Taco nordestino, os mais intrigante e surpreendente dos petiscos do Officina Restô Bar. Tapioca suflada, (sagu) sobre a qual vão a carne seca, o vinagrete, o queijo coalho e uma bisnaguinha com manteiga de garrafa, para ser espalhada pelo próprio cliente sobre os demais ingredientes. (Foto/ Anacreon de Téos)| Foto:
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São quase meninos, 21 e 22 anos. Ao vivo e nas fotos parecem mais meninos ainda. Mas Vitor Verona e Felipe Machoski são dois dos melhores e promissores cozinheiros que conheci nos últimos tempos. Pode anotar aí: ainda vão dar muito o que falar, pelo talento, pela criatividade e pelo interesse na sempre presente renovação da cozinha.

São os responsáveis pela cozinha do Officina Restô Bar, que, não bastasse ter alguns dos melhores drinques de Curitiba (por conta da inspiração do bartender Diego Bastos), projeta o nível da cozinha lá para cima, para atrair mais clientes ainda (como se não estivesse sempre cheio), agora também pelo viés gastronômico.

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Esse é o empenho da arquiteta Cristiana Brenner, a proprietária da casa e dona de uma sensibilidade que reflete tudo à sua volta. No conceito, no visual do Officina e na proposta que certamente transformará o local em ponto de referência também da gastronomia local. Será só uma questão de tempo.

Felipe e Vitor se formaram em gastronomia na PUC, mas continuam estudando a cada dia, o que se reflete nos preparos e nos acabamentos dos itens incluídos no cardápio do bar. Tanto nos petiscos quanto nos pratos principais, pois é possível, sim, jantar ali.

Os petiscos são intrigantes e chamativos. Como a Coxinha de pato (R$ 39 a porção), que é crocante por fora, macia por dentro e vai à mesa acompanhada de duas geleias agridoces, de laranja e de pimenta. Vale como entrada ou só mesmo como acepipe, para acompanhar com galhardia um dos tantos drinques premiados dali. Tanto quanto o inigualável Taco nordestino (R$ 31 a porção), no meu ver o grande must da casa. Começa com a base, uma tapioca suflada, na definição deles. São bolinhas de sagu cozidas – dessas que a gente come com vinho, na sobremesa – e depois levadas ao forno, onde desidratam e formam uma camada única, feito tapioca (que é a mesma base, ambas de mandioca). Daí os pedaços cortados e moldados são fritos em imersão, como se fossem mandiopã. Fica uma base diferente e chamativa, sobre a qual vão a carne seca, o vinagrete, o queijo coalho e uma bisnaguinha com manteiga de garrafa, para ser espalhada pelo próprio cliente sobre os demais ingredientes. Lúdico e apetitoso. Ainda há outros, como crostini, pasteizinhos, steak tartare em casquinha crocante e até Poke, o prato havaiano à base de salmão cru marinado (R$ 37). E mais e mais.

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Sim, tudo a se esperar de um bom bar gastronômico bem acima da média. Mas o que surpreende mesmo é a seleção de pratos principais. Que pode bater de frente com qualquer restaurante top da cidade. Há algumas saladas, sanduíches bem fornidos e uma curta seleção de pratos que contemplam todos os gostos. Do clássico Espaguete à carbonara (R$ 41) ao – indispensável para o curitibano – Medalhão de mignon com manteiga de ervas e tagliatelle fresco ao molho de pistache (R$ 59), passando pelo Risoto de limão siciliano e amêndoas douradas (R$ 43).

Mas meu foco esteve nas opções com toques mais personalizados, assinaturas dos dois chefs, tal qual um comprovante de identidade. Como o Atum selado com crosta mista de gergelim, fettuccine de pupunha, molho de limão e emulsão de wasabi (R$ 49), que é todo delicadeza, da textura do atum, vermelhinho por dentro, à sutileza do toque final da raiz forte oriental.

O Nhoque de mandioquinha (a nossa batata-salsa) com fonduta de parmesão e crispy de alho-poró (R$ 41) é afabilidade pura, suave, com o crocante do alho-poró a contrastar na mastigação.

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Completo com o que gostei mais: Carré de cordeiro com purê defumado de batata, emulsão de hortelã e crocante de quinoa (R$ 53). Nada deve a qualquer restaurante estrelado. O cordeiro vem como é recomendado, bem selado por fora e rosado por dentro, quase mal passado, que é o ponto que valoriza todo o potencial de sabor de carne. O defumado no purê é um encanto (e já tive a oportunidade de escrever sobre isso semanas atrás, referindo-me ao cardápio do também jovem chef Danilo Takigawa, do Restaurante Gralha Azul, da Vinícola Araucária), por passar aquele sabor de fumaça, como componente essencial para o composto. É a base do prato, com a disposição dos carrés por cima, a emulsão de hortelã entre eles (e hortelã tem tudo a ver com cordeiro), finalizando com o contraste do crocante de quinoa. Impecável.

Há algumas sugestões de sobremesa, inclusive a S’Mores (R$ 39), que foi mantida do cardápio anteriormente criado pela chef Laura Mocellin, uma combinação doce (bem doce) de chocolate, merengue e com marshmallow de crosta queimada, que tem feito muito sucesso na casa desde seu lançamento, há dois anos.

Para beber, cervejas e vinhos até existem, em poucas alternativas, pois o objetivo é justamente propor a harmonização de pratos e petiscos com os coquetéis criados por Diego Bastos e sua turma no balcão. E certamente haverá um ou mais deles recomendados para combinar com prato ou porção escolhidos.

Seja qual deles for, seja qual prato for ou qual petisco for, o resultado seguramente será o melhor possível. É impossível não sair de lá feliz da vida.

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Officina Restô Bar

Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1154 – Bigorrilho

Fone:(41) 3402-0986

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