alguns pratos inseridos por ele no menu permanecem até hoje, intocáveis, os clássicos da casa. Como os já citados Steak Tartare e Petit Gâteau e o incomparável Pato na panela, que rendeu ao restaurante a primeira premiação na relação dos melhores do Bom Gourmet.

E esses bons fluídos, vindos lá de trás, dos ensinamentos da Jacquin, que tão bem fizeram a Lênin Palhano – a ponto de torná-lo referência na gastronomia nacional -, certamente também estão influenciando a decolagem de Giuliano Secco, que tem mão segura, sem arroubos de exageros e percebe a medida certa na combinação de ingredientes para idealizar e apresentar um bom prato.

É o que se pode sentir – e saborear – das inovações que está apresentando no cardápio do C La Vie, provocando os clientes a retornar para experimentar ainda mais dentre o que há de melhor em Curitiba.

Vale a visita. Vale retornar mais uma vez.

C La Vie

Alameda Presidente Taunay, 533 – Bigorrilho

Fone: (41) 3029-9988

Aberto para almoço de terça-feira a sábado e jantar de segunda a sábado

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