Jamais me esqueci daquele sabor. Foi numa viagem pelo interior da Espanha, parada em Salamanca. E eu, sempre ansioso por novas experiências gastronômicas, interessado em saber o que se comia por lá, não me fiz de rogado e saí perguntando. “Rabo de toro en todos los sentidos” – foi o que me respondeu o rapaz do hotel, indicando nomes de alguns restaurantes que serviam todas as possíveis variações.
Não me lembro qual critério escolhemos, mas fomos parar no Cala Fornells, definido como “restaurante & arrocería”, com interessantes variações de paellas e arrozes. E como o carinha do hotel havia falado em “rabo de toro”, foi esta a minha escolha.
Rabada, para nós brasileiros. Mas servida não exatamente da maneira como conhecemos e sim desfiada e com alguns pedaços, misturada ao arroz, que vinha bem úmido. Tanto que o prato se chamava “Arroz meloso de rabo de toro y trigueros”, também com alguns nacos de aspargos (os tais trigueros).
Ficou na memória gustativa, mas, devo reconhecer, havia apagado da memória principal. Quer dizer: quando falo do prato me vem o sabor de imediato, mas fiquei um bom tempo sem lembrar dessa experiência gastronômica. Até ser despertado pelo novo cardápio do Restaurante Olivença. O “Arroz rabo de toro” está lá. Com uma consistência um pouco diferente (há muitas variações na Espanha), um pouco mais enxuto, quase lembrando, no visual, o nosso Arroz carreteiro. Vem também a rabada entre o padrão desfiada e em pedaços, alguns cubos de toucinho, mais especiarias e legumes. E o resultado é muito bom, com um preço que me chamou a atenção: R$ 38, bem servido para uma pessoa.
Mas não é esta a única estreia no cardápio do Olivença, que em seus quatro anos de existência pouco havia mexido no menu original, concebido pelo chef português Hélio Loureiro. Há um novo petisco (tapa) e outros três pratos, todos eles com apelos de frutos do mar.
O petisco são os Pinchos de atún y setas (R$ 29), uma espetada de atum selado com cogumelos e limão, com geleia de pimenta. Uma boa dica para entrada ou happy hour.
O Mero fresco y vinagreta de mejillón é preparado com posta de garoupa grelhada regada com azeite de limão e servida com arroz de açafrão, pisto espanhol (tradicional refogado de legumes) e vinagrete de mariscos. Serve duas pessoas e custa R$ 118. Os Pulpos en el tablero vão à mesa numa tábua, que apresenta os polvos grelhados finalizados com azeite de salsa, acompanhados de tomates e pequenas cebolas confitadas, grão-de-bico salteado com toucinho, azeitonas e tem como acompanhamento shots de gaspacho (isso mesmo, a famosa sopa fria de tomates espanhola, no copinho, para beber). Preço: R$ 138, porção para duas pessoas.
O que mais me encantou desses pratos do mar foi a Pasta negra com vieiras, gambas y pulpo (R$ 77), que tem como ponto alto a massa fresca e artesanal, preparada com tinta de lula – para adquirir a cor e sabor característicos – e que é produzida toda no restaurante C La Vie, do mesmo grupo, sob a responsabilidade do talentoso chef Giuliano Secco. A massa é macia, agradável, de sabor próprio, e vem com camarões, rodelinhas de polvo e vieiras, todos eles salteados com vinho branco e finalizados com tomatinhos, azeite de oliva Esporão e gotas de limão galego.
Os pratos agregados ao cardápio tradicional foram todos concebidos após sucessivos encontros entre a chef titular da casa, Fernanda Santos, o já citado Giuliano Secco, e o restaurateur Raphael Zanette, proprietário do Grupo Vino! e profundo conhecedor da gastronomia ibérica (como de resto de outros países europeus), junto com a equipe do Olivença.
O resultado não poderia ter sido melhor. Show!
Olivença Cozinha Ibérica
Rua Teixeira Coelho, 255 – Batel
Fone: (41) 3016-9988
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