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Não vou dizer que tenha me espelhado nele, há outras referências também, mas que talvez venha a ser a principal fonte de inspiração, devo admitir. Desde meus primeiros tempos que me conheço por gente, sempre gostei de cozinhar e quando parti para a carreira jornalística compatibilizei as duas coisas, mas sem tirar proveito profissional.

A não ser por necessidade, que foi justamente na primeira vez que encontrei Sílvio Lancelotti ao vivo. Foi na Copa do Mundo da Itália, em 1990, para a qual viajamos com dinheiro curto e me vi obrigado a aplicar os meus ainda limitados conhecimentos de cozinha. Uma refeição para cinco (nossa equipe) feita no fogãozinho embutido no guarda-roupa do apart-hotel custava algo em torno de US$ 15, contra US$ 35, individual, de qualquer trattoria de Turim ou de qualquer cidade-sede de jogos do mundial (sim, não é só aqui que os preços sobem durante a copa, pois eles têm de compensar a fuga dos verdadeiros turistas, que são os que gastam, mas se afastam prudentemente dos sempre barulhentos torcedores, sejam de que países forem).

Então, já em Roma, Brasil desclassificado pelo gol de Caniggia para a Argentina, certo dia encontrei Lancelotti na redação do Centro de Imprensa, onde os jornalistas de todo o mundo centralizavam seus trabalhos (hoje já não mais ou nem tanto, com internet avançada). Cheguei e me apresentei, contando ser um jornalista do Paraná que também gostava de cozinhar e coisa e tal. E aproveitei para tirar uma dúvida de um determinado ingrediente indicado para uma receita que não consegui descobrir o que era: Rosmarino. “É alecrim” – ele me disse, muito simpático e receptivo. Perguntou-me qual era a receita, deu alguns palpites e, nos dias seguintes, sempre conversávamos sobre alguma coisa.

Ficou sabendo um pouco de mim. Muito pouco pelo tanto que já sabia dele, pois, consumidor ávido de publicações gastronômicas, acompanhava seus artigos na revista Gourmet, dos anos 80 (tenho várias delas até hoje). Ganhei de minha mulher, naquela época, “O Livro dos Molhos”, escrito por ele e lançado em 1984, com mais de 300 receitas de molhos diferentes, entre frios e quentes, dos básicos aos mais ousados.

Colunista de jornal (ah, tenho a receita do “verdadeiro Stroganov”, publicado na Folha de São Paulo, naquela época), Lancelotti se dividia entre a gastronomia e o esporte e eu sempre achava que seria uma combinação que também para mim poderia dar certo. Nunca forcei, demorou um bocado, mas hoje eu me vejo com os mesmos parâmetros (guardadas todas as proporções, espero que me entendam). Acabo de completar 44 anos de jornalismo esportivo e já estou há 12 brincando de escrever sobre comidinhas. E com uma vantagem, que é a que ele tem sobre outros que apenas escrevem, mas não cozinham: também mexo nas minhas panelas.

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No Salumeria

Fiz o que deveria ser uma breve introdução (mas não resisti e fui escrevendo) para dizer que Curitiba tem uma rara oportunidade nessa semana de poder receber Sílvio Lancelotti. Para cozinhar e conversar. Ele estará por aqui ao lado do chef Paulinho Pecora (consagrado nos eventos de São Paulo e que é um avião na internet, especialmente no twitter, por onde arranjou, certa época, concorridíssimas feijoadas com participantes de várias cidades do Brasil), para apresentar um cardápio bem descomplicado e saboroso no Salumeria Ristorante, por três dias consecutivos, de quarta (18) a sexta-feira próximas.

Juntos, vão fazer receitas clássicas e explicar como são seus contextos originais de produção. De mesa a mesa, em pequenas palestras, pretendem desmistificar os erros que são cometidos comumente na execução destas receitas. No cardápio, pratos clássicos e simples. De entrada, Caponata com pane nostro. Como primeiro prato, proposta de um dueto de massas, entre o Spaghetti alla carbonara e o Spaghetti alla bolognese. A seguir, Secondo piatto i contorni, com um Scalope di vitello alla milanese con insalata. De sobremesa, Galete di frutti con gelato alla vanilla.

O valor por pessoa será de R$ 100 para o cardápio completo, sem as bebidas. Mas a casa também propõe uma harmonização com vinhos para cada prato, com mais R$ 100. Há privilégios para quem quiser jantar no balcão em frente à Cozinha de Vidro, um belo cantinho no qual os chefs podem interagir diretamente com os clientes enquanto cozinham. Serão quatro por noite, com preferência para os primeiros que se manifestarem. O valor ali será diferenciado, R$ 150, com os mesmos números para quem desejar harmonização com vinhos.

Serão três noites inesquecíveis, pode apostar. Lancelotti e Pecora são duas figuras falantes, alegres (italianos, sim), que elevam o astral de onde quer que estejam. E certamente assim será nesses encontros do Salumeria. Aliás, eles garantem estarem abertos para qualquer conversa além dos pratos e dos temperos. Futebol, música, seja lá o que for. Será tudo muito saboroso, muito divertido.

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Salumeria Ristorante Enogastronomia

Rua Jaime Reis, 216 – São Francisco

Fone: (41) 3049-5501

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