Foi paixão à primeira vista. Ou, parodiando o comercial, à primeira mordida.
Um coquetel no Hotel Rayon me deixou encantado. O que eram aqueles finger foods tão delicados e diferentes que desfilavam à nossa frente mexendo com sabores, formatos e texturas? Aí vem alguém e me diz ser tudo responsabilidade de uma moça de 24 anos, Manoella Buffara, jornalista que decidiu se dedicar à cozinha. Uma moça de aquela idade assumir cargo de tamanha responsabilidade em um dos hotéis mais importantes de Curitiba deveria mesmo ser acima da média. Era mesmo.
Só sei que consegui articular para conhecer um pouco mais da jovem chef, pratos de um jantar, talvez. Deu certo e ela foi impecável de novo. Entusiasmado, escrevi na ocasião: “Ela vai promover uma revolução na gastronomia curitibana. E chamar a atenção daqueles gourmets que ainda acreditam ser possível encontrar novos sabores e novas texturas à mesa. Com Manu Buffara, sim, é possível.”
E saí correndo contar para os amigos mais próximos, alguns deles companheiros da bancada de jurados da Revista Gula. Dali alguns dias sairia a relação dos melhores daquele ano e a moça já entrou direto para a indicação de revelação da temporada. Com todos os méritos.
Tempos mais tarde foi convidada a participar da uma das reuniões de nossa Confraria do Armazém e nos retribuiu com um jantar inesquecível – um dos melhores momentos gastronômicos que já vivi até hoje. É que ali Manu estava completamente solta e liberada para cozinhar e fazer o que bem entendesse, o que sua inspiração indicasse, cozinhando para gourmets e gourmands e não enfaixada pela necessidade de atender às restrições de clientes comuns ou hóspedes do hotel.
Aquele jantar foi o embrião do que um dia viria a ser o seu próprio restaurante, inaugurado no ano passado. Mais precisamente há exato um ano, data a ser comemorada na próxima quinta-feira (26) em reunião com amigos e alguns dentre os principais clientes. E nesse primeiro ano Manu já foi premiada com o título nacional de Chef Revelação Nacional pelo Guia 4 Rodas 2012 e entrou para o exclusivo rol dos cinco chefs 5 estrelas de Curitiba, na escolha dos jurados da Gazeta do Povo. E seu restaurante, o Manu, foi eleito pelos jurados da Revista Veja como a Melhor Cozinha Contemporânea de Curitiba em 2011. Tudo no atropelo, de uma vez só.
Menu degustação
Manu Buffara introduziu em Curitiba o menu-degustação. Já houve outras incursões pelo tema, mas apenas em eventos tradicionais. No duro, no cardápio direto do restaurante, ela foi a corajosa de sugerir o estilo aos seus clientes. No início ainda havia uma ou outra opção a la carte – para o pessoal se acostumar. Depois, com o tempo e a renovação dos cardápios, só as opções de tamanhos de seu menu-degustação.
Estive lá no fim do ano e no atropelo das festas, virada, praia, viagem fui deixando para trás e não registrei aqui. O primeiro aniversário da casa me permite agora voltar ao apetitoso assunto – mesmo que o cardápio já tenha sido alterado duas vezes depois disso, pois com ela é assim mesmo, irrequieta do jeito que é.
Eram três os cardápios da ocasião. O “Brillant Savarin” tinha dez itens e custava R$ 76, com harmonização de vinhos a R$ 58.00 (mas dá para escolher o próprio vinho, claro). O “Sem Limites”, com doze itens, saía por R$ 90 e harmonização a R$ 72. O “Simplesmente original” propunha 16 itens, a R$ 121, harmonizado com mais R$ 89.
Mas, curioso e guloso, decidi pelo “Menu às escuras”, por conta da criatividade da chef – a R$ 162, com harmonização a R$ 128. E agora vamos passear juntos pelos pratos que chegaram à mesa.
A chegada de uma taça do champagne Veuve Clicquot anunciava que os snacks estariam começando a passear pela mesa.
Aí começaram a vir os pratos, começando pelo mar e terminando na terra. A cada prato mundava a harmonização do vinho. Confira cada um deles.
E finalmente (horas depois sem que não se visse o tempo passar) chegou o momento dos queijos e da sobremesa.
Algumas observações pertinentes.
Nos primeiros tempos do Manu havia um desequilíbrio entre os pratos, que não atingiam uma harmonia plena, que hoje está bem próxima do ideal. Diferença significativa na textura e no ponto das carnes vermelhas, que nas primeiras vezes sempre estavam acima do ponto clássico exigido pelo prato. Desta vez não houve um escorregão sequer. Ainda há algum atrapalho na sincronia entre os pratos e os vinhos, mas já está bem melhor do que na fase de adaptação dos funcionários, quando pratos tinham de aguardar pelo vinho harmonizado ou vice-versa.
O único porém foi no momento do pagamento da conta. Como o menu era inteiramente surpresa, o (eu) cliente imaginou tratar-se de um preço fechado, incluindo todos os pratos e os vinhos. Veio uma surpresa: os snacks não faziam parte do pacote e foram cobrados à parte. Estavam deliciosos, como de resto o jantar todo, mas assustaram na soma final.
Mas tudo bem, nada que não seja superável ou corrigível. Importa é que o Manu chega a seu primeiro aniversário em alta, ousando mais e querendo mais, com expectativa de receitas explosivas (literalmente ou não) para esta segunda temporada que agora se inicia.
Restaurante Manu
Alameda Dom Pedro II, 317 – Batel
Fone: (41) 3044-4395
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