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Os novos conceitos no consumo da carne têm sido assunto presente nas postagens mais recentes desse blog. É que de tal forma se deu a guinada que muitos ainda não conseguiram entender direito o espírito da coisa, se deixando levar pela impressão de fartura e quantidade ilimitada oferecidas pelos tantos rodízios por aí.

Nada contra o conceito (e ao mesmo tempo tudo, pois o rodízio banaliza o paladar, além de acrescentar outros itens que só enchem barriga e pouco acrescentam), mas não há nada mais especial do que o serviço à la carte, que permite a escolha exata do que se quer comer, sem ter de ficar dizendo “não” a todo oferecimento do garçom. Ainda mais com a valorização das carnes que nosso mercado absorveu.

De dois anos para cá vieram as primeiras experiências, um cardápio especial aqui, outro ali. Algumas experiências já haviam sido feitas em Curitiba, mas a primeira a firmar o pé foi a Saanga, em 2011, quando lançou alguns cortes de Kobe em seu cardápio (Veja o registro aqui no blog). De lá para cá o pessoal da grelha começou a se mexer, para tentar servir algo mais do que um simples churrasco. E hoje, com a oferta de boas opções crescendo, cresce também a qualidade, exigência da concorrência. Foi o registro do blog, semanas atrás, da nova proposta da tradicional Devons, que trocou o rodízio pelo menu e as carnes mais comuns pela especial Black Angus, referência em marmorização. Ou, dias antes, do Corrientes 348, especializado em cortes argentinos.

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O preço sobe junto com a qualidade, é evidente. Mas nem tanto assim, se a comparação for com aqueles praticados pelos rodízios mais recomendados. Paga-se, ali, algo em torno de R$ 70 por pessoa. Praticamente o mesmo que custa uma peça nobre, de 300g ou 400g, em cardápio à la carte – que dá até para ser consumida por duas pessoas não tão famintas.

Pobre Juan

Puxei novamente o assunto em decorrência da inauguração do Pobre Juan, no início do mês. E que já vem capitalizando um enorme sucesso entre os novos frequentadores. Pelo ambiente belíssimo, num canto de frente para o bosque, no shopping Pátio Batel, com projeto arquitetônico assinado por Washington Fiuza, que expõe, ao lado do amplo salão principal, a parrilha (a grelha argentina, que agora é moda nos restaurantes), o convidativo terraço, a adega para mais de mil garrafas e um barzinho acoplado a ela, onde os clientes podem degustar tapas, acompanhados de vinhos e espumantes em taça e algumas das melhores cervejas.

Entre as tapas, o Wagyu tartar (R$ 59,90), mais mini-empanadas, empanadas de carne, croquetas, tostadas e duas opções dos saborosos presuntos espanhóis: Mix serrano (R$ 49,90), que tem chorizo espanhol, jamón serrano, lascas de parmesão, tomate assado e muçarela de búfala; e o Jamón Ibérico Pata Negra (R$79,90), com atraentes lâminas de jamón ibérico Pata Negra D.O.C. O cardápio é assinado pela chef executiva Priscila Deus.

O Pobre Juan é uma rede, com base em São Paulo (onde tem três casas na capital), mas outros restaurantes funcionando em Alphaville, Campinas, Brasília, Recife, Rio de Janeiro (duas) e Salvador. Em Curitiba, é responsabilidade de Leonardo Barbosa, o gestor, que conheci gerente do Edvino, mas que também rodou muito, com experiências em empreendimentos como o Grupo Fasano e o hotel Grand Hyatt São Paulo.

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A carta de vinhos segue a seleção montada pelo wine director da rede Pobre Juan, o premiado sommelier Diego Arrebola, com cerca de 270 rótulos de todo o mundo. Por aqui o sommelier responsável é o Ricardo Paulista, ex-Expand, que tem profundo conhecimento dos vinhos e de suas harmonizações e que certamente deixa qualquer cliente à vontade para chegar à melhor escolha.

E a primeira pessoa que se encontra ao chegar ao Pobre Juan é a bela hostess Daniele Lopes, já com experiência na área e que sabe receber como ninguém, oferecendo a primeira boa impressão a quem chega ao local.

Carnes mais que nobres

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O cardápio é uma perdição. De pronto chega o couvert (R$ 13,90), que é opcional tanto quanto o couvert artístico (R$ 7,90) para músicos que alternam escalas de quarta a domingo, tocando, cada um na sua, conforme o dia, jazz, blues, pop rock e Bossa Nova.

