Posta de bacalhau com crosta de broa de milho sobre migas, broa, couve e feijão fradinho. Destaque do cardápio do Olivença (Foto Naideron Jr.)| Foto:
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Escrevi dias atrás sobre o Olivença, o restaurante de cozinha ibérica que está para ser inaugurado em Curitiba. Só que até então só tinha as informações básicas. Que o restaurateur era o Raphael Zanette, que o cardápio seria assinado pelo chef português Hélio Loureiro, que o chef local responsável seria o Gilberto do Prado e que a nova casa funcionaria onde até pouco tempo era o DOP Cucina. (Confira o post aqui)

Mas daí tive a feliz oportunidade de conhecer não apenas o estrelado chef lusitano como também alguns pratos de seu cardápio, já devidamente ajustados para o início do funcionamento oficial da casa. E também soube da data da inauguração: 10 de setembro, terça-feira que vem.

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“Mas logo no dia da inauguração do novo shopping?” – foi a pergunta inevitável. Zanette tirou de letra: “o pessoal vai lá na inauguração e vem jantar depois aqui”, lembrando a proximidade de apenas algumas quadras entre os dois.

Com capacidade para 65 pessoas, o Olivença tem decoração assinada pela arquiteta Claudia Pereira, que reformulou (mas não muito) o espaço já bonito que antes abrigava o DOP. Das novidades, a que mais chama a atenção é um grande balcão, no qual os clientes podem pedir pratos ou apenas degustar as tapas (petiscos) servidas na nova casa. E aí está exposto o espírito do restaurante, que pode muito bem receber para o happy hour ou para um jantar completo, com pratos portugueses e espanhóis, com uma acentuada tendência para os lusitanos.

Bacalhau & Cia

Tanto que a grande estrela é o bacalhau. Ao todo, são seis pratos, dentre eles o tradicionalíssimo Bacalhau à Lagareiro, prato típico das regiões de extração de azeite, como a Beira, em Portugal. Nele, o peixe é servido com batatas, tomate, cebola, azeitonas pretas e regado com azeite extra virgem. Outro destaque são as Pataniscas de Bacalhau, tapas feitos com iscas fritas do peixe. O bacalhau que experimentei era ainda outro: Posta de bacalhau com crosta de broa de milho sobre migas, broa, couve e feijão fradinho. Costumo ser meio comedido em superlativos, mas este prato estava simplesmente divino. É minha primeira recomendação para quem for ao Olivença.

É claro que as sardinhas não poderiam deixar de ter lugar especial no cardápio. Estão lá as famosas Sardinhas em conserva, que, de acordo com Loureiro, eram as melhores do mundo na opinião do grande chef francês Auguste Ecoffier (1846-1935). Provei as Sardinhas empanadas, que vieram como tapas, num prato com Bolinhos de bacalhau, Bolinhos de alheira e um intrigante Tártaro de bacalhau, praticamente um ceviche ao jeito ibérico e que certamente vai se dar muito bem no verão. Aliás, para o verão estão sendo anunciadas as Sardinhas assadas, tidas por muitos como uma das “7 Maravilhas da Gastronomia de Portuguesa”.

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Dos moluscos tradicionais da cozinha ibérica, destaque para as Amêijoas à Bulhão de Pato (amêijoa corresponde ao italiano vôngole ou ao nosso berbigão catarinense), prato que homenageia o poeta português Raimundo Bulhão de Pato e tem os moluscos cozidos com a própria concha, em vinho branco e azeite de oliva.

Carnes e arroz

Os portugueses comem muita carne. Bem mais do que podemos imaginar. Carne de porco, de aves, de cabrito, de carneiro e de boi.

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O Bife à Domingos Rodrigues, por exemplo, tem seu primeiro registro em 1683, receita de um cozinheiro real, que leva toucinho, farinha torrada e gema de ovo. O menu apresenta ainda o Bife de cebolada (bife acebolado citado por Eça de Queirós em vários de seus romances) e o Bife à Marrare, um dos mais famosos de Lisboa, descrito em livro por Almeida Garret, outro importante romancista português. Esse eu experimentei e é bem interessante: leva molho reduzido da própria carne com semente de mostarda, louro, aipo e cravo. Ainda no rol das carnes, o inevitável Bife à portuguesa, servido com presunto cru.

Outro importante protagonista da cozinha de Portugal e Espanha é o arroz. Diferente do risoto, preparado com vinho branco, manteiga, creme de leite e queijo, o arroz ibérico tem uma forma de cocção característica e é o componente principal de muitos pratos típicos – a paella espanhola, por exemplo. No Olivença, estão no cardápio o Arroz de pato, o Arroz à pescador (Arroz levemente picante, cozido com caldo de marisco, vôngole descascado, mexilhões e cubos de robalo finalizados aromaticamente com coentro) – experimentei e gostei de ambos -, Arroz de marisco  e o Arroz de polvo. Além, é claro, da própria Paella.

Sopas e tripas

Para esses dias mais frios que ainda nos assolam, o Caldo verde é sempre uma boa indicação. Provei o concebido por Loureiro. Delicado na textura da sopa e sugestivo no paladar da couve e do paio.  E o que não pude provar, mas já me deixou na maior das expectativas foram as tripas. Uma das receitas mais marcantes da cozinha portuguesa, as Tripas à moda do Porto se confundem com a história da cidade portuguesa e já existiam antes da descoberta do Brasil. Mas se firmou culturalmente no país com a adesão dos feijões brancos que daqui foram para lá. É praticamente a nossa dobradinha, apenas com o sotaque lusitano nos ingredientes e na mão de obra.

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Vinhos

Raphael Zanette, o proprietário do Olivença, também é sócio dos restaurantes Terra Madre e C La Vie, dos primeiros em Curitiba a juntar a boa comida com a venda de vinhos. Além disso, também dirige a importadora Magnum e tem presença no circuito de conhecedor no mundo do vinho. Com todo esse know how, Zanette selecionou 120 rótulos de vinhos exclusivos de Espanha e Portugal para comporem a carta do restaurante.

O Olivença vai abrir de terça a sexta-feira, das 18h à meia-noite. Aos sábados, o horário de funcionamento é das 12h à meia noite e, aos domingos, das 12h às 16h.

Restaurate Olivença

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Rua Teixeira Coelho, 255 – Batel

Fone: (41) 3016-9988

 

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