No ano passado o Bom Gourmet deu a letra: tem cogumelo Porcini sendo produzido no Brasil. Mais especificamente na Serra Catarinense, em Otacílio Costa, na Fazenda Bunn (confira aqui). Era a primeira leva que surgia, tempos depois de a proprietária da fazenda ter espalhado alguns esporos trazidos da Europa. E assim, aos poucos, foi sendo iniciada a comercialização, a princípio apenas com venda direta, remetendo aos possíveis interessados.
Curiosa e coincidentemente o porcini foi assunto durante o jantar que marcou o lançamento do cardápio de inverno do La Varenne (sobre o qual escrevi aqui). Os chefs da casa tinham programado uma surpresa aos convidados, executando alguns pratos com os cogumelos frescos vindos de Santa Catarina. Só que foram impedidos pela greve geral, seguida da greve dos Correios. Os cogumelos estavam disponíveis desde o sábado, mas só puderam ser retirados na terça-feira. Estragados, evidentemente. E não houve a tal surpresa.
Mas pelo menos a lamentação pelo infortúnio serviu para saber que em breve haverá pratos com cogumelos Porcini frescos no menu do restaurante.
Até essa conversa a informação era a mesma: há porcini em Santa Catarina, mas só vendidos em contato direto com o produtor. Até que um passeio pelo Mercado Municipal de Curitiba (onde sempre passeio, há sempre surpresas prazerosas em cada cantinho) me mostrou não mais ser assim. Exposto ali na geladeira da banca estava lá o tal Porcini de Santa Catarina. Lindão, bonito como só o porcini fresco sabe ser.
O preço? Salgado, claro, R$ 400 o kg (um cogumelo pesa em torno de 100g). Caro por ser caro, principalmente na comparação com outras variedades de cogumelos à venda por aqui. Mas não por ser Porcini, pois o preço dele seco, no mesmo mercado municipal, está em torno de R$ 380 o kg. Ou seja, praticamente a mesma coisa, com a diferença enorme de sabor entre um e outro.
É para poucos, claro. Como a vieira canadense, por exemplo, vendida a R$ 700 o kg, mas sem comparação com as demais. É para eventos ou menus especiais, para quem faz questão do sabor e não se importa em pagar por isso. Ou haddock ou Pata Negra, iguarias assim, fora do contexto normal.
A única questão a ser considerada é o sabor dele na comparação com seu parente italiano. Por mais tenham a mesma origem, pode haver alguma influência de terroir e de clima na formação de um ou de outro. Como, por exemplo, a grande diferença entre a uva Malbec original da França com a que migrou para a Argentina. Parecem uvas distintas.
Como só vi na vitrine, não experimentei e logo me apressei em fazer o registro, fica aqui a curiosidade em torno da admissível comparação. Mas pelo menos todos já sabemos ser possível encontrar cogumelo Porcini fresco para vender em Curitiba.
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