Imagine poder tomar um legítimo Tacacá sem precisar ir a Belém. Não que não valha a pena ir até lá, mas nem sempre temos disponibilidade de tempo e dinheiro para viajar tão longe no Brasil.
Mas agora é possível, bem aqui pertinho, do lado do Mercado Municipal de Curitiba. E não só tacacá, mas inúmeros outros sabores da Amazônia, sem nenhum aditivo ou adaptação. Como o açaí, por exemplo, que é puro, sem mistura de guaraná ou outro produto qualquer que distorce o sabor original.
É uma lojinha, uma portinha na Rua da Paz. E, a princípio, servir ali nem era ideia das proprietárias, Sueli Rezende e Natasha Saliba (mãe e filha, paraenses, evidentemente), que, há quatro meses, pretendiam apenas abrir um empório, com a distribuição de produtos exclusivos de exóticos da Amazônia em Curitiba.
Mas o empório VER-O-PESO da Amazônia foi além, pois os clientes começaram a chegar e a pedir, clamar, implorar pela possibilidade de consumir no local. E assim, aos poucos, com um fogão lá no fundo, alguns petiscos passaram a ser feitos (ou finalizados) ali e servidos no local.
Como a Unha de caranguejo, que custa R$ 20, é frita na hora e tem sabor inesquecível para quem prova. Também prato típico lá da Amazônia, a unha tem como recheio a parte carnuda de uma pata de caranguejo-uçá e, envolvendo esse recheio, vem uma camada farta da massa que leva carne de caranguejo bem temperadinha e batata cozida espremida, ficando pra fora a ponta da carapaça, com jeito de unha. Que é exatamente o cabinho para segurar e comer o restante. A massa quase sempre é de batata (como das coxinhas normais), mas esta elas não conseguem precisar, pois vêm prontas do Norte e só são finalizadas e fritas na hora. E as bandejas também são comercializadas, para quem quiser esnobar e fazer em casa. Os preços variam conforme a estação, as condições do tempo e outros fatores, como o defenso, por isso normalmente os produtos vêm congelados. Mas a bandeja custa em torno de R$ 100 (pode ser mais ou menos), com cinco unhas para fritar em casa.
Aliás, desse caranguejo amazônico têm mais opções. Como a Patola e a Massa. Patola está claro, é a pata maior do caranguejo, vem congelada em bandeja com mais ou menos 500g e custa em torno de R$ 70. Já a massa é a carne desfiada do caranguejo catado, que vem em bandeja de (mais ou menos) 500g ou 1 kg ao preço variando em torno de R$ 105 o kg.
O paraíso dos chefs
Pouco depois de abrir, a pequena portinha foi descoberta por dois dos chefs de cozinha mais importantes de nosso meio, Manu Buffara e Lênin Palhano. Que foram os primeiros e começaram a provar e a comprar os produtos para compor pratos em seus restaurantes (depois vieram Junior Pereira, do Espaço Torres, Eudemar Cavalcanti e Iracema Bertoco, do Centro Europeu). Como o tucupi, por exemplo, que é comercializado ali. É feito como manda a regra, do sumo da mandioca brava, ao contrário de outros que são produzidos e comercializados por aqui, que são feitos da nossa mandioca normal. A diferença é sensível, os chefs constataram e ficaram fregueses.
Mas a loja também tem a Maniçoba ou a Maniva – feitas com as folhas da mandioca – congeladas. E até o Pato no tucupi, prontinho, congelado, para ser consumido em casa.
Quer mais? Jambu, Camarão seco salgado e Camarão seco salgado para Vatapá (paraense, claro). E os peixes amazônicos, como Filé de Filhote (água doce), Filé de Pescada Amarela, Filé de Pirarucu salgado (que, pela semelhança de sabor, é conhecido como Bacalhau da Amazônia).
Quer mais? Tem. Polpa de Cupuaçu Integral (massa), Polpa de Bacuri Integral (massa), Polpa de Taperebá/Cajá Integral, Polpa de Pitaya, Polpa de Pitaya com Abacaxi, Polpa de Pitaya com Acerola, Farinha de Bragança, Farinha de Mandioca Fina, Farinha de Tapioca, Goma de tapioca fresca, Manteiga de Garrafa de Palma, Cachaça de Jambu Tradicional, Cachaça de Jambu com Cupuaçu, Cachaça de Jambu com Açaí, Cachaça de Jambu com Castanha-do-Pará, Cachaça de Jambu com Bacuri, Molho de Pimenta com Tucupi, Molho de Pimenta de Jambu com Tucupi, Molho de Pimenta de Cheiro do Pará, Molho de Ervas Exclusivas e Cumaru, a semente que é considera a baunilha brasileira.
E açaí, claro. E eu que não gostava. Tudo o que havia provado anteriormente não me representava muita coisa. Tinham gosto de abacaxi, laranja e sei lá mais o quê. Eram as misturas, são as misturas vendidas por aí. O sorvete que açaí que provei era puríssimo, delicioso, nada daquilo que se prova por aqui. E ainda tem de Tapioca, Bacuri, Cupuaçu, Castanha-do-Pará, Uxi e Graviola.
Aliás, chegaram também os picolés, a R$ 10 a unidade. De Tapioca, Açaí, Cupuaçu, Bacuri (que sabor incrível!), Paz e Amor (Açaí com tapioca), Taperebá e Uxi.
Perguntei sobre aviú, o micro camarão da Amazônia, que um dia foi protagonista de inesquecível jantar do chef Ivan Lopes, no Mukeka (confira aqui). Garantiram que, se tiver saída, pode ser encomendado.
Como qualquer outro ingrediente ou insumo amazônico, vindo diretamente do Pará, fazendo com que a gente se sinta como se estivesse por lá. Afinal, acho que dá para dizer – sim, claro, caindo na frase feita – que um cantinho da Amazônia está exatamente aqui ao lado, do outro lado da rua do Mercado Municipal. Como se fosse aquele incrível Ver-O-Peso de Belém, de onde nunca se tem vontade de sair.
O Ver-O-Peso daqui funciona de terça a domingo, encaixando nos horários do Mercado Municipal, ou seja: terça a sábado, das 9h às 18h. Domingo, das 9h às 13h.
Ver-O-Peso da Amazônia
Rua da Paz n° 665, loja 1 (Em frente ao estacionamento do Mercado Municipal)
Fone: (41) 9 9981-7689
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