Queijos suaves com vinho tinto? Acho que não, mas a grande maioria pensa assim.
Lembro-me de antigos restaurantes que promoviam dias especiais de Queijos & Vinhos e tinha até um com esse nome, ali no Largo da Ordem, no porão do antigo prédio da Fundação Cultural de Curitiba.
E o que serviam? Alguns dos queijos mais tradicionais – brie, camembert, roquefort, gouda, gruyère, o que fosse – chegavam à mesa com algumas taças e uma garrafa de vinho... tinto.
Para aqueles leigos, dentre os quais eu me incluía, parecia até interessante. Porque não havia ninguém que pudesse contestar aquela proposta ou orientar um possível melhor caminho. E tem gente que até hoje pensa assim e faz a festa.
Vamos raciocinar juntos. Queijo é delicado, são sabores sutis na sua maioria e a tendência é dar certo com vinhos de sabores mais leves. Como os brancos e até alguns rosés. Há exceções, claro, como os azuis, que vão bem com vinhos adocicados (ou até fortificados), de sobremesa. Com vinho tinto... talvez um parmesão? Porque provolone, ao que se saiba, não harmoniza com vinho algum. Daria para arriscar alguma cerveja, quem sabe?
É o mesmo que acontece no consumo de pizzas. Quase todos pedem vinho tinto, para combinar com... queijo (e aí a história se repete). A pizza requer tinto em alguns casos raros, quando tem algum tipo de carne na cobertura. Calabresa, presunto cru ou até mesmo aquele presunto que vai na pizza portuguesa. Fora isso, branco, branco e branco.
Quem explica muito bem sobre essa química toda que vem sendo conduzida errada através dos anos é a sommelière Thays Ferrão, uma das nossas referências nessa deliciosa arte de combinar sabores. Já tive a oportunidade de assistir algumas de suas aulas/palestras sobre o tema e achei deliciosas, principalmente com o espanto das pessoas com o resultado da combinação de cada vinho com cada queijo.
Ela não só explica, como demonstra os efeitos de cada alquimia até que todos se convençam do melhor ajuste entre as partes. E isso vai acontecer neste fim de semana, no próximo sábado (10), na próxima Roda de Vinhos da Grand Cru, das 10h30 às 11h30, para aqueles interessados na questão.
Serão, ao todo, três vinhos: um Pinot Grigio Italiano, um Syrah do Rhône (França) e um Porto. Para harmonizar, vai sair um pouco dos queijos tradicionais para apresentar alguns bem brasileiros, artesanais (ou quase), que podem cumprir bem a função de diferenciação entre um e outro. Um deles será o paranaense Colonial Sítio Aliança (Santana do Itararé) – premiado no ano passada pela Embrapa - e os três outros mineiros, o PAM - Q. Minas Artesanal 12 meses de maturação (Patos de Minas), o Queijo do Serro Fazenda Bom Sucesso/Chokitu (Serro) e o Canastra Real (São Roque de Minas, microrregião Canastra).
Esses queijos são comercializados pelo Francisco Mesquita, o Chico Mineiro ou Chico Queijo, que faz um belo trabalho de resgate dessas preciosidades. Já pude provar alguns deles e são realmente fascinantes.
E então, reunindo o teórico à prática de bons sabores, esse encontro da Grand Cru será uma ótima oportunidade para as pessoas entenderem um pouco mais da harmonização entre queijos e vinhos.
A inscrição não tem custo, mas é bom se adiantar, pois a procura tem sido muito grande.
Pode apostar que vai ser um divisor de águas (ou de sensores) a cada um que estiver presente a essa aula/palestra da querida Thays Ferrão.
Grand Cru Curitiba
Rua Desembargador Otávio do Amaral, 515 – Bigorrilho
Informações e reservas: (41) 3501-9591
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