O desejo era de um Spaghetti alle vongole, que está entre nossos pratos favoritos em casa (já publiquei até uma imbatível receita da Sophia Loren). Aí verifico o mercado e não encontro. Em uma peixaria até que havia, congelado, ainda com casca. Mas aí fiquei pensando em como ele se abriria durante o cozimento. Pois a concha abre exatamente pelo fato de o bichinho estar vivo lá dentro, soltando aquele tantinho de água do mar ali retida.
Fui ao Mercado Municipal consultar meu, digamos, “assessor para assuntos marítimos”, o Paulinho Mozer, da Pescados Keli Mozer. Não é época de vôngole (ou bacucu ou berbigão)? Não – foi o que ele me respondeu, explicando, que, inclusive, quem for apanhado comercializado as conchinhas corre sério risco de ser multado e processado. Agora é o período de reprodução e por isso o que tem a venda são os moluscos fora da casca, descongelados.
Fiquei pensando no assunto, mas decidi: vai assim mesmo. Porque me lembrei de uma passagem da nossa Confraria do Armazém, lá em seus primórdios, quando a brigada de plantão se preparou para fazer o prato original e quem trouxe a encomenda de Santa Catarina apresentou os berbigões exatamente como agora, sem a concha. Aí um confrade, José Aristides Loureiro (saudades desse cara em nosso grupo), deu um jeito e apresentou um prato que, se não se aproximava dos sabores originais, pelo menos ficou muito gostoso. Contei essa história aqui, há dez anos, no extinto O Estado do Paraná – embora o site do Paraná Online não abra mais direito, excluindo as fotos. Mas o texto está lá, para quem se interessar.
O prato é simples e realmente muito gostoso. Como os berbigões já vêm cozidos, é só dar uma passadinha na manteiga, enquanto prepara um molho praticamente tradicional de tomates – o que seria feito para servir com uma massa no dia a dia. Depois mistura tudo e o resultado final é compensador.
Foi nosso jantar de sábado, acompanhado de um Sauvignon Blanc que foi um belo achado, o orgânico chileno Emiliana Adobe Reserva Sauvignon Blanc – da Vinícola Emiliana, do Valle Casablanca – de perfume bem fresco, chamando pelas frutas cítricas e com alguns toques herbáceos. E tudo se repete também no sabor. Está com ótimo custo/benefício na Casa da França. Combinação perfeita.
Quer a receita? Então lá vai.
Bom proveito, bom apetite!
Spaghetti alle vongole sem concha
Com base em receita original de José Aristides Loureiro, da Confraria do Armazém
½ kg de vôngole
500 g de spaghetti
2 cebolas, picadas
5 dentes de alho, amassados e picados
2 ramos de salsão, raspados e picados
1 ramo de manjericão (retirando as folhas, mas pondo o galho pra retirar depois)
8 tomates, sem pele nem sementes, em pedaços
12 tomates-cereja
queijo parmesão
salsinha picada
Preparo
Passe o vôngole na manteiga e reserve.
Faça o molho de tomate (refogue a cebola, o alho, o salsão e o manjericão no azeite de oliva e acrescente o tomate, deixando cozinhar por 20 minutos) e acrescente o vôngole.
Cozinhe por mais 15 minutos. Junte os tomates-cereja e dê uma rápida refogada.
Cozinhe o spaghetti al dente, de acordo com o tempo sugerido na embalagem, e acrescente ao vôngole. Sirva em seguida, polvilhando com salsinha e queijo parmesão.
Rendimento: 4 porções.
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