Entre as entradas (e saladas), a que chamou a atenção foi o Carpaccio de Ojo del Bife (R$ 37,90), que são finas lâminas do ojo del bife (o miolo do contrafilé), com molho de mostarda de Dijon, rúcula e lascas da queijo parmesão. A perfeita marmorização da carne faz com que os pedaços praticamente se desmanchem na boca. Ótima pedida para começar. De preferência com uma taça borbulhante.

Entre as carnes há os clássicos, como Bife de tira, Bife ancho, Ojo del bife ancho, Bife de chorizo, Top sirloin, Vacio, Assado de tira e T-Bone, apenas para citar alguns. A maioria deles com dois tamanhos, de 300g e de 400g, com preços entre R$ 59 e R$ 80, para os dois pesos.

Há aqueles considerados cortes nobres pela casa. Como o Monumental Prime Rib (R$ 99,90), uma considerável peça de 700g (com osso, mas de carne tem garantido mais de meio quilo) de atrair a partir do visual. Ainda, nesta classificação, estão o Tapa de Cuadril, o Carré de javali e o Carré de cordeiro. Um pouco maiores, para compartilhar, o Pampeano (corte alto e alongado do bife ancho), o Porterhouse (corte especial de contrafilé e mignon separados por osso) e a Paleta de cordeiro (que tem o charme de ser acompanhada por uma panelinha de legumes assados no forno).

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O que me chamou a atenção foi o Bife Pobre Juan (300g, R$ 80,90; 400g, R$ 92,80), que é uma exclusividade da casa. Trata-se de um corte especial do Bife ancho, muito marmorizado e, por isso mesmo, macio e saboroso.

Pensa que acabou? Nada disso. Há ainda outra classificação, a dos Especiais. E aí, meu amigo, pode se preparar. Tem o Ojo del bife ancho (R$ 75,90), o Top sirloin (R$ 68,90) – que tem no acompanhamento uma mousseline de batatas aromatizada com trufas -, o Entrecôte e frites (R$ 75,90) e até um peixe, o Seabass citron (R$ 86,90). E não é um peixe qualquer. É um peixe do Oceano Pacífico, muito encontrado na vasta costa do Chile, que, para nós, é conhecido como merluza negra, mas muito raro em nosso mercado. Tem uma carne um pouco mais gordurosa e por isso se dá muito bem grelhado. Aqui, é servido com molho cítrico, crispis de alho-poró e aspargos grelhados.

Mas, voltando às carnes, é essa página do cardápio em que está a joia rara, o Wagyu striploin, o corte especial do contrafilé do gado Wagyu, originário de Kobe (Japão), com marmoreio na classificação 8+ – top dos tops. Vem à mesa numa peça de 200g, acompanhado de purê de abóbora japonesa e custa R$ 179,90. Vale cada centavo.

Os acompanhamentos são escolhidos à parte, e vão desde a panelinha de vegetais já citada, ao Arroz Biro Biro, passando pela cebola assada, pelo palmito pupunha (na brasa), farofas (de pistache, Pobre Juan e de ovos), purê de mandioquinha e banana à milanesa. E um especial, bem ao gosto dos argentinos e especialidade da casa: Papas soufflé (R$ 23,90), batatas finamente laminadas, em formato oval, fritas e estufadas. Ficam como massa folhada de tão delicadas.

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Há, sim. Há outros peixes (salmão e namorado), uma massa e dois risotos, para possíveis dissidentes da carne vermelha.

Na sessão de sobremesas, um Flan de doce de leite, uma Pana cotta de baunilha com calda de frutas vermelhas (baunilha mesmo, com as sementinhas aparentes e o sabor inconfundível) e os tradicionalíssimos Churros com doce de leite, , com o doce de leite Havanna, considerado um dos melhores da Argentina.

 

Curitiba ganha um ótimo restaurante, comprovando por aqui o bom nome já construído lá fora. Somando o bom nome da rede, a matéria prima de primeira, os cuidadosos conceitos aos profissionais gabaritados que a cidade já conhece, só poderia dar nisso: um restaurante que dá vontade de voltar sempre.

 

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Pobre Juan

Pátio Batel – Piso L1

Avenida do Batel, 1.868 – Batel

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Fone: (41) 3020-3670

 

